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A reinvenção do fantástico na literatura de autoria feminina francesa / The new fantastic in the French female literature
Possivelmente nenhum outro país consagrou tantos autores no cânone literário. De Victor Hugo a Marcel Proust, as obras francesas são cultuadas gerações e mundo afora, na esteira do que a própria França representou no domínio das artes geral: espírito de vanguardada, de crítica social, de ruptura com padrões e qualidade estética incomparável. Mas, quando nos propomos a pensar a partir do contemporâneo, teria a produção francesa a mesma vitalidade? Uma interessante renovação no cenário literário francês se inscreve por meio da autoria feminina. Autoras como Marie Ndiaye e Marie Darrieussecq reinventam o fantástico por meio de uma escrita inventiva e criativa
Preconceito, revide e a representação feminina em Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto, 217
Identidades femininas múltiplas em crônicas de Clarice Lispector
This dissertation examines the multiple female identities in chronics written by Clarice Lispector for the Jornal of Brazil, between 1967 and 1973, subsequently published in The discovery of the world (1984). If in the novels and stories she subverted the patriarchal ideology and was a landmark in the literature written by women in Brazil, in the chronicles Clarice Lispector increased representation of women. Rejecting the essentialist perspective, the writer represented various characters, women who couldn?t been represented by a single category. The middle-class woman shares with maids, prostitutes and missionaries. Here is the focus of this study: the different female voices in chronics, hybrid territory between journalism and literature, fiction and reality. Understanding the process of forming their own identity, undertaken by the women represented in the chronicles, is the main objective of the research. The Feminist Critical Theory opened the horizon of questions about the hierarchical division between the genders, prejudice, stereotyping and marginalization of female writing. The research included discussions that marked the feminist thought and its new approaches to studies on the subject of displacement and fragmentation of identity in the late modernity, showing ways to understand, in a non-essentialist perspective, the characters of chronics by Clarice Lispector.Essa dissertação analisa as múltiplas identidades femininas em crônicas que Clarice Lispector escreveu para o Jornal do Brasil, entre 1967 e 1973, publicadas posteriormente no livro A descoberta do mundo (1984). Se nos romances e contos, ao subverter a ideologia patriarcal, a obra da escritora representou um marco na literatura de autoria feminina no Brasil, nas crônicas, Clarice Lispector ampliou a representação das mulheres. Recusando a ótica essencialista, a escritora retratou personagens diversas, mulheres que jamais poderiam ser representadas por meio de uma categoria única, estável. A mulher de classe média divide espaço com empregadas domésticas, prostitutas e missionárias. Eis o recorte deste estudo: as diferentes vozes femininas, que são ouvidas nas crônicas, território híbrido entre jornalismo e literatura, ficção e realidade. Compreender o processo de construção (ou reconstrução) da própria identidade, empreendido pelas mulheres representadas nas crônicas é o objetivo principal da pesquisa. As premissas da Teoria Crítica Feminista abriram o horizonte de questionamentos sobre a divisão hierarquizada entre os gêneros, preconceito, estereótipos e a marginalização da escrita feminina. A pesquisa incluiu reflexões que marcaram o pensamento feminista e suas novas abordagens, bem como os estudos sobre o deslocamento do sujeito e a fragmentação das identidades na chamada modernidade tardia, apontando caminhos para compreender, sob uma ótica não essencialista, as personagens das crônicas clariceanas.129
A RESSIGNIFICAÇÃO DO “VIVER-JUNTO”: A IDIORRITMIA EM AZUL-CORVO (2010), DE ADRIANA LISBOA
Espaço é um artigo de luxo nos tempos atuais, sentencia Roland Barthes em Como Viver Junto (2013). De um lado, uma sociedade que impõe a integração como uma espécie de lei, em que a norma é o comum, ou seja, a comunidade. Uma sociedade que controla e vigia a margem. De outro, indivíduos dilacerados, comprimidos nesse modelo que os obriga a aceitar a herança genealógica e a aderir às identidades coletivas, compulsoriamente. As narrativas contemporâneas refletem esse mal-estar, investindo em sujeitos que questionam e reconfiguram os espaços geográficos, familiares e comunitários. É um desejo de individuação que gera uma tensão, na medida em que se busca uma distância e, ao mesmo tempo, afeto. No conceito de idiorritmia, proposto por Barthes, o Viver-Junto permitiria a cada indivíduo preservar o próprio ritmo. Fantasia utópica ou ressignificação da vida comunitária
Bastardos e órfãos contemporâneos:: a arqueologia da infância nos romances de filiação
A reconstituição das origens configura uma dinâmica narrativa presente em diversas obras no campo literário atual: o retorno ao passado despido de nostalgia, marcado pela tentativa de explicar por meio das origens (reais e imaginárias) as lacunas identitárias. Os romances de filiação integram essa tendência e interrogam a ascendência como um mecanismo para resolver enigmas do presente. As obras Azul-corvo (2010), de Adriana Lisboa, Era meu esse rosto (2012), de Marcia Tiburi, e Chove sobre minha infância (2012), de Miguel Sanches Neto, expõem o percurso de narradores que voltam ao tempo da infância em busca de autoconhecimento e, sobretudo, pertencimento
FALSA MODERNIDADE, FALSOS LEITORES
