Derrubando fronteiras: a construção do jornal a plebe e o internacionalismo operário em São Paulo (1917-1920) * Breaking frontiers: the construction of the newspaper a plebe and the worker internationalism in São Paulo (1917-1920)

O jornal A Plebe foi um dos mais importantes vetores comunicacionais no interior das manifestações grevistas em São Paulo no final da segunda década do século XX. Um viés pouco explorado pelos estudos que o estudaram é sua relevância também como articulador e condensador de estratégias políticas internacionalistas e transnacionais. Este artigo tem como objetivo explorar a cultura política internacionalista presente no periódico em questão, incluindo uma análise da formação dos militantes envolvidos na construção e redação do jornal bem como de outros periódicos associados. A partir de uma bibliografia atual que ressalta o caráter transnacional na formação do movimento operário mundial e uma análise empírica do periódico, pretendemos contribuir com novas perspectivas para o estudo das articulações políticas e sindicais presentes na Primeira República no Brasil. 

Anticlericalismo e militância sindical: o periódico anarquista A Lanterna e sua ação entre os trabalhadores em São Paulo (1901-1914)

Este artigo busca analisar historicamente o periódico anarquista A Lanterna, nos anos de 1901 a 1914, visando compreender sua ação entre os trabalhadores na cidade de São Paulo. Nesse sentido, a análise vai se concentrar na transição de suas estratégias políticas e de propaganda, primeiramente focadas no anticlericalismo e depois na participação e ação de orientação sindical. A hipótese apresentada é que o periódico em questão era tanto o resultado de uma ideologia difundida internacionalmente, quanto adaptada às condições concretas, e, nesse sentido, foi uma plataforma essencial para a militância operária de orientação anarquista no período.

Socialistas muito além do partido: classe, nação e o movimento operário na Primeira República em São Paulo por Luigi Biondi.

Resenha: BIONDI, Luigi. Classe e Nação: trabalhadores e socialistas italianos em São Paulo, 1890-1920. Campinas- São Paulo: Editora da Unicamp, 2011

“Nuestro internacionalismo” Nación, racialización, clase y anarquismo en Brasil (1890-1920)

This article aims to address some aspects of the anarchist debates produced in the context of the First Republic in Brazil, in which concepts such as nation, race and class were implicated in the construction of anarchism. Although constructed and developed transnationally and under an internationalist programme, anarchism was not alien to the structural transformations that shaped national practices and discourses. Thus, internationalism was often used only rhetorically, coexisting in tension with transnational networks of immigrants of the same nationality. While this may have blocked the development of a national working class and strengthened ethnocentric discourses, anarchists and revolutionary syndicalists sometimes took advantage of such national imaginaries to spread their ideas, linking this tendency to a practical internationalism practiced among Brazilians and immigrants, which ended up combating racial discrimination. In this way, practical internationalism allowed the construction of trade union and editorial groups that brought together native-born and immigrant workers of different national and ethnic origins, with networks of militants and anarchist groups from all over the world.Este artículo pretende abordar algunos aspectos de los debates anarquistas producidos en el contexto de la Primera República en Brasil, en el que se involucraron conceptos como el de nación, raza y clase en la construcción del anarquismo. Aunque construido y desarrollado de forma transnacional y bajo un programa internacionalista, el anarquismo no era ajeno a las transformaciones estructurales que forjaron prácticas y discursos nacionales. Así, el internacionalismo fue muchas veces utilizado solo de manera retórica, coexistiendo en tensión con redes transnacionales de inmigrantes de una misma nacionalidad. Si bien esto pudo obstaculizar el desarrollo de una clase obrera nacional y fortalecer discursos etnocéntricos, en ocasiones, anarquistas y sindicalistas revolucionarios aprovecharon dichos imaginarios nacionales para difundir sus ideas, uniendo esa tendencia a un internacionalismo práctico practicado entre brasileños e inmigrantes, lo que acabó combatiendo la discriminación racial. De este modo, el internacionalismo práctico permitió la construcción de grupos sindicales y editoriales que reunieron a trabajadores nativos e inmigrantes de distintos orígenes nacionales y étnicos, con redes de militantes y grupos anarquistas alrededor del mundo

“REUNINDO NUMEROSOS CAMARADAS”: ORGANIZAÇÕES POLÍTICAS ANARQUISTAS E LIBERTÁRIAS NO PERÍODO DA PRIMEIRA REPÚBLICA NO BRASIL

Este artigo tem como objetivo analisar a construção e a atuação de algumas organizações especificamente políticas anarquistas, ou com influência anarquista e libertária, no período da Primeira República do Brasil, como a Alliança Anarquista de São Paulo, a Aliança Anarquista do Rio de Janeiro, o Partido Anarquista Comunista do Brasil, o Centro Feminino Jovens Idealistas e a Liga Communista Feminista. Recusando interpretações historiográficas que negaram os esforços de organização anarquista, ou apenas enxergaram suas empreitadas no nível social e cultural (sindicalismo, teatros operários, escolas racionalistas etc), temos a hipótese que militantes anarquistas no Brasil também se esforçaram para construir uma cultura política libertária na qual o dualismo organizacional (tanto no nível social e político) fosse consolidado