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Azorean macroalgae (Petalonia binghamiae, Halopteris scoparia and Osmundea pinnatifida) bioprospection: a study of composition and bioactivity
Tese de mestrado em Biologia Humana e Ambiente, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, em 2018As macroalgas habitam os oceanos há mais de 2 biliões de anos e há registos da sua inclusão na dieta de muitos povos asiáticos desde o século XVII. Estes organismos multicelulares têm vindo a ser alvo da atenção da comunidade científica devido às suas propriedades e possíveis aplicações em diversas áreas da indústria, sendo usados como alimentos, fertilizantes, cosméticos e até medicamentos. Diversos compostos extraídos de macroalgas têm vindo a revelar propriedades e bioatividades de extremo interesse. Por exemplo, o ácido eicosapentaenóico (EPA) é o ácido gordo predominante na maioria das espécies e exibe atividades antioxidante e anti-inflamatória muito significativas. Outros compostos, como o fucosterol e alguns péptidos podem ajudar na prevenção do aumento do colesterol e da pressão arterial, bem como ter uma ação antiviral e antimicrobiana. Os pigmentos são também de extrema importância, sobretudo a fucoxantina que é muito abundante nas algas castanhas, uma vez que possui ações anti-carcinogénicas e pode ajudar no controlo da obesidade e da diabetes. As macroalgas são também conhecidas pelo seu alto teor em minerais, sendo por isso uma excelente fonte de micronutrientes, tais como iodo, cálcio, magnésio e potássio. No entanto, visto que as algas são bioacumuladores e a poluição do ambiente marinho tem vindo a crescer significativamente, alguns destes minerais podem ser acumulados em quantidades acima do desejado passando a ter uma ação tóxica, como acontece por vezes no caso do cobre, do arsénio e do chumbo. Muitos estudos científicos têm vindo a ser realizados ao longo dos últimos anos, mas as macroalgas são organismos com tanta diversidade inter e intraespecífica que ainda existem muitas espécies cuja composição e propriedades são praticamente desconhecidas. Em Portugal, existe também um interesse crescente por estes organismos, especialmente quando se tratam de espécies que já possuem um valor comercial. Este é o caso das espécies Halopteris scoparia, Petalonia binghamiae e Osmundea pinnatifida, que já são regularmente recolhidas e comercializadas nos Açores. Osmundea pinnatifida é uma alga vermelha (Rhodophyta) comestível, conhecida por ter um sabor picante. Em algumas ilhas dos Açores é consumida em pickle ou usada seca como especiaria. Petalonia binghamiae e Halopteris scoparia são algas castanhas e pertencem à classe Phaeophyceae. A primeira trata-se também de uma alga comestível, sendo abundantemente consumida em países como a China, o Japão e a Coreia. H. scoparia é a única das três algas incluídas neste estudo que é considerada não-comestível, mas é usada em vários países na indústria farmacêutica e cosmética devido às suas propriedades antimicrobianas. Este trabalho teve como objetivo efetuar um estudo de bioprospecção da biomassa destas três
espécies de macroalga tal como é atualmente tratada e consumida nos Açores (seca ao sol), visto que estas algas são ainda pouco conhecidas e provavelmente subvalorizadas. Para tal, em primeiro lugar foi feita a análise da composição proximal de cada uma destas espécies. Os valores de humidade obtidos foram baixos, tal como era esperado visto que as algas foram previamente secas. Os valores de cinza (minerais) foram relativamente elevados em todas elas, sendo o valor mais baixo registado para a espécie P. binghamiae (27,9% do peso seco) e o valor mais alto para a H. scoparia (51,9% do peso seco). O conteúdo proteico, calculado pelo método de Dumas, variou entre 10,3-14,4% do peso seco. O conteúdo em hidratos de carbono