O debate entre defensores da Antigüidade e da Modernidade animou muitos literatos ao longo dos séculos, não faltando bons argumentos de cada lado. Tal discussão mostrou-se muitas vezes inócua, refém de um movimento cíclico em que o “novo” de hoje torna-se o “arcaico” de amanhã. Ela só avançou a partir da percepção de cada época pode ser considerada perfeita a seu modo, abrindo caminho para o entendimento da beleza atemporal. Fez-se necessário um novo paradigma: o crivo do tempo. Segundo essa concepção, clássicos são obras capazes de atravessar o tempo sem perder o valor estético. Por mais que o cânone seja concebido por meio de instituições e expresse as preferências de determinado grupo, em determinado contexto, ele não resiste à prova do tempo; o tempo liberta a literatura dos valores efêmeros. Em Cândido, Voltaire reflete sobre essa questão, com muita sutileza e ironia. Um diálogo entre dois personagens expressa o perfil de dois leitores distintos. Um deles, Cândido, está disposto a romper suas expectativas habituais por meio da literatura; o outro, Pococuranté, prefere o território seguro dos livros de compreensão instantânea. Enquanto o protagonista maravilha-se diante de Homero, seu interlocutor desdenha a obra, comparando-a uma “medalha enferrujada”. Neste artigo, discute-se um tipo de modernidade que, em vez de designar o novo, refere-se às obras de consumo fácil. Uma falsa modernidade, para falsos leitores
Vozes femininas nas crônicas de Clarice Lispector: diálogo com as diferenças
A voz contundente de Simone de Beauvoir a nos dizer que as mulheres burguesas só são solidárias entre si, ainda hoje pode soar como um alerta à crítica feminista sobre o risco de problematizar as questões referentes ao gênero, a partir de uma visão essencialista da mulher. A chamada Terceira Onda Feminista não quer por em relevo apenas a opressão às quais as mulheres brancas e de classe média são submetidas; as negras, as migrantes, as pobres entram na agenda do feminismo contemporâneo. Busca-se ouvir outras vozes, aceitando as diferenças e as contradições como fundamentais no processo de desconstrução do discurso patriarcal. Em se tratando de autoria feminina no Brasil, esta concepção já aparecia na obra de Clarice Lispector, o que é incontestável em A hora da estrela. Mas, o presente trabalho tem como objetivo analisar outro legado deixado pela autora: as crônicas escritas para o Jornal do Brasil entre 1967 e 1973. Nota-se uma ponte erguida entre a escritora e suas leitoras, cujas vozes aparecem em muitos textos. A intenção é destacar o olhar de Clarice Lispector sobre as mulheres a sua volta, fazendo um recorte nas crônicas em que as personagens são empregadas domésticas, representando as mulheres duplamente oprimidas
Distinct populations of presympathetic-premotor neurons express orexin or melanin-concentrating hormone in the rat lateral hypothalamus
Orexin and melanin-concentrating hormone (MCH) have been implicated in mediating a variety of different behaviors. These include sleep and wakefulness, locomotion, ingestive behaviors, and fight-or-flight response, as well as anxiety- and panic-like behaviors in rodents. Despite such diversity, all these processes require coordinated recruitment of the autonomic and somatomotor efferents. We have previously mapped the locations of presympathetic-premotor neurons (PSPMNs) in the rat brain. These putative dual-function neurons send trans-synaptic projections to somatomotor and sympathetic targets and likely participate in somatomotor-sympathetic integration. A significant portion of these neurons is found within the dorsomedial (DMH) and lateral hypothalamus (LH), areas of the brain that contain MCH- and orexin- synthesizing neurons in the central nervous system. Thus, we hypothesized that hypothalamic PSPMNs utilize MCH or orexin as their neurotransmitter. To test this hypothesis, we identified PSPMNs by using recombinant strains of the pseudorabies virus (PRV) for trans-synaptic tract tracing. PRV-152, a strain that expresses enhanced green fluorescent protein, was injected into sympathectomized gastrocnemius muscle, whereas PRV-BaBlu, which expresses Β-galactosidase, was injected into the adrenal gland in the same animals. By using immunofluorescent methods, we determined whether co-infected neurons express MCH or orexin. Our findings demonstrate that PSPMNs synthesizing either MCH or orexin are present within LH, where they form two separate populations. PSPMNs located around the fornix express orexin, whereas those located around the cerebral peduncle are more likely to express MCH. These two clusters of PSPMNs within LH likely play distinct functional roles in autonomic homeostasis and stress coping mechanisms. J. Comp. Neurol. 505:586–601, 2007. © 2007 Wiley-Liss, Inc.Peer Reviewedhttp://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/2027.42/57335/1/21511_ftp.pd
Falsa modernidade, falsos leitores
O debate entre defensores da Antigüidade e da Modernidade animou muitos literatos ao longo dos séculos, não faltando bons argumentos de cada lado. Tal discussão mostrou-se muitas vezes inócua, refém de um movimento cíclico em que o “novo” de hoje torna-se o “arcaico” de amanhã. Ela só avançou a partir da percepção de cada época pode ser considerada perfeita a seu modo, abrindo caminho para o entendimento da beleza atemporal. Fez-se necessário um novo paradigma: o crivo do tempo. Segundo essa concepção, clássicos são obras capazes de atravessar o tempo sem perder o valor estético. Por mais que o cânone seja concebido por meio de instituições e expresse as preferências de determinado grupo, em determinado contexto, ele não resiste à prova do tempo; o tempo liberta a literatura dos valores efêmeros. Em Cândido, Voltaire reflete sobre essa questão, com muita sutileza e ironia. Um diálogo entre dois personagens expressa o perfil de dois leitores distintos. Um deles, Cândido, está disposto a romper suas expectativas habituais por meio da literatura; o outro, Pococuranté, prefere o território seguro dos livros de compreensão instantânea. Enquanto o protagonista maravilha-se diante de Homero, seu interlocutor desdenha a obra, comparando-a uma “medalha enferrujada”. Neste artigo, discute-se um tipo de modernidade que, em vez de designar o novo, refere-se às obras de consumo fácil. Uma falsa modernidade, para falsos leitores
