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Direitos Indígenas no Ciberespaço: A conectividade nas margens
Uma preocupação cada vez maior pela promoção e protecção dos direitos humanos está agora inquestionavelmente imbricada nas questões mundiais contemporâneas, e uma das consequências tem sido a ampliação do discurso internacional sobre os direitos humanos, que agora inclui os direitos colectivos e indígenas. À medida que o discurso dos direitos humanos se tem tornado cada vez mais globalizado, os povos indígenas têm procurado partir dos direitos humanos como uma linguagem dentro da qual enquadram os seus movimentos, expressam as suas posições e direccionam as suas acções. Este texto procura analisar como as tecnologias de informação e comunicação têm criado um novo espaço que possibilita a expansão dos direitos indígenas recentemente reconhecidos e como, cada vez mais, se assiste à apropriação da tecnologia por comunidades indígenas como instrumento de acção política e de reafirmação da identidade cultural. Pensando a indigenização das tecnologias de informação e comunicação como exemplo do que se pode designar como a construção cultural da tecnologia, este texto procura também reflectir sobre as dinâmicas da visibilidade/invisibilidade dos povos indígenas na sociedade da informação
Ultrapassando Vedações e Resgatando Memórias
Neste texto pretende-se refletir sobre a importância das representações visuais na redescoberta e recuperação de histórias do violento passado colonial da Austrália, reinvestindo-as de significado e poder de reflexão e ação. Com este objetivo, exploram-se duas importantes referências: a investigação de Roslyn Poignant sobre o encarceramento de um grupo de indígenas australianos no mundo do espectáculo Ocidental, com a sua recuperação de fotografias do arquivo colonial, e o filme Rabbit-Proof Fence (2002), que lida com o processo histórico que se designou na Austrália por “Gerações Roubadas” – exemplos que procuram romper com o silêncio da memória indígena australiana e resgatá-la
Ultrapassando Vedações e Resgatando Memórias
Neste texto pretende-se refletir sobre a importância das representações visuais na redescoberta e recuperação de histórias do violento passado colonial da Austrália, reinvestindo-as de significado e poder de reflexão e ação. Com este objetivo, exploram-se duas importantes referências: a investigação de Roslyn Poignant sobre o encarceramento de um grupo de indígenas australianos no mundo do espectáculo Ocidental, com a sua recuperação de fotografias do arquivo colonial, e o filme Rabbit-Proof Fence (2002), que lida com o processo histórico que se designou na Austrália por “Gerações Roubadas” – exemplos que procuram romper com o silêncio da memória indígena australiana e resgatá-la
A Fotografia Doméstica e as Suas Práticas no Quotidiano
Tese no âmbito do Doutoramento em Antropologia, Antropologia Social e Cultural, apresentada ao Departamento Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.As novas tecnologias, aplicações, e as múltiplas plataformas visuais permitem uma
produção, exibição e distribuição de fotografias pessoais sem precedentes, impulsionando
a forte visibilidade e popularidade da fotografia doméstica, cujas práticas estão cada vez
mais incorporadas nas dinâmicas da vida quotidiana. Distanciando-se da perspectiva
tecnocentrada que estabelece uma oposição entre fotografia analógica e fotografia digital,
a presente tese procurou olhar para a forma como as tecnologias visuais estão a ser
efectivamente apropriadas e integradas na vida quotidiana, nomeadamente compreender
as práticas fotográficas em relação às continuidades e rupturas que os media digitais
transportam consigo. A partir de dois estudos de caso, esta investigação explora
etnograficamente a complexidade e a pluralidade de práticas, narrativas e processos de
construção de significado relacionados com a fotografia digital na vida quotidiana. No
primeiro estudo de caso, serão analisadas as práticas da fotografia doméstica digital e a
sua imbricação na vida quotidiana de um grupo de seis famílias portuguesas. Será dada
uma atenção especial à sua dinâmica nas relações familiares e à integração, negociação,
adaptação e re-significação com práticas antecedentes da memória e da fotografia de
família. O segundo estudo de caso centra-se na produção, consumo e partilha fotografias
– entre as quais selfies e fotografias de roupas, armários e quartos – por parte de um grupo
de jovens mulheres portuguesas que criaram perfis de Facebook com o intuito de vender
ou trocar as suas roupas. Será analisado como as práticas visuais das mulheres que gerem
estes perfis de venda no Facebook não são somente centrais para os novos mercados de
moda, mas como estão também inseridas em processos de micro-celebridade e de selfbranding. Será igualmente analisada a construção discursiva da selfie nos media
populares e a sua repercussão nas práticas fotográficas, nomeadamente na existência de
um conjunto de regras implícitas, um género de etiqueta de onde, quando e como se
devem tirar e partilhar selfies. Em conjunto, estes estudos de caso, ancorados em
observação participante e entrevistas em profundidade, ajudam-nos a compreender como
usamos a fotografia, a dar conta da diversidade e complexidade das práticas fotográficas
da vida quotidiana e a reflectir empiricamente sobre as complexas imbricações entre
sociedade, cultura e tecnologia.New technologies, applications, and various visual platforms allow an unprecedented
level of production, display, and distribution of personal photographs, enhancing the
popularity and creating a strong visibility of domestic photography. These practices have
become increasingly integrated into the dynamics of everyday life. Distancing itself from
the technocentric perspective that establish an opposition between analog and digital
photography, this thesis seeks to look at how visual technologies are being effectively
appropriated and integrated into everyday life, namely by understanding photographic
practices with regard to the continuity and disruption that digital media entail. By
analysing two case studies, this research explores ethnographically the complexity and
plurality of practices, narratives and processes of meaning-making related to digital
photography in everyday life. In the first case study, we will look at the practices of digital
domestic photography and how they interweave into the daily life of a group of six
Portuguese families. Special attention will be given to its dynamics in family relationships
and to the integration, negotiation, adaptation and resignification regarding previous
practices of memory and family photography. The second case study focuses on the
production, consumption and sharing of photographs - including selfies and photographs
of clothing, closets and bedrooms - by a group of young Portuguese women who created
Facebook profiles in order to sell or exchange their clothing. We will analyze how the
visual approaches of the women who manage these sales profiles on Facebook are not
only important to the new fashion markets, but are also integrated into processes of microcelebrity and self-branding. We will also analyze the discursive construction of selfies in
popular media and their repercussions in photographic practices, namely in the existence
of a set of implicit rules, a kind of label that establishes where, when and how to take and
share selfies. Taken together, these case studies, grounded in participant observation and
in-depth interviews, help us to understand how we use photography, to account for the
diversity and complexity of everyday photographic practices, and to reflect empirically
on the complex interweaving between society, culture and technology