foi elevado para as três espécies, variando entre 32,5-48,3% do peso seco. Todas as algas revelaram ter um conteúdo lípido baixo, apesar de a espécie P. binghamiae se ter destacado com uma percentagem de 4,5% do peso seco. Dois métodos de extração de gordura foram testados, tendo o método de Folch sido o que revelou uma extração mais eficaz. Seguidamente, a distribuição das classes lipídicas de maior interesse foi estudada com recurso a cromatografia de camada fina (TLC). Verificou-se, para as três espécies de macroalga estudadas, a predominância de triacilgliceróis (TAG) e ácidos gordos livres (FFA). A quantificação do conteúdo em fosfolípidos e glicolípidos não foi possível, muito possivelmente devido ao facto de as amostras terem sido secas ao sol e estes serem compostos que se degradam facilmente nestas condições. O perfil de ácidos gordos foi caracterizado pela abundancia de ácidos gordos saturados (SFA) na espécie Osmundea pinnatifida e por uma proporção equilibrada entre SFA e ácidos gordos polinsaturados (PUFA) nas outras duas espécies. Dentro da classe PUFA, os ω3 PUFA são os mais abundantes nas espécies O. pinnatifida e P. binghamiae. O teor em ácido palmítico (16:0) e ácido mirístico (14:0) foi elevado em todas as espécies. O teor em ácido eicosapentaenóico (EPA) foi também significativo, exceto na espécie H. scoparia que revelou ser mais rica em ácido estearidónico (SDA, 18: 4 ω3) e ácido α-linoleico. (ALA, 18: 3 ω3). Outros dois compostos bioativos de interesse foram quantificados para as três espécies em estudo: β-glucanos (laminarina) e polifenóis. O conteúdo em β-glucanos detetado foi muito baixo para todas as espécies, mas os compostos fenólicos foram quantificados em níveis bastante consideráveis, atingindo valores de 140 a 220mg / 100g de peso seco. Por fim, duas bioatividades foram testadas para extratos
aquosos e etanólicos das três macroalgas em estudo. A atividade antioxidante foi testada com recurso a três métodos diferentes: o método do 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), o método do Potencial Antioxidante Redutor do Ferro (FRAP) e o método do ácido 2,2'-azino-bis (3-etilbenzotiazolino-6-sulfónico) (ABTS). Foi demonstrada a existência de atividade antioxidante considerável para as três macroalgas, especialmente em extratos aquosos de H. scoparia e P. binghamiae. A atividade anti-inflamatória foi testada através do método da inibição da ciclooxigenase-2 (COX-2), e apenas o extrato aquoso de P. binghamiae e o extracto etanólico de H. scoparia demonstraram capacidade inibitória, mas com valores bastante consideráveis (40% e 79%, respetivamente). No geral, os resultados obtidos indicam que estas espécies de macroalga têm um enorme potencial e que devem ser melhor exploradas no futuro. Mais especificamente, o alto teor em minerais poderá ser de extrema importância sobretudo no caso da H. scoparia que apesar de não ser considerada uma alga comestível poderá vir a ser usada em processos de biorremediação ou para controlo de qualidade dos ambientes marinhos. O conteúdo em polissacáridos revelou-se também promissor, visto que embora a grande maioria dos hidratos de carbono nas algas seja fibra dietética e esta não seja absorvida pelo organismo humano, a sua presença no trato intestinal (especialmente no intestino grosso) contribui muito positivamente para a digestão, o que indica que as espécies estudadas poderão ser usadas como pré-bióticos. A fração lipídica, embora não muito abundante, revelou também resultados muito interessantes sobretudo para a P. binghamiae, na qual foi doseada uma percentagem de gordura total considerável e uma prevalência de ácidos gordos ω3, mais concretamente EPA, que é um componente estrutural essencial para as membranas celulares e poderá ser usado como antioxidante ou no controlo de altos níveis de colesterol. O
conteúdo fenólico foi significativo para as três espécies, sugerindo a existência de atividade antioxidante, a qual foi posteriormente confirmada, daqui resultando a possibilidade destas algas virem a ser usadas para fins terapêuticos ou cosméticos. A atividade anti-inflamatória presente em duas das algas estudadas reforça a ideia de que estas espécies poderão vir a ter diversas aplicações em diversas áreas da indústria. Por fim, é importante referir que o processamento efetuado às algas nos Açores (secagem ao sol) poderá não ser o mais indicado, sobretudo quando se trata de compostos que se degradam facilmente, como os glicolípidos. Seria, portanto, interessante realizar um estudo com estas mesmas espécies mas em matéria
