O aparecimento de um eu dizendo “nova ordem mundial”, ou seja, de um capitalismo “globalizado” fundado sobre o assalariado precário e o desmantelamento do Estado social teve por efeito fragilizar, pauperizar e marginalizar largas fracções das camadas populares. Perante as desordens “locais” daí decorrentes, nomeadamente sob a forma de violência, de incivilidade e de insegurança, qualificadas indevidamente de “urbanas”, como se a “cidade” explicasse a sua aparição, os poderes públicos põem em prática inumeráveis dispositivos de “pacificação” que contam com os contributos do urbanismo e da arquitectura. É o caso do espaço público cuja reconfiguração deve, por sua vez, dissuadir o novo “inimigo interior” de passar à acção e, no caso em que ele actua, facilitar a repressão, confirmando assim a ligação entre ordenamento urbano e manutenção da ordem social.FCT - Fundação para a Ciência e a TecnologiaMinistério da CulturaInstituto Português do Livro e das Biblioteca