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    Biofortificação de pera Rocha em cálcio: itinerário técnico para a produção e caracterização química

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    A biofortificação visa o aumento dos teores de um dado nutriente-alvo nas partes edíveis das plantas, para colmatar défices nutricionais na dieta do Homem que podem resultar no desenvolvimento de patologias. Por sua vez, a pêra Rocha destaca-se como um produto tipicamente português cuja produção média anual atinge as 173000 ton. Neste enquadramento, o objetivo deste estudo consistiu no desenvolvimento de um itinerário técnico de biofortificação agronómica com recurso a aplicações foliares, visando a obtenção de pêra Rocha biofortificada em cálcio, cujo processamento, possibilitará a obtenção de alimentos funcionais. O ensaio decorreu no campo experimental da HBio Lda. (coordenadas GPS 39º 23’ 29,675’’N; 9º 4’ 52,396’’O), localizado na região Oeste em Portugal. Efetuaram-se 7 aplicações foliares entre Maio e Agosto de 2018: as duas primeiras aplicações com recurso a Ca(NO3)2 e CaCl2 (nas seguintes concentrações: 0 kg ha-1, 0,1 kg ha-1, 0,3 kg ha-1, 0,6 kg ha-1 e 0 kg ha-1, 0,4 kg ha-1, 0,8 kg ha-1, 1,6 kg ha-1 respetivamente), a partir da terceira aplicação aplicou-se apenas CaCl2 em todas as árvores, primeiro com 4 kg ha-1 e as restantes quatro aplicações com 8 kg ha-1. Inicialmente, procedeu-se à caracterização do campo experimental com análises ao solo e qualidade da água. Posteriormente realizaram-se análises aos frutos e folhas, obtidos nas 5 recolhas realizadas, nomeadamente: (1) no caso das folhas: parâmetros colorimétricos e quantificação de elementos minerais por Fluorescência de Raios-X; (2) no caso dos frutos: aspetos relacionados com a sua morfometria e colorimetria, quantificação de elementos minerais, e características físicas, químicas e organolépticas da polpa de pêra de cada tratamento. Relativamente aos aspectos edafoclimáticos, apesar do ensaio experimental ter decorrido num ano de clima atípico, o solo e água do campo experimental evidenciaram-se compatíveis com a prática agrícola. A ausência de aspectos fitotóxicos nas folhas, indicam a ausência de danos resultantes da biofortificação na cultura das pereiras, não condicionado a absorção de Ca pela via foliar. Face ao itinerário de biofortificação aplicado, constataram-se teores superiores de Ca com acumulação heterogénea nas peras sujeitas a biofortificação, oscilando globalmente entre 3,6 e 14,3 %, prevalecendo no plano equatorial do fruto, teores que oscilam entre 33 e 67 %. A morfometria e colorimetria dos frutos, e por conseguinte, as propriedades físicas, químicas e organolépticas das polpas de pêra Rocha não foram afetadas pelo processo de biofortificação. O processo de biofortificação agronómica foi bem-sucedido, pois não alterou os parâmetros de qualidades da pêra Rocha, solidificando o seu potencial com o aumento efetivo dos teores de Ca no fruto

    Biologia, ecologia, dinâmica populacional e distribuição de metais na Sepia officinalis numa típica laguna costeira estuarina - Ria de Aveiro