fresca, de forma a obter um perfil comparativo dos diferentes componentes e das bioatividades testadas. O desenvolvimento de novos métodos de extração é também de extrema importância, sobretudo no caso dos hidratos de carbono que são geralmente estimados por diferença em todos os estudos. A determinação do perfil de minerais é também de extrema importância, tal como a quantificação de outros compostos bioactivos como a fucoxantina e os fucanos. Numa fase posterior, a bioacessibilidade de todos estes compostos deverá ser estudada de modo a obter uma perspetiva real da sua disponibilidade para o organismo humano quando ingeridos, uma vez que a matéria vegetal nem sempre é totalmente digerida e absorvida.The Azores archipelago (in mid-Atlantic) has a substantial variety of seaweed species. In particular, the brown macroalgae species Petalonia binghamiae and Halopteris scoparia, and the red macroalga Osmundea pinnatifida are still undervalued and not thoroughly studied. As a contribution to the bioprospection of these three species, proximal composition, lipid composition, phenolic content and relevant bioactivities were determined. Moisture was low in all samples since they were previously sundried. Protein content ranged from 10.3-14.4% dw. Mineral content was relatively high for all species, particularly for H. scoparia (51.9% dw). Total carbohydrate content ranged from 32.5-48.3% dw, being the highest value attained for P. binghamiae. The three seaweed species had a low fat content with predominance of non-polar lipids, mainly free fatty acids (FFA) and triacylglycerols (TAG). Their fatty acid (FA) profile was characterized by abundance of saturated FA (SFA) in the case of O. pinnatifida and a similar weight of SFA and polyunsaturated FA (PUFA) in the other two species. Monounsaturated FA’
(MUFA) share was relatively small in all species. Within PUFA, ω3 PUFA were the most abundant in O. pinnatifida and P. binghamiae, thus yielding ω3/ω6 ratios clearly higher than one. The palmitic acid (16:0) content was very high and the myristic acid (14:0) content was substantial in all species. Oleic acid (18:1 ω9) level was also high, particularly, in P. binghamiae, reaching 16.95 ± 0.05% of total FAs. Linoleic acid (18:2 ω6) content was in the 7-13% range with exception of O. pinnatifida, whose linoleic acid content was low, 1.34 ± 0.01%. Arachidonic acid (20:4 ω6) level was similar or higher than linoleic acid level in all studied species. Regarding ω3 PUFA, eicosapentaenoic acid (EPA, 20:5 ω3) was the most significant (10-14 %) with exception of H. scoparia, which was richer in stearidonic acid (SDA, 18:4 ω3) and α-linolenic acid (ALA, 18:3 ω3) than in EPA, 7.60 ± 0.03% and 6.73 ± 0.03% vs 5.63 ± 0.03%, respectively. The highest EPA concentration was found in P. binghamiae (176 ± 4 mg/100 g dw). Concerning other bioactives, while β-glucans (laminarin) were only detected at trace levels, polyphenols were present at non-negligible levels, reaching 140-220mg/100g dw. The 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH), Ferric Ion Reducing Antioxidant Power (FRAP), and 2,2'-azino-bis(3-ethylbenzothiazoline-6-sulphonic acid) (ABTS) methods showed some antioxidant activity, especially in aqueous extracts of H. scoparia and P. binghamiae assessed by ABTS. Ethanolic extracts of H. scoparia and aqueous extracts of P. binghamiae showed inhibitory capacity of cyclooxygenase-2 (COX-2), of 40 and 79%, thus indicating some anti-inflammatory activity
Viajantes e peregrinos entre Portugal e a Terra Santa
UID/HIS/04666/2019A região da Palestina, e Jerusalém em particular, afirma-se como um dos lugares centrais do Cristianismo, que recebe, atualmente, milhares de visitantes e peregrinos que chegam dos “quatro cantos do mundo”. Mas como eram as peregrinações há cinco séculos atrás? Qual a preparação prática e espiritual necessária para uma viagem deste tipo? E que propósitos haveria para a realização destas viagens? As respostas a estas perguntas podem ser encontradas nos relatos de viajantes/peregrinos à Terra Santa que deixaram registo escrito. Mas mais que responder a estas questões, estes textos podem levantar outras discussões muito significativas. De que forma os homens dos séculos XVI e XVII entendiam a história do Próximo Oriente, nomeadamente a dos locais sagrados, e quais as perceções que tinham da Antiguidade oriental e bíblica? É precisamente este tema que pretende ser analisado e discutido nesta apresentação. Partindo, então, dos textos de viajantes portugueses que passaram pela Terra Santa entre estes séculos, procuremos analisar referências a personagens ou episódios bíblicos, tanto do Antigo, como do Novo Testamento, avaliando-se as suas interpretações morais, tipológicas e anagógicas. As Sagradas Escrituras têm, portanto, um papel fulcral nesta equação, sendo muito estudadas por estes viajantes. Eventualmente analisaremos referências à Antiguidade mesopotâmica, que tenham como pano de fundo o horizonte bíblico. Neste sentido, não poderemos deixar de abordar as eventuais conceções geográficas erróneas – o exemplo mais flagrante, nesta altura, é a confusão feita entre Bagdad e a Babilónia, por certos autores, tidas como a mesma cidade. Este estudo pretende contribuir para a discussão em torno da Receção da Antiguidade, fornecendo elementos para investigações de grande interesse e que permitam conhecer melhor a mentalidade do homem moderno e do conhecimento que tinha sobre épocas anteriores.publishersversionpublishe
