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Identidade nacional, estado democrático e educação para a cidadania
O autor propõe-se fazer uma reflexão sobre a dimensão da relação dos
Portugueses consigo próprios e da sociedade Portuguesa com o Estado,
mais exactamente como é que se podem ligar as questões de identidade
da cidadania – comunidade social e cultural - com o Estado. No que
respeita ao primeiro aspecto o autor chama a atenção para o impacto
provocado pelas novas tecnologias de informação sobre a percepção dos
valores partilhados que formam a própria identidade. A segunda questão
levantada vai ao encontro da constatação da forma como os Portugueses
se aceitam, como fazendo parte da mesma comunidade cultural e social,
fundada em valores comuns e a dificuldade que têm em reconhecer no
Estado como a única forma de organização da sociedade
Ser contemporâneo, sobrevivendo às classificações do pensamento sociológico
O pensamento sociológico é muito influenciado por classificações de natureza dicotómica. Uma, especialmente influente, é a que se organiza em torno da categoria de modernidade, e que opõe quer moderno a pré-moderno, quer pós-moderno a moderno. Mas o que queremos dizer quando usamos estas categorias e fazemos este tipo de oposições binárias? Elas ainda fazem sentido hoje, para a teoria sociológica? Elas só podem ser empregues em dicotomias, ou há formas alternativas e mais produtivas? Este artigo procura responder a estas questões. Primeiro, mostra a enorme influência cultural e teórica da ideia de modernidade e das categorias que dela decorrem. Depois, que estas categorias devem ser consideradas na sua tensão relativa: ainda somos modernos e já não somos só modernos. Em seguida, que a redução dessa tensão à forma de uma dicotomia empobrece e enviesa a explicação sociológica. Finalmente, o artigo sugere um posicionamento ao mesmo tempo mais modesto e mais aberto, em matéria epistemológica: definirmo-nos apenas como contemporâneos, isto é membros da nossa circunstância, mas capazes de mobilizar todas as possibilidades que ela nos confere.Sociological thinking is strongly influenced by dichotomous classifications. Especially influential is the one organised around the category ‘modernity’, opposing modern to pre-modern on the one hand and to post-modern on the other. Just what is it that we want to say when we use these categories and establish this kind of binary opposition? Do they still make sense in today’s sociological theory? Can they only be used in the shape of dichotomies, or are there other, more productive ways? This article seeks to answer these questions. It begins by demonstrating the huge cultural and theoretical influence of both the idea of modernity and the categories derived therefrom. It then shows how one should look at these categories in the light of the tension between them: we are still modern, and yet we are not just modern; before going on to say that reducing this tension to a simple dichotomy impoverishes and slants its sociological explanation. Finally, the article suggests a positioning that is simultaneously more modest and more open in epistemological terms: that we should simply define ourselves as contemporaneous – i.e. that we are part of our circumstances, but capable of mobilising all the possibilities they give us.La pensée sociologique est très influencée par des classifications de nature dichotomique. Une classification particulièrement influente est celle qui s'organise autour de la catégorie de modernité et qui oppose aussi bien le moderne au pré-moderne, que le post-moderne au moderne. Mais que voulons-nous dire en utilisant ces catégories et en faisant ce genre d'oppositions binaires? Ont-elles encore aujourd'hui un sens pour la théorie sociologique? Peuvent-elles uniquement être employées dans des dichotomies ou bien y a-t-il des formes alternatives et plus productives? Cet article cherche à répondre à ces questions. Il montre tout d'abord l'énorme influence culturelle et théorique de l'idée de modernité et des catégories qui en découlent, puis que ces catégories doivent être considérées dans leur tension relative : nous sommes encore modernes et nous ne sommes plus seulement modernes. Ensuite, que la réduction de cette tension à la forme d'une dichotomie appauvrit et biaise l'explication sociologique. L'article suggère enfin un positionnement à la fois plus modeste et plus ouvert sur le plan épistémologique : nous définir uniquement comme contemporains, c'est-à-dire membres de notre circonstance, mais capables de mobiliser toutes les possibilités qu'elle nous confère.El pensamiento sociológico está muy influenciado por clasificaciones de naturaleza dicotómica. Una especialmente influyente es la que se organiza en torno de la categoría de modernidad, y que contrapone tanto lo moderno a lo pre-moderno, como lo pos-moderno a lo moderno. ¿Pero, qué se quiere decir cuando usamos estas categorías y hacemos este tipo de oposiciones binarias? ¿Ellas todavía tienen sentido hoy, para la teoría sociológica? ¿Ellas sólo pueden ser utilizadas en dicotomías, o hay formas alternativas y más productivas? Este artículo procura responder a estas cuestiones. Primero, muestra la enorme influencia cultural y teórica de la idea de modernidad y de las categorías que de ella devienen. Después, que estas categorías deben ser consideradas en su tensión relativa: aún somos modernos y ya no somos solamente modernos. A continuación, que la reducción de esa tensión a una dicotomía empobrece y distorsiona la explicación sociológica. Finalmente, el artículo sugiere un posicionamiento al mismo tiempo más modesto y más abierto, en materia epistemológica: definirnos apenas como contemporáneos, es decir como miembros de nuestra circunstancia, aunque capaces de movilizar todas las posibilidades que ella nos otorga
The repositioning of the Euro Area in the world system: political and economic dimensions
This article advocates a comprehensive approach to the current crisis in the
Euro Area - and, namely, the joint consideration of the economic and
political issues at stake. The European integration - whose greatest
development is, to present time, the Monetary Union - is a political project:
a matter of will and action. Surely, this political project has a strong and
specific economic component. Still, it is political. Therefore, political
variables are critical. They must be included in any analysis of the
financial and economic circumstances, and they must be considered in any
strategy to overcome the current roadblock. The Euro Area has to cope, not
only with excessive indebtedness, fiscal unbalances and financial markets,
but also with the democratic restrictions to austerity and economic
recession, and with the democratic requirement to respect social rights, to
look for public support and to engage in political dialogue and compromise.
