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Ruralidade(s), campesinato e a construção do conhecimento na extensão popular
Nosso propósito no presente texto é contribuir para o debate sobre a relação entre ruralidade e extensão popular. O artigo desdobra-se em um duplo objetivo: primeiramente, realizar um brevíssimo apanhado sobre conceitos relacionados ao rural, à(s) ruralidade(s), ao campo e ao campesinato. Isso se deve ao fato de termos desenvolvido práticas de extensão popular ao longo dos últimos tempos – prioritária, mas não exclusivamente - no meio rural. Um segundo objetivo refere-se à discussão sobre a relação estabelecida entre sujeito e “objeto/sujeito” no processo de elaboração daqueles conceitos, ou seja, na produção de um conhecimento no âmbito de uma extensão popular. O desenvolvimento do texto se fez num sentido em que que a caracterização do rural, da(s) ruralidade(s), do campo e do campesinato fossem num crescendo de complexidade. Partimos, portanto, de análises em que a relação de um desses conceitos - ou mais de um deles - se fazia de uma maneira que identificamos como linear para, na sequência, irmos apresentando aquelas reflexões em que aqueles mesmos conceitos ganham em complexidade. A complexidade da conceituação desenvolvida não se deveu apenas a um suposto apuramento na construção do conhecimento por parte dos pesquisadores que se debruçaram sobre o tema em questão, mas sim pelo papel de sujeito de conhecimento que passou a ser reconhecido naqueles que antes eram entendidos como meros objetos de pesquisa. Dessa forma, acabamos por atingir o segundo objetivo proposto no início desse texto que é a discussão sobre os papeis desempenhados por sujeito e objeto/sujeito do conhecimento. Somente quando o objeto deixou de ser mero objeto é que o conhecimento pôde aflorar em sua riqueza de um conhecimento coletivamente construído.Tal consideração não nos leva a desconhecer os diferentes papeis dos também diferentes sujeitos do conhecimento. Tratando mais especificamente da produção de conhecimento na extensão popular, dois elementos são fundamentais em nosso entendimento: a) o protagonismo dos sujeitos participantes; b) uma visão crítica e problematizadora decorrente da metodologia da educação popular capaz de garantirsua potencialidade crítica, onde cabe ao conhecimento acadêmico problematizar tanto o conhecimento popular quanto seu próprio conhecimento, além de estar aberto às críticas advindas do conhecimento popular com relação ao conhecimento acadêmico. Não há assim uma mera transferência de informações, mas sim sua construção coletiva e dialógica, posto que calcada em relações horizontais em que os sujeitos participantes reconhecem suas diferenças sem que isso represente o estabelecimento de uma hierarquia de saberes.Sabendo dos diferentes papeis, bem como da novidade que cada um dos polos da relação entre sujeitos do conhecimento representa para o outro, é preciso adotar uma atitude que favoreça à mútua problematização por parte de ambos para que a extensão seja efetivamente popular
Bioeconomia e financeirização dos riscos ambientais: formas capitalistas de enfrentamento da crise ambiental: a crítica
O artigo objetiva realizar uma análise crítica da forma de enfrentamento capitalista da crise ambiental que se concretiza sob a forma de ecologização do capital. Partindo do referencial bibliográfico marxiano e marxista, analisa duas dessas formas de ecologização do capital: a bioeconomia e a financeirização da crise ambiental. A crítica parte da caracterização da crise ambiental do capital e sua analogia com a crise do capital propriamente dita, chegando à definição de ecologização do capital. Na sequência apresentam-se criticamente as formas específicas de ecologização do capital, a saber: bioeconomia e financeirização da crise ambiental. O artigo encerra-se reforçando a apreensão da ecologização do capital tendo por referência sua potencialidade contratendencial à crise capitalista
Capitalismo e Insustentabilidade: ambiente, mercadoria e humanidade