travellers and pilgrims from Portugal to the Holy Land (16th-17th centuries)
UIDB/04666/2020
UIDP/04666/2020It is well known that ever since ancient times there are records of pilgrimages between Portugal and the Holy Land – this was especially true during the Early Modern Age. Throughout the 16th and 17th centuries, the adventurous spirit of the Early Modern agents and the expansion of the Portuguese power into some Eastern areas resulted in the increase of the journeys and pilgrimages’ records written by Portuguese who travelled to Jerusalem. But how did the historical actors of the 16th and 17th centuries perceived the history of the Near East - namely the one of sacred places? And which were the perceptions they had on Biblical Antiquity? Travel literature regarding the pilgrimages to the Holy Land provides several perspectives concerning these issues. Taking the texts of Jerónimo Calvo, Francisco Guerreiro, António de Lisboa, Pantaleão de Aveiro, D. Álvaro da Costa and António Soares de Albergaria, I intend to analyse some references to the geography and to the biblical characters or episodes of the Old Testament, evaluating the interpretations that these travellers assigned them.authorsversionpublishe
the dilemma of the sample size calculation for sensitivity and specificity estimation
Sample size calculation in biomedical practice is typically based on the problematicWald method for a binomial proportion, with potentially dangerous consequences. This work highlights the need of incorporating the concept of conditional probability in sample size determination to avoid reduced sample sizes that lead to inadequate confidence intervals. Therefore, new definitions are proposed for coverage probability and expected length of confidence intervals for conditional probabilities, like sensitivity and specificity. The new definitions were used to assess seven confidence interval estimation methods. In order to determine the sample size, two procedures-an optimal one, based on the new definitions, and an approximation-were developed for each estimation method. Our findings confirm the similarity of the approximated sample sizes to the optimal ones. R code is provided to disseminate these methodological advances and translate them into biomedical practice.publishersversionpublishe
O lugar em que estás é uma terra santa: visões e perceções da Antiguidade Oriental e Bíblica nos relatos de viagem portugueses (sécs. XVI - XVII)
Desde tempos remotos que há registo de peregrinações entre Portugal e a Terra Santa. E a Época Moderna não é exceção. Nos séculos XVI e XVII, o espírito aventureiro dos homens da época e a expansão do poder português para algumas áreas do Oriente, torna mais frequente o registo de viagens/peregrinações de portugueses a Jerusalém. Mas de que forma os homens dos séculos XVI e XVII entendiam a história do Próximo Oriente, nomeadamente a dos locais sagrados? E quais as perceções que tinham da Antiguidade bíblica?
A literatura de viagens inerente às peregrinações à Terra Santa fornece várias perspetivas relativas a estas questões. Através dos textos de Jerónimo Calvo, Francisco Guerreiro, Frei António de Lisboa, Frei Pantaleão de Aveiro, D. Álvaro da Costa e Frei António Soares de Albergaria pretende-se analisar as referências que estes homens fazem à geografia, a locais e monumentos, a personagens e a episódios bíblicos, tanto do Antigo, como do Novo Testamento, avaliando as interpretações e os significados que os viajantes lhes atribuíam.It is well known that ever since ancient times there are records of pilgrimages between Portugal and the Holy Land – this was especially true during the Modern Age. During the 16th and 17th centuries, the adventurous spirit of the Modern man and the expansion of the Portuguese power into some Eastern areas resulted in the augmentation of the journeys and pilgrimages’ records written by the Portuguese travelling to Jerusalem. But how did the men of the 16th and 17th centuries perceived the history of the Near East - namely the one of sacred places? And which were the perceptions they had on Biblical Antiquity?