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    Doutoramento em BiologiaThe common cuttlefish, Sepia officinalis, is a necto-benthic cephalopod that can live in coastal ecosystems, with high influence of anthropogenic pressures and thus be vulnerable to exposure to various types of contaminants. The cuttlefish is a species of great importance to the local economy of Aveiro, considering the global data of catches of this species in the Ria de Aveiro. However, studies on this species in Ria de Aveiro are scarce, so the present study aims to fill this information gap about the cuttlefish in the Ria de Aveiro. The cuttlefish enters Ria de Aveiro in the spring and summer to reproduce, returning to deeper waters in the winter. In terms of abundance, the eastern and center regions of the lagoon, closer to the sea, showed the highest values of abundance, while the northern and southern regions of the main channel had the lowest abundance. This fact may be related to abiotic factors, as well as depth, salinity and temperature. In the most southern point of the Ria de Aveiro (Areão) no cuttlefish was caught. This site had the lowest values of salinity and depth. The cuttlefish has an allometric the females being heavier than males to mantle lengths greater than 82.4 mm. Males reach sexual maturity first than females. In Ria de Aveiro in a generation of parents was found. The cuttlefish, presents itself as opportunistic predators, consuming a wide variety of prey from different taxa. The diet was similar in different sampling locations observing significant differences for the seasons. S. officinalis was captured at 10 sites in the Ria de Aveiro with different anthropogenic sources of contamination. Thus, levels of metals analyzed were similar at all sampling sites, with the exception of a restricted area, Laranjo, which showed higher values. The cuttlefish has the ability to accumulate metals in your body. The levels of Fe, Zn, Cu, Cd, Pb and Hg found in the digestive gland and mantle reflect a differential accumulation of metals in the tissues. This accumulation is related to the type and function of tissue analyzed and the type of metal analysis (essential and non-essential). The metal concentrations in the digestive gland are higher than in the mantle, with the exception of mercury. This may be due to the high affinity of the mantle for the incorporation of methylmercury (MeHg), the most abundant form of mercury. The accumulation of metals can vary over a lifetime, depending on the metal. The concentrations of Zn, Cd and Hg increases throughout life, while Pb decreases and essential metals such as Fe and Cu remain constant. The data collected suggest that the cuttlefish (Sepia officinalis) can be used as a bioindicator of environmental contamination for some metals.O choco comum, Sepia officinalis, é um cefalópode necto-bentónico que pode viver em ecossistemas de águas costeiras, com elevada influência de pressões antropogénicas e assim, estar vulnerável à exposição por vários contaminantes. O choco é uma espécie de grande importância para a economia local de Aveiro, considerando os dados globais de capturas desta espécie para a Ria de Aveiro. No entanto, os estudos acerca desta espécie na Ria de Aveiro são escassos, desta forma o presente estudo pretende preencher esta lacuna de informação sobre o choco na Ria de Aveiro. O choco entra para a Ria na primavera e no verão para reprodução, e volta para águas mais profundas no inverno. Em termos de abundância, as zonas, este e central da ria, a mais próxima da embocadura com o mar, apresentaram os valores de abundância mais elevados, sendo as regiões mais a norte e a sul dos principais canais, as de abundância mais baixa. Este fato pode estar relacionado com fatores abióticos, como a profundidade, a salinidade e a temperatura. No ponto mais a sul da Ria de Aveiro (Areão) nunca foram capturados chocos, tendo este local apresentado os valores mais baixos de salinidade e profundidade. O choco apresenta um crescimento alométrico, sendo as fêmeas mais pesadas que os machos, para comprimentos do manto superiores a 82.4 mm. Os machos atingem a maturação sexual primeiro que as fêmeas. Na Ria de Aveiro apenas uma geração de progenitores foi encontrada. O choco apresenta-se como predador oportunista, consumindo uma grande diversidade de presas de diferentes grupos taxonómicos. A dieta mostrou-se semelhante nos diferentes locais de amostragem observando-se diferenças significativas para as estações do ano. S. officinalis foi capturada em 10 locais da Ria de Aveiro com contaminação de diferentes origens antropogénicas. Assim, os níveis de metais analisados apresentaram-se semelhantes em todos os locais de amostragem, com a exceção de uma área restricta, o largo do Laranjo, que apresentou valores mais elevados. O choco possui a capacidade de acumular metais no seu organismo. Os níveis de Fe, Zn, Cu, Cd, Pb and Hg encontrados no manto e na glândula digestiva refletem uma acumulação diferencial de metais nos tecidos. Esta acumulação está relacionada com o tipo e função do tecido analisado e com o tipo de metal analisado (essencial e não essencial). As concentrações dos metais na glândula digestiva são mais elevadas que no manto, com exceção do mercúrio. Este fato pode dever-se à grande afinidade do manto para a incorporação de Metilmercúrio (MeHg), a mais abundante forma de mercúrio. A acumulação de metais pode variar ao longo da vida, dependendo do metal. As concentrações de Zn, Cd and Hg aumentam ao longo da vida, o Pb diminui e os metais essenciais como o Fe e Cu permanecem constantes. Os dados recolhidos sugerem que o choco (Sepia officinalis) possa ser usado como bioindicador de contaminação ambiental para alguns metais

    O uso de inteligência artificial na tomada de decisão judicial

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    Neste artigo, é apresentada a síntese de análises críticas realizadas em pesquisas coordenadas pelos autores sobre a falta de transparência e o problema dos vieses no uso de sistemas de inteligência artificial (IA) como apoio ou para a efetiva tomada de decisão judicial. Do ponto de vista metodológico, foram desenvolvidas pesquisas bibliográficas, documentais e empíricas nas investigações. Foram feitos exames analítico-interpretativos acerca dos materiais levantados para alicerçar as considerações. Na abordagem, foi elaborada uma breve descrição acerca do estado da arte quanto ao uso de IA pelo Judiciário nacional, seguida pelas análises sobre a opacidade dos algoritmos e os vieses cognitivos, conforme os tópicos relacionados com a incompatibilidade estrutural entre o processamento de dados pela IA e a aplicação do Direito; a incapacidade da IA realizar juízos de valor; a acentuação dos vieses cognitivos pela IA; e a falta de transparência em relação aos algoritmos e aos dados utilizados pela IA. Ao final, são apresentadas propostas para enfrentamento dos problemas com o uso de IA para a tomada de decisão judicial

    INFERRING EVOLUTIONARY RELATIONSHIPS AMONG DIFFERENT HUMAN PAPILLOMAVIRUS GENOTYPES FROM MULTIPLE ALIGNMENTS OF THE MAJOR CAPSID PROTEIN L1