Two major axes have guided the contemporary environ- mental debate: one that makes it from an a-historical perspective in which a generic humanity is related to the nature from which it is di- chotomously separated and another in which a historical and socially contextualized approach is privileged. Despite the differences, both approach the main theme: the question of limits. More specifically, both axes end up restricting their critical reach to the debate about the limits external to capitalism. We propose to make explicit the unsus- tainability of capital from its own internal limits in two closely linked dimensions: an economic unsustainability that manifests itself in cri- ses of overproduction and a human unsustainability that is based on the fetishism of commodity. These two dimensions reveal to us that criticism, in order to be effective, instead of addressing the limits ex- ternal to capital, must focus on the limits that are set by the immanent and contradictory logic of capital.Dois grandes eixos têm pautado o debate ambiental contem- porâneo: um que o faz de uma perspectiva a-histórica em que uma humanidade genérica relaciona-se com a natureza da qual é dicoto- micamente separada, e outro no qual se privilegia uma abordagem histórica e socialmente contextualizada. Apesar das diferenças, ambos aproximam-se no tema de fundo: a questão dos limites. Mais especifi- camente, ambos os eixos acabam por restringir seu alcance crítico ao debate sobre os limites externos ao capitalismo. Propomos a explici- tação da insustentabilidade do capital a partir de seus próprios limites internos em duas dimensões intimamente vinculadas: uma insusten- tabilidade econômica que se manifesta nas crises de superprodução e uma insustentabilidade humana que se fundamenta no fetichismo da mercadoria. Essas duas dimensões revelam-nos que a crítica, paraser efetiva, ao invés de dirigir-se aos limites externos ao capital, deve concentrar-se nos limites que são postos pela lógica imanente e contraditória do capital
Ruralidade(s), campesinato e a construção do conhecimento na extensão popular
Nosso propósito no presente texto é contribuir para o debate sobre a relação entre ruralidade e extensão popular. O artigo desdobra-se em um duplo objetivo: primeiramente, realizar um brevíssimo apanhado sobre conceitos relacionados ao rural, à(s) ruralidade(s), ao campo e ao campesinato. Isso se deve ao fato de termos desenvolvido práticas de extensão popular ao longo dos últimos tempos – prioritária, mas não exclusivamente - no meio rural. Um segundo objetivo refere-se à discussão sobre a relação estabelecida entre sujeito e “objeto/sujeito” no processo de elaboração daqueles conceitos, ou seja, na produção de um conhecimento no âmbito de uma extensão popular. O desenvolvimento do texto se fez num sentido em que que a caracterização do rural, da(s) ruralidade(s), do campo e do campesinato fossem num crescendo de complexidade. Partimos, portanto, de análises em que a relação de um desses conceitos - ou mais de um deles - se fazia de uma maneira que identificamos como linear para, na sequência, irmos apresentando aquelas reflexões em que aqueles mesmos conceitos ganham em complexidade. A complexidade da conceituação desenvolvida não se deveu apenas a um suposto apuramento na construção do conhecimento por parte dos pesquisadores que se debruçaram sobre o tema em questão, mas sim pelo papel de sujeito de conhecimento que passou a ser reconhecido naqueles que antes eram entendidos como meros objetos de pesquisa. Dessa forma, acabamos por atingir o segundo objetivo proposto no início desse texto que é a discussão sobre os papeis desempenhados por sujeito e objeto/sujeito do conhecimento. Somente quando o objeto deixou de ser mero objeto é que o conhecimento pôde aflorar em sua riqueza de um conhecimento coletivamente construído.Tal consideração não nos leva a desconhecer os diferentes papeis dos também diferentes sujeitos do conhecimento. Tratando mais especificamente da produção de conhecimento na extensão popular, dois elementos são fundamentais em nosso entendimento: a) o protagonismo dos sujeitos participantes; b) uma visão crítica e problematizadora decorrente da metodologia da educação popular capaz de garantirsua potencialidade crítica, onde cabe ao conhecimento acadêmico problematizar tanto o conhecimento popular quanto seu próprio conhecimento, além de estar aberto às críticas advindas do conhecimento popular com relação ao conhecimento acadêmico. Não há assim uma mera transferência de informações, mas sim sua construção coletiva e dialógica, posto que calcada em relações horizontais em que os sujeitos participantes reconhecem suas diferenças sem que isso represente o estabelecimento de uma hierarquia de saberes.Sabendo dos diferentes papeis, bem como da novidade que cada um dos polos da relação entre sujeitos do conhecimento representa para o outro, é preciso adotar uma atitude que favoreça à mútua problematização por parte de ambos para que a extensão seja efetivamente popular
Cartografia social e agroecologia: mapeamento participativo da Rede Sabor e Saúde da Serra em Muriaé-MG