Travel literature regarding the pilgrimages to the Holy Land provides several perspectives concerning these issues. Taking as a basis the texts of Jerónimo Calvo, Francisco Guerreiro, Frei António de Lisboa, Frei Pantaleão de Aveiro, D. Álvaro da Costa and Frei António Soares de Albergaria, I intend to analyse the references to the geography and to the biblical characters or episodes, from both the Old as w
Análise da sobrevivência de aves de rapina nocturnas libertadas após reabilitação
Tese de mestrado, Biologia (Biologia da Conservação), 2009, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiênciasThe number of animals released by wildlife rehabilitation centres is used as an indicator of wildlife rehabilitation' success. However, this number may not reflect the true rehabilitation's success, therefore, a post-release monitoring is extremely important. Aiming to understand what happens with released rehabilitated birds, 8 nocturnal birds of prey (5 S. aluco e 3 T. alba), released by the Wildlife Rehabilitation Centre of Lisbon, were tracked using radio-telemetry. Two of these birds removed the tag before they completed 6 weeks of tracking; of the remaining 6, 50% survived longer than 6 weeks considered necessary for a bird's adaptation. One owl laid three eggs and all of them hatched, however, no one fledged. All birds stayed within 6.1 km from the release site, and they didn't choose a preferential direction for dispersion (χ 2 = 5, P > 0.05). There weren't statistical differences in the maximum distance to release site between the two species (U = 5, z = -0.354, P > 0.05), neither between the birds that survived more than 6 weeks and those that didn't (U = 1, z = -1.528, P > 0.05), although the difference was quite significant for α= 0.1 (P = 0.127). For birds that established in a territory, home ranges estimated with the kernel fixed density estimator ranged between 36.14 and 36.14 ha, for tawny owls, and between 248.65 e 299.37 ha, for barn owls. In future, it would be important to investigate what is the influence of the reason of entrance in the rehabilitation centre, of the haemoparasite's presence and of the release season to rehabilitated released bird's survival.O número de animais libertados pelos Centros de Recuperação de Fauna Silvestre é utilizado como indicador do sucesso da reabilitação de fauna selvagem. Contudo, este número pode não reflectir o verdadeiro sucesso das reabilitações, pelo que é fulcral que se continue a monitorizar os animais após a libertação. Com o objectivo de compreender o que sucede com os animais libertados, foram seguidas 8 aves de rapina nocturnas (5 S. aluco e 3 T. alba) libertadas pelo Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa, com recurso à rádio-telemetria. Duas das aves removeram o emissor antes das 6 semanas de seguimento; das restantes 6, 50% sobreviveu por um período superior às 6 semanas consideradas necessárias para se considerar uma ave adaptada. Uma coruja efectuou uma postura e três ovos e todos os ovos eclodiram, contudo todas as crias morreram. Nenhuma ave se afastou mais de 6.1 km do local de libertação, não tomando nenhuma direcção preferencial na dispersão (χ 2 = 5, P > 0.05). Não houve diferenças significativas entre as duas espécies para a distância máxima a que se encontraram as aves (U = 5; z = -0.354; P > 0.05), nem entre as aves que sobreviveram e as que morreram durante as 6 primeiras semanas (U = 1; z = -1.528; P > 0.05), embora a diferença fosse quase significativa para α= 0.1 (P = 0.127). Para as aves que se estabeleceram, as áreas vitais calculadas pelo kernel fixed density estimator variaram entre 36.14 e 57.09 ha, para as corujas-do-mato, e entre 248.65 e 299.37 ha, para as corujas-das-torres. De futuro, seria importante investigar qual a influência da causa de entrada, da presença de hematoparasitas e da época do ano em que decorre a libertação na sobrevivência de aves libertadas após reabilitação
a Receção da Antiguidade Oriental e Bíblica (Sécs. XVI e XVII)
UID/HIS/04666/2019Hoje em dia, os cristãos acreditam que a Palestina, e Jerusalém em particular, foi palco de diversos acontecimentos sagrados que estão relatados nos textos bíblicos, tanto do Antigo como do Novo Testamento. Esta região afirma-se, então, como um dos lugares centrais do Cristianismo, que recebe, atualmente, milhares de visitantes e peregrinos que chegam dos “quatro cantos do mundo”. Mas como eram as peregrinações há cinco séculos atrás? Qual a preparação prática e espiritual necessária para uma viagem deste tipo? E que propósitos haveria para a realização destas viagens? As respostas a estas perguntas podem ser encontradas através da análise dos diários/relatos de viagem de homens que empreenderam estas jornadas durante a época moderna e deixaram registo escrito. Mas mais que responder