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    The major capsid protein L1 constitutes the entire exterior surface of the stabilized mature human papillomavirus (HPV), mediating initial attachment to host tissues or cells, and become pliable enough to ultimately allow release of the viral genome into a new target cell. The purpose of this study was to infer evolutionary relationships among different variable-risk HPV genotypes from comparative alignments of multiple sequences of the protein L1 deposited previously in biological information database. First, sequences of the protein L1 of 20 HPV genotypes were searched and selected from a non-redundant protein sequence database UniProtKB/Swiss-Prot. Next, a phylogenetic dendogram was constructed by comparing multiple sequences of the protein L1 using molecular evolutionary genetics analyses by Mega software. The dendogram generated from comparative alignments of the L1 protein sequences of different HPV types revealed the presence of two main clusters: a first cluster containing 12 HPV types linked intimately in several sub-branches and a second cluster grouping 8 HPV types linked in another sub-branches. Evolutionary groupings generated from L1 capsid protein sequences of variable-risk HPV genotypes demonstrated weak association between pathogenicity and phylogenetic proximity in the types analyzed, accompanied by low identity among their amino acid residues. The findings described herein reveal important insights into evolutionary patterns and phylogenetic relationships among variable-risk HPV genotypes for malignant conversion of virally infected cells from multiple alignments of the major viral capsid protein L1

    Diferentes modos: 1971, 1974, 2017

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    UID/CCI/04667/2019A peça Canto do Papão Lusitano de Peter Weiss estreada em 26 de Janeiro de 1967 no Scala -Teatern, em Estocolmo, constitui um dos mais importantes documentos históricos teatrais contemporâneos ao período e à propaganda politica do Estado Novo, refletindo uma critica à retórica do colonialismo português. Essa importância não se deve ao facto desta peça documental ter sido a única a retratar estes temas durante esse período, mas antes por ter sido uma das que conseguiu subir a palco e a partir da Suécia ganhar uma projeção na imprensa que não pode ser silenciada pela censura prévia aos Espetáculos vigente em Portugal. Essa projeção, amplificada pela tradução da peça para francês e português, dotou- a de um caracter representativo da luta anti- fascista e anti- colonialista, sendo encenada após 1967 e especialmente até 1975, como uma espécie de manifesto por diversos grupos de teatro amadores ou de estudantes portugueses exilados na Alemanha, França, Suíça, etc. Nesta comunicação procurar- se- á analisar duas destas reencenações: uma desenvolvida por Manuel Silva Pereira, em 1971, ainda durante o período da Ditadura, onde a peça decorreu à porta fechada na antiga cantina da Universidade de Lisboa; outra recentemente, no âmbito das comemorações da estreia da peça em Estocolmo, em 2017, encenada por Carlos Pessoa, com uma leitura dramatúrgica de Cláudia Madeira. A partir destas duas reencenações desenvolver -se- á uma analise semiótica comparativa desta peça, no que diz respeito à (re)construção do texto, cenários e figurinos mas, também, das experiências e memórias, das modas, das maneira e dos modos, que elas mobilizam.publishersversionpublishe

    Vigiar a velhice, vigiar o futuro: tecnologia, antecipação e governo de condutas // Old age surveillance, future surveillance: technology antecipation and conduct governance

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    O artigo propõe discutir as imagens da velhice contemporânea a partir das relações entre vigilância, risco e governo de condutas. Trata-se de pensar, segundo uma perspectiva genealógica, como os atuais sentidos de ser velho estão entrelaçados ao regime de visibilidade contemporâneo, em especial, às dinâmicas de vigilância. De fato, a “nova imagem da terceira idade” não é apenas matéria de anúncios de bancos, aplicativos de beleza, comerciais de seguro de saúde ou campanhas de medicamentos sexuais, para citar alguns. Na realidade, ao incorporar progressivamente os velhos no campo produtivo, o neoliberalismo faz circular imagens que servem tanto para conformar um tipo de velhice performática e empresarial quanto para ampliar seu acervo de dados. As redes atuais de vigilância se apropriam, assim, também dos perfis da velhice contemporânea: hábitos de alimentação, cuidados com a saúde, comportamentos de compra, práticas de poupança. Dados que, além de sustentar padrões e tipos de velhice mais “adequados” às dinâmicas atuais, também ancoram intervenções sobre indivíduos e populações, legitimando (ou deslegitimando) investimentos e reformas governamentais. Nessa rede de sentidos, os minuciosos procedimentos de vigilância – que já não se limitam a lugares confinados ou a populações específicas – também não se restringem à nossa atualidade. Tal diagrama opera igualmente quando a velhice é ainda mera expectativa. Trata-se de tornar o processo de envelhecimento, com suas diversas fases e seus efeitos, eterno alvo de monitoramento, minucioso e digital. Algo que se realiza num movimento contínuo de antecipação do futuro, transformando a própria velhice em crescente fator de risco, tanto individual como social
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