This report presents the results of a project on participatory mapping of Rede Sabor e Saúde da Serra (Rede). This Network is made up of agroecological farmers from municipalities in the Muriaé-MG region who sell their products through weekly fairs and also through delivery. Participatory mapping was demanded by the Network itself, in an attempt to spatialize and diagnose the farmers who are part of this collective, identifying their products and territories, showing society the viability of agroecological projects and aiming to strengthen their commercialization. The objective of the project was to carry out a participatory process in this Network, through face-to-face workshops, interviews and the use of geoprocessing techniques, using free Geographic Information Systems (GIS) software. The execution of the project resulted in the production of six location maps of farmers and their production, contributing to the visibility of agroecology and to the dissemination of Muriaé-MG the Network in the region.Este informe presenta los resultados de un proyecto de mapeo participativo de la Rede Sabor e Saúde da Serra (Rede). Esta Red está formada por agricultores agroecológicos de los municipios de la región de Muriaé-MG que venden sus productos a través de ferias semanales y también a domicilio. El mapeo participativo fue demandado por la propia Red, en un intento de espacializar y diagnosticar a los campesinos que forman parte de este colectivo, identificando sus productos y territorios, mostrando a la sociedad la viabilidad de los proyectos agroecológicos y apuntando a fortalecer su comercialización. El objetivo del proyecto fue realizar un proceso participativo en esta Red, a través de talleres presenciales, entrevistas y el uso de técnicas de geoprocesamiento, utilizando software libre de Sistemas de Información Geográfica (SIG). La ejecución del proyecto resultó en la producción de seis mapas de ubicación de agricultores y su producción, contribuyendo a la visibilidad de la agroecología ya la difusión de la Red en la región.Este relato apresenta os resultados de um projeto sobre mapeamento participativo da Rede Sabor e Saúde da Serra (Rede). Essa Rede é formada por agricultores agroecológicos de municípios da região de Muriaé-MG que comercializa seus produtos através de feiras realizadas semanalmente e também a partir de entregas delivery. O mapeamento participativo foi demandado pela própria Rede, na tentativa de espacializar e diagnosticar os agricultores que fazem parte desse coletivo, identificando seus produtos e territórios, mostrando para a sociedade a viabilidade de projetos agroecológicos e visando fortalecer sua comercialização. O objetivo do projeto foi realizar um processo participativo dessa Rede, por meio de oficinas presenciais, de entrevistas e do emprego de técnicas de geoprocessamento, com uso de software livre de Sistemas de Informações Geográficas (SIG). A execução do projeto resultou na produção de seis mapas de localização dos agricultores e de suas produções, contribuindo com a visibilidade da agroecologia e com a divulgação da Rede na região
TRABALHO, CAPITALISMO E ESPAÇO: ENTENDENDO A DINÂMICA ESPACIAL CAPITALISTA
A relação entre sociedade e natureza constitui-se como uma relação técnica e uma relação social, articulando forças produtivas e relações sociais de produção em um modo de produção. Tais relações se dão em determinados espaços e tempos que, por serem marcados por uma processualidade fundada nas contradições sociais configuram-se como espacialidades e temporalidades. O modo de produção capitalista caracteriza-se como uma espacialidade e uma temporalidade constituídas após um período de formação e consolidação. No entanto, sua dinâmica, marcada por contradições, engendra crises que são superadas ainda dentro da lógica de valorização do capital pela expansão da espacialidade capitalista através da incorporação de novos espaços, bem como do aprofundamento da exploração
Potencialidades e limites da territorialidade camponesa agroecológica frente à insustentabilidade do capital
The debate about sustainability has been ruled by different elements over time,
including technical, economic, social, environmental and in the context of the
capital metabolism concerns takes different approaches ranging from reformism
to the processes that link to their resilience. The objective is to verify the limits
of such understandings through a literature search on the subject from work
category understood as a relationship between man and nature and mediated
technique for a given sociability that transforms throughout the historical
processuality.
