O comportamento humano em caso de incêndio tem um forte impacto no risco, sendo o reconhecimento desse facto a existência de dezenas de estudos sobre esta matéria e de diversos modelos de evacuação de edifícios que pretendem simular esse comportamento. Em muitas situações, esse comportamento dependerá, em grande medida, do que os ocupantes esperam que ocorra e isso é claramente influenciado pela envolvente do local onde se encontram. Assim, a análise e a previsão do comportamento humano na resposta a uma situação de incêndio implicam o estudo de um sistema complexo constituído pelas pessoas, pelo edifício e seus meios de segurança e pelo tipo de incêndio. A evidente dificuldade de aquisição de informação fiável sobre o comportamento em caso de incêndio decorre da quase impossibilidade de reproduzir as condições com que as pessoas são confrontadas. Com vista a minimizar essa dificuldade, neste trabalho de investigação, estabeleceu-se uma metodologia para aquisição de informação através de 4 tipos de inquérito de incêndio destinados a pessoas distintas (pessoas que viveram uma situação de incêndio, pessoas que participaram em exercícios de evacuação, pessoas no geral e bombeiros que estiveram envolvidos). Os dados obtidos através dos inquéritos foram analisados estatisticamente evidenciando tendências de comportamentos. Com estes resultados, foi criado um perfil tendencial de ocupantes, tendo sido inserido este perfil no software Pathfinder para averiguar as diferenças no tempo de evacuação em 5 arquiteturas distintas. As simulações vieram mostrar que o tempo total de evacuação é fortemente dependente do perfil tendencial dos ocupantes criado (tempo de decisão, bem como o tempo referente à realização de tarefas influencia em muito o tempo total de evacuação). Além disso, verificou-se também que no caso de existência de vias verticais, a influência não é tão acentuada. O uso de modelos de evacuação sem o conhecimento dos comportamentos dos ocupantes poderá conduzir a resultados que em nada reflitam a realidade.Human behaviour in case of fire has a strong impact on risk, the recognition of this fact is the existence of dozens of studies on this subject and several evacuation models which aim is to simulate that human behaviour. In many situations this behaviour will depend, to a large extent, on what the occupants expect to happen and this is clearly influenced by the surroundings of the place where they are. Thus, the analysis and prediction of human behaviour in response to a fire situation implies the study of a complex system consisting of people, the building and its safety means and the type of fire. The evident difficulty in acquiring reliable information on fire behaviour is due to the near impossibility of reproducing the conditions which people are confronted with. In order to minimize that difficulty, this research work established a methodology for the acquisition of information through 4 types of fire surveys aimed at different people (people who have experienced a fire situation, people who have participated in evacuation drills, people in general and firefighters who have been involved in fighting a fire in a building). The data obtained from the surveys were statistically analyzed, highlighting behavioural trends. With these results, a tendency profile of occupants was created and inserted in Pathfinder software in order to investigate the differences in evacuation time in 5 different architectures. The simulations showed that the total evacuation time is strongly dependent on the tendency profile of the occupants created. Besides, it was also verified that in case of stairs, the influence is not so strong. The use of evacuation models without knowledge of the occupants' behaviour may lead to results that do not reflect the reality.Tese elaborada com o apoio do Laboratório Nacional de Engenharia Civil para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Civil pela Universidade da Beira Interior