In liberal democracies, as ours, the employment, social protection,
citizenship and the right to believe and hope are full goals for the public
policies, including the economic and fiscal ones
Processos no tempo: uma reflexão sobre o valor que a história acrescenta à sociologia, a partir do magistério de Vitorino Magalhães Godinho
A “história intrinsecamente sociológica” No último texto que reviu – e foi publicado já em edição póstuma – Vitorino Magalhães Godinho escreveu: “Não há oposição entre História e Sociologia, tão-só, se quisermos, o contraste entre sublinhar os processos ou as estruturas: a maior atenção às mudanças quanto aos primeiros, às permanências nas segundas.” Para precisar, logo na frase seguinte: “Mas até este contraste é superficial, ou melhor, só pode ser operatório.” E concluir: “A história é intr..
El arte mas allá del contexto: Una encuesta sociológica sobre la singularidade de la creación cultural
This article advocates the awareness that art exists also beyond the context. No doubt that art exists within a context. Still, it goes beyond the context. First, each artistic corpus is a structure in itself. Second, it cannot be solely considered from the point of view of context. So, a double dialogue is needed: between social science and art study, and between social science and art itself. We need a dialogue in the Bakhtinian sense, recognizing the plurality of voices, and refusing any authoritative or absolute stance of one of them. If we want to seize the singularity and textuality of the work of art, in all its aspects and consequences, we must allow for this singularity and textuality to penetrate and feed our sociological theory and research, not only as subjects but also as factors of knowledge and interpretation.O artigo defende que a arte também existe para além do seu contexto. Claro que existe num determinado contexto; não obstante, vai além. De um lado, porque cada obra artística representa por si própria uma certa estrutura, que deve ser analisada como tal. Do outro, ela não pode ser restituída apenas a partir do ponto de vista contextual. Precisamos, assim, de um duplo diálogo: entre as ciências sociais e os estudos artísticos, e entre as ciências sociais e as artes. Um diálogo no sentido de Bakhtine, isto é, que reconhece a pluralidade das vozes em presença e recusa atribuir a qualquer delas uma posição de autoridade absoluta. Se queremos apreender a singularidade e a textualidade de cada obra de arte, em todos os seus aspetos e consequências, temos de deixar que essas características da arte penetrem e alimentem a teoria e a pesquisa sociológica; e que o façam não apenas como objetos de estudo, mas também como fatores de conhecimento e interpretação.Cet article plaide pour avoir la conscience que l’art se situe aussi au-delà du contexte. C’est évident que l’art existe dans un certain contexte. Pourtant, elle va au-delà de ce contexte. D’abord parce que chaque corpus artistique est par lui-même une structure. Ensuite, parce qu’il n’est pas saisissable du seul point de vue du contexte. Nous avons besoin d’un double dialogue, entre les sciences sociales et les études artistiques et entre les sciences sociales et les arts eux-mêmes. C’est un dialogue à la façon de Bakhtine, qui puisse reconnaître la pluralité des voix, sans accorder à aucune une position d’autorité absolue. Si nous, les sociologues, voulons relever la singularité et la textualité d’un œuvre artistique, dans tous ces aspects et effets, nous devons permettre à l’œuvre d’art de pénétrer et alimenter notre théorie et nos recherches, et non seulement en tant qu’objet d’étude sinon comme facteur de connaissance et d’interprétation.El artículo sostiene que el arte también existe más allá de su contexto. Por supuesto, existe en un contexto determinado; sin embargo, va más allá. Por un lado, porque cada obra artística representa en sí misma una determinada estructura, que debe ser analizada como tal. Por otro lado, no se puede considerar el arte solo desde el punto de vista contextual. Así, necesitamos un diálogo doble: entre las ciencias sociales y los estudios artísticos, y entre las ciencias sociales y las artes. Un diálogo en el sentido de Bakhtine, es decir, que reconoce la pluralidad de voces y se niega a atribuir a una de ellas una posición de autoridad absoluta. Si queremos aprehender la singularidad y textualidad de cada obra de arte, en todos sus aspectos y consecuencias, debemos permitir que las características del arte penetren y alimenten la teoría y la investigación sociológica, no solamente en su condición de objeto de estudio, sino también como factor de conocimiento e interpretación
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