a estas questões, estes textos podem levantar outras discussões muito significativas. De que forma os homens dos séculos XVI e XVII entendiam a história do Próximo Oriente, nomeadamente a dos locais sagrados, e quais as perceções que tinham da Antiguidade oriental e bíblica? É precisamente este tema que pretende ser analisado e discutido nesta apresentação. Partindo dos textos deixados por viajantes portugueses que passaram pela Terra Santa e empreenderam as suas viagens entre os séculos XVI e XVII, procuram analisar- se referências a personagens ou episódios bíblicos, tanto do Antigo, como do Novo Testamento. Eventualmente serão analisadas referências à Antiguidade da região mesopotâmica, que tenham como pano de fundo o horizonte bíblico. Usar-se-ão textos de autores notórios, como Frei Pantaleão de Aveiro, mas também de autores menos conhecidos como Jerónimo Calvo, numa tentativa de alargar o espectro de análise. As Sagradas Escrituras têm um papel fulcral nesta equação: conhecidas de grande parte da população portuguesa por via oral, muitos destes viajantes haviam estudado ou lido a Bíblia (ou pelo menos parte dela) e tinham um conhecimento profundo relativamente a estes textos – o que, aliás, é visível na passagem pelos locais sagrados e descritos na Bíblia. Não poderei deixar de abordar questões como os equívocos ou efabulações que os autores greco-romanos tecerem nos seus escritos e, ainda nesta altura, continuavam a induzir os autores dos séculos XVI e XVII em erro - uma vez que alguns destes autores antigos eram seguidos como “mestres”, o caso de Heródoto. Abordarei igualmente as eventuais conceções geográficas erróneas – o exemplo mais flagrante, nesta altura, é a confusão feita entre Bagdad e a Babilónia, por certos autores, tidas como a mesma cidade. Darei também grande importância ao facto de, muitas vezes, estes homens pensarem as personagens bíblicas/históricas como um modelo a seguir em questões de comportamento pessoal. O estudo destas temáticas encontra-se ainda no seu estágio inicial, e este tema da Receção/Perceções da Antiguidade, sendo tão lato e ainda pouco explorado pela historiografia, poderá fornecer elementos para investigações de grande interesse e que permitam conhecer melhor a mentalidade do homem moderno.publishersversionpublishe
Implementação do modelo de Credit Var aplicado a uma carteira de crédito
Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade
Nova de Lisboa para obtenção do grau de Mestre em Matemática e Aplicações - Actuariado, Estatística e Investigação OperacionalAs perdas de crédito não são unicamente consequência de eventos de incumprimento (default)da contraparte, as migrações nas categorias de rating dos emitentes também originam perdas.
Dadas as características particulares dos instrumentos de crédito, como as obrigações, surge a necessidade de uma medida de risco apropriada para uma carteira de dívida. A presente dissertação tem como objectivo estimar esta medida de risco, denominada de Credit VaR, para a carteira de obrigações de uma instituição bancária portuguesa de pequena/média dimensão
A metodologia de cálculo do Credit VaR, desenvolvida pela J.P. Morgan em 1997, envolve a estimação da distribuição de probabilidade das perdas de crédito através da simulação de categorias de rating para cada emitente. Nesta dissertação foi criada uma aplicação informática em EXCEL, VBA e no software R que recupera a informação contida na base de dados da empresa, gera parâmetros de acordo com os modelos implementados, simula a distribuição de ganhos e perdas de uma carteira de obrigações calculando o VaR dessa carteira. Com esta aplicação determina-se o VaR a um ano da carteira de obrigações para diferentes datas em 2010. Observou-se um acordo notável entre os valores obtidos e as circunstâncias explicativas da conjuntura macro-económica
Testes genéticos de venda direta ao consumidor : questões ético-legais no mercado português
RESUMO - As descobertas realizadas na área da genética levaram ao desenvolvimento de aplicações práticas, entre as quais se destacam os testes genéticos, cujas aplicações em saúde tiveram um impacto considerável na prática clínica. Uma das consequências deste desenvolvimento foi o nascimento de um novo mercado na área da saúde, o mercado dos Testes Genéticos de Venda Direta ao Consumidor (TGVDC). Este mercado está associado a questões do foro ético e legal muito específicas e importantes. Através da realização do presente trabalho de projeto pretende-se analisar e discutir as principais questões éticas e legais suscitadas pelos TGVDC, com maior enfoque no mercado português e na aplicação do enquadramento ético-legal em vigor em Portugal. No que toca à metodologia, no âmbito do presente trabalho de projeto, realizou-se uma análise da literatura científica e ético-legal do tema em