It appears as if the work has historically effected in capitalist society articulated
to the reproduction of capital through the exploitation of labor power. In the field,
because of uneven and combined development of capitalism, beyond the
extraction of surplus value from the rural proletariat, the ratio of capital and the
peasantry is through the expropriation of peasant land income, which enables
the update of the forms of capital accumulation. Based on different forms of
expropriation of surplus through the exploitation of labor metabolism capital
shows its founding unsustainability.
Opposed to this structural unsustainability of the capitalist mode of production
puts up the metabolism while peasant society and nature work based on the
meaning of coevolution. Contrast that develops as both spatial and class
conflict, characterized as territorial bickering, in which the peasantry can
develop identities of legitimation, resistance or project of overcoming the
capitalist sociability. The limits and potential of agroecological peasant identity
project are checked against farmers and agro-ecological studies based on work
with a sense of coevolution.O debate sobre a sustentabilidade tem se pautado em diferentes elementos ao
longo do tempo, incluindo preocupações técnicas, econômicas, sociais,
ambientais e no contexto do metabolismo do capital assume diferentes
abordagens que vão do reformismo aos processos que apontam para sua
superação. Objetiva-se verificar os limites de tais entendimentos através de
uma pesquisa bibliográfica sobre o tema a partir da categoria trabalho
entendido enquanto relação entre o homem e a natureza mediada pela técnica
e por uma dada sociabilidade que se transforma no decorrer da
processualidade histórica.
Verifica-se como o trabalho tem se efetivado historicamente na sociedade
capitalista articulado à reprodução do capital através da exploração da força de
trabalho. No campo, por conta do desenvolvimento desigual e combinado do
capitalismo, além da extração da mais-valia do proletariado rural, a relação do
capital com o campesinato se dá através da expropriação da renda da terra
camponesa, o que possibilita a atualização das formas de acumulação de
capital. Baseando-se em diferentes formas de expropriação do excedente
através da exploração do trabalho o metabolismo do capital mostra sua
insustentabilidade fundante.
Contrapondo-se a essa insustentabilidade estrutural do modo de produção
capitalista coloca-se o trabalho camponês enquanto metabolismo sociedade e
natureza fundado no sentido de coevolução. Contraposição que se desenvolve
simultaneamente como conflito espacial e de classe, caracterizando-se como
conflituosidade territorial, na qual o campesinato pode desenvolver identidades
de legitimação, resistência ou de projeto de superação da sociabilidade
capitalista. Os limites e as potencialidades de uma identidade camponesa
agroecológica de projeto são verificados com base em estudos camponeses e
agroecológicos fundamentados no trabalho com sentido de coevolução.FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerai
CAPITALISMO, CRISE E DESAFIO SOCIOAMBIENTAL
Estaríamos diante de uma crise terminal do capitalismo ou diante do aprofundamento das potencialidades destrutivas, incluído ampliação da força de trabalho, mercantilização da natureza e até mesmo de guerras imperialistas? Afi rmando a necessidade de entender que o caráter destrutivo é estruturante do capitalismo e não mero sinal de sua crise fi nal, propõe-se uma retomada da luta de classes como potencializadora das formas de superação da sociabilidade fundada no capital
Ecologização do capital agrário: novas fronteiras para a expansão capitalista
Análise da ecologização do capital agrário fundamentada na crítica da dinâmica expansiva do valor. Ecologização do capitalismo no campo são as formas capitalistas de contornar os obstáculos da crise ambiental decorrentes movimento expansivo do valor na agricultura. A crítica destaca a insustentabilidade do modo de produção capitalista e considera que a ecologização desenvolve-se como mercadorização da natureza, constituindo-se em em modalidade de expansão do capital. Contraditoriamente combinada, a ecologização do campo revela a insustentabilidade do capital, apontando para a necessidade de sua superação para o estabelecimento de relações sustentáveis.