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Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, a Academia Real Militar do Rio de Janeiro e a definição de um gênero científico no Brasil em inícios do século XIX
Na sequência da transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1807/1808, foi fundada a Academia Real Militar do Rio de Janeiro, em 1810, com o objetivo de formar a elite técnico-científica do Estado joanino. Orientada por tais objetivos educativos, essa escola superior de ensino técnico instituiu, no Brasil, um modelo de ciência e de ensino científico de matriz politécnica. A astronomia foi um exemplo dessa tendência. Num período em que a astronomia esférica se ia tornando crescentemente uma disciplina autônoma, Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, professor de astronomia na Academia Real Militar do Rio de Janeiro, decidiu orientar o seu curso para esse ramo aplicado da astronomia e escreveu aquele que viria a tornar-se um dos primeiros manuais de astronomia esférica, um gênero maior da literatura científica do século XIX
THE PARADISE OF THE ASTRONOMER: THE EMPIRE SKY BY CRISTOFORO BORRI (1583-1632)
This article aims to analyze the empyreal sky theory according
to Cristoporo Borri (1583-1632). That was one of the few theories which,
since the beginning of the 17th century and except for special cases, was
almost exclusively defended by catholic authors and specially jesuits. In
traditional cosmological conception, the empyreal sky was a corporeal
sky that used to limit the universe and in which were placed God and the
well-gifted. There was no physical evidence of that sky and, due to this,
the reasons to defend the existence of the empyreal sky are basically of
theological and philosophical nature. Thus, it is understood that most
of authors who state the existence and discuss the characteristics of that
sky are theologians or philosopher. However, in the first half of 17th
century, a group of jesuit astronomers also struggled in analyzing the
empyreal sky, proposing an integrated view of cosmus where explanations
from theology, philosophy and mathematics matched. Among those
astronomers, the italian Cristoforo Borri, who is the author of Collecta
astronomica ex doctrina, published in Lisbon in 1631 is remarkable. In
this work, which had a great impact in portuguese influenced cultural
world, Borri defended a division of the skies in three parts. According to
that, the universe was organized in aerial sky, ethereal sky and empyreal
sky. What was the nature of this sky? Was the empyreal sky a solid or a
fluid body? What was its shape? These are some of the inquiries analyzed
in this article
Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, a Academia Real Militar do Rio de Janeiro e a definição de um gênero científico no Brasil em inícios do século XIX Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, the Royal Military Academy of Rio de Janeiro and the definition of a scientific genre in Brazil in the early 19th century
Na sequência da transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1807/1808, foi fundada a Academia Real Militar do Rio de Janeiro, em 1810, com o objetivo de formar a elite técnico-científica do Estado joanino. Orientada por tais objetivos educativos, essa escola superior de ensino técnico instituiu, no Brasil, um modelo de ciência e de ensino científico de matriz politécnica. A astronomia foi um exemplo dessa tendência. Num período em que a astronomia esférica se ia tornando crescentemente uma disciplina autônoma, Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, professor de astronomia na Academia Real Militar do Rio de Janeiro, decidiu orientar o seu curso para esse ramo aplicado da astronomia e escreveu aquele que viria a tornar-se um dos primeiros manuais de astronomia esférica, um gênero maior da literatura científica do século XIX.<br>Following the transfer of the Portuguese court to Rio de Janeiro in 1807-8, the Royal Military Academy of Rio de Janeiro was created in 1810 to train the state's technical and scientific elite. Guided by its educational aims, this higher education technical school institutionalized a polytechnic model of science and science teaching in Brazil. Astronomy is a case in point. In a period when spherical astronomy was becoming an autonomous discipline, Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, professor of astronomy at the Royal Military Academy of Rio de Janeiro, decided to orient his course to this applied branch of astronomy and authored what was to become one of the first textbooks on spherical astronomy, a major genre of scientific literature in the nineteenth century
O PARAÍSO DO ASTRÓNOMO: O CÉU EMPÍREO SEGUNDO CRISTOFORO BORRI (1583-1632)
Neste artigo, analisar-se-á a teoria do céu empíreo segundo o astrônomo Cristoforo Borri (1583-1632). Esta era uma das poucas teorias que, a partir de inícios do século XVII e salvo casos excepcionais, foi defendida quase exclusivamente por autores católicos e, em particular, por jesuítas. Na concepção cosmológica tradicional, o céu empíreo era um céu corpóreo que limitava o universo e no qual se encontravam Deus e os bem-aventurados. Não havia evidência física deste céu e, por isso, as razões para defender a existência do céu empíreo eram basicamente de natureza teológica e filosófica. Assim, se compreende que a maioria dos autores que fundamentam a existência e discutem as características deste céu sejam teólogos ou filósofos. Contudo, na primeira metade do século XVII, um conjunto de astrônomos jesuítas dedicou-se, também, à análise do céu empíreo, propondo uma visão integrada do cosmos onde explicações provenientes da teologia, filosofia e matemática se complementavam. Entre estes astrônomos, destaca-se o italiano Cristoforo Borri, autor de Collecta astronomica ex doctrina, obra publicada em Lisboa, em 1631. Nesta obra, que teve grande impacto no mundo cultural de influência portuguesa, Borri defendeu uma divisão tripartida dos céus, segundo a qual o universo se organizaria em céu aéreo, céu etéreo e céu empíreo. Qual era a natureza deste último céu? Era o céu empíreo um corpo sólido ou fluido? Qual era a sua forma? Estas são algumas das questões em análise no presente artigo. Palavras-Chave: Cristoforo Borri; Teoria do céu empíreo; Astronomia jesuític
Radiology Service Bus: Interoperabilidade semântica para Radiologia
A integração de sistemas é um tema sempre actual na temática das tecnologias
de informação. Desde há muito tempo que as grandes empresas identificaram
a necessidade de integrar dados de diferentes sistemas, criando mais valor para
os seus negócios.
Alguns sectores da indústria estão claramente mais avançados do que outros
no que diz respeito à integração de sistemas. Alguns factores, como a concorrência
e competitividade mais agressiva em alguns mercados, foram os catalisadores
desses avanços tecnológicos. A indústria da saúde não foi, infelizmente, um dos
sectores onde se registaram grandes avanços na integração de sistemas. Foi, no
entanto, onde se registou uma explosão de normas e protocolos que suportam
as diversas disciplinas da medicina, como por ex, a Radiologia. Essas normas
e protocolos permitiram dotar a medicina de meios mais rigorosos de produzir
diagnósticos e encontrar curas para as mais diversas patologias.
Existem muitos produtos que adoptam estas normas. As organizações foram,
progressivamente, adquirindo esses produtos mas sem grande preocupação
da eventual necessidade da integração. A disciplina da Radiologia é uma das
disciplinas onde se verifica, ainda hoje, uma enorme diversidade de equipamentos
e sistemas de informação mas onde se encontra desafios consideráveis no que
diz respeito à integração. Foram esses desafios que despoletaram o interesse de
investigação e cujos resultados se partilham nesta dissertação.ABSTRACT:
Systems integration it’s always a current topic in information technology.
Since a long time the biggest companies identified the need to integrate data from
different systems and create value for their businesses.
Some industries are clearly more advanced when it comes to systems integration