estudo. Posteriormente realizou-se uma entrevista exploratória, a uma personalidade de reconhecido mérito na área da genética humana, a fim de compreender quais as principais questões suscitadas pelo mercado de TGVDC. Seguidamente realizou-se um mapeamento das entidades que operam no mercado de TGVDC, seguido de um inquérito a essas mesmas entidades, a fim de avaliar as características do serviço oferecido em Portugal e a aplicação do regime normativo ético-legal em vigor. Verificou-se, como era expectável, que o mercado português de TGVDC apresenta reduzida dimensão quando comparado com outros mercados a nível internacional, designadamente o mercado norte-americano que é, claramente, o mais desenvolvido nesta área. Os resultados obtidos apontaram ainda, no que toca à realidade portuguesa, para a pertinência de questões discutidas na literatura analisada. Em suma, apesar das limitações inerentes à realização de um projeto pioneiro e ambicioso num curto espaço de tempo, as conclusões deste trabalho permitem extrair conclusões importantes acerca do mercado português de TGVDC, sob a perspetiva ético-legal, bem como efetuar recomendações importantes para futuros estudos nesta área.ABSTRACT - The advances in the area of genetics led to the development of practical applications,
including genetic tests, which impacted considerably on clinical practice. One of the
consequences of these developments was the emergence of a new market in healthcare,
the Direct-to-Consumer (DTC) genetic testing market. This market is associated with
very specific and important ethical and legal questions. This project aims to analyze and
discuss the main ethical and legal issues raised by DTC genetic testing with greater
focus on the Portuguese market and the application of the Portuguese ethical and legal
frameworks on this subject.
The methodology adopted in this project includes a literature review of relevant
scientific articles as well as fundamental ethical and legal documents. In addition, the
methodology includes an exploratory interview of a personality of recognized merit in
the field of human genetics, in order to understand what are the main issues raised by
the DTC Genetic Testing market. Then we researched the companies operating on this
market in Portugal by searching relevant databases and performed an inquiry by sending
a questionnaire to these companies in order to evaluate the characteristics of the service
they offer and understand the application of the ethical and legal norms in force in
Portugal.
Results show, as expected, that the Portuguese DTC genetic testing market is relatively
underdeveloped, especially when compared with other international markets, such as the
United States of America market, which is clearly the most developed in this area. The
results also showed that many of the ethical and legal concerns raised in the literature on
this subject also apply to the Portuguese reality.
Despite the limitations of conducting such an ambitious and pioneer study in Portugal in
a short time frame, this study allowed us to extract important conclusions about ethical
and legal questions regarding the Portuguese DTC genetic testing market and to make
important recommendations for future studies in the area
Programa de headstarting de Emys orbicularis em Portugal: avaliação da qualidade dos juvenis
Tese de mestrado. Biologia (Biologia da Conservação). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2015O Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) está classificado em Portugal com estatuto de “Em perigo”. No âmbito do projecto LIFE+Trachemys “Estratégias e técnicas demonstrativas para a erradicação de cágados invasores” (LIFE09 NAT/ES/000529), iniciou-se pela primeira vez em Portugal um programa de headstarting para esta espécie, sendo o Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS) um dos responsáveis por esta acção. Neste sentido, torna-se fundamental perceber qual a influência que os métodos adoptados para a incubação e criação em cativeiro poderão ter na condição dos indivíduos, o que terá importância para a sua sobrevivência na natureza após libertação. O objectivo deste estudo foi comparar as condições morfológicas e de performance dos animais nascidos em cativeiro com a de animais nascidos no estado selvagem, bem como avaliar se as condições dos primeiros se mantêm após seis meses de cativeiro. As fêmeas grávidas foram capturadas e mantidas em instalações próprias até à postura dos ovos, que foram incubados em condições seminaturais (numa zona exposta às condições climáticas exteriores, numa área com cerca de 50% de exposição solar, 40% de sombra, 10% de água, e alguma vegetação rasteira) em que apenas a humidade do solo foi regulada. Estudaram-se três grupos diferentes de indivíduos. Os neonatos nascidos em cativeiro durante o Inverno de 2013 (N=18), os neonatos que emergiram na primavera na natureza (N=12), e ainda os indivíduos do primeiro grupo, mas mais tarde, com cerca de 6 meses de idade. Além das análises morfológicas realizaram-se dois testes de performance locomotora: (1) Reposicionamento (tempo que o indivíduo demora a voltar à posição normal, quando colocado de carapaça para baixo) e (2) Corrida (avaliando o tempo de reacção para fuga e as velocidades atingidas), ao nono e décimo dias de jejum, com dois ensaios a cada dia. Não se encontraram quaisquer perturbações no desenvolvimento e crescimento dos neonatos e juvenis, sustentado pelas taxas de crescimento e dimensões corporais adequadas para a espécie. O tipo de locomoção mais frequente foi a intermitente, provavelmente para recuperação de resistência física e detecção de estímulos externos. Observou-se a existência de aprendizagem ao longo dos ensaios, para ambos os grupos de neonatos, no entanto sem indícios de habituação/domesticação. No geral, não se encontram diferenças de qualidade entre os grupos de neonatos. As medidas relativas de velocidade e de orientação mantiveram-se ao fim de seis meses independentemente dos factores morfológicos, sugerindo a existência de uma componente genética forte para a performance individual. A curto e a médio-prazo apenas essas medidas de performance relativas à corrida foram repetíveis, indicando que esta será um índice mais fidedigno que a reposição. Sem diminuir a importância e necessidade da coordenação com acções de conservação in situ, é possível concluir que o tipo de programa de headstarting aplicado pode ser considerado uma ferramenta de sucesso quando o intuito é aumentar populações em decréscimo numa determinada área e cuja conservação é essencial.The European pond turtle (Emys orbicularis) is classified as Endangered (EN) in Portugal. For the first time in Portugal, during the LIFE+Trachemys project “Demonstration strategy and techniques for the eradication of invasive freshwater turtles” (LIFE09 NAT/ES/000529), there was a captive breeding program for E. orbicularis, being the Wildlife Rehabilitation and Investigation Centre of the Ria Formosa (RIAS) one of the responsible entities for this action. To understand the effects that the adopted incubation and subsequent rearing techniques may have on the hatchlings conditions is important when evaluating their survival prospects once released back in nature. The aim of this study was to compare the morphological and performance conditions of the animals born under captive breeding with that of the ones born in the wild, as well as the conditions of the former after six months of captive rearing. Pregnant females were captured and maintained in facilities until the eggs were laid. Those were incubated in semi-natural conditions (in an outdoors enclosure, in an area with about 50% of solar exposure, 40% of shadow, 10% standing water and some shrubs) in which only the soil humidity was regulated. Three different groups of individuals were studied. First, the hatchlings born in captivity during the winter of 2013 (N=18), second the hatchlings born in nature during the 2014 spring emergence of 2014 (N=12), and finally the first group individuals, evaluated later, when they were 6 months old. In addition to the morphological analysis two performance tests were conducted: (1) Righting reflex (the time a hatchling placed on its back takes to right itself) and (2) Sprinting (the time during which the hatchling reacted and escaped, as well as the velocities it reached), at the ninth and tenth days of fasting, with two trials each day.
No disturbances in the development and growth of the neonates and juveniles were found, supported by the suitable growth rates and body size for the species. The most frequent locomotion type was the intermittent one, probably for endurance recovery and detection of external stimuli. We observed the existence of learning throughout the trials, for both newborns groups, but no habituation/domestication signs. Overall, there were no quality differences between hatchling groups. Sprinting and orientation were repeatable after six months, with no correlations with individual morphology, suggesting a strong genetic component behind individual performance. Short and medium-term rank repeatability were only found for the measurements related to the sprint test, suggesting that sprint proxies might be more reliable then the righting ones. In spite of the importance and the need for coordination with in situ conservation actions, it is possible to infer that the applied headstarting program can indeed be considered a successful tool when the aim is to reinforce populations that are decreasing in a certain area in which conservation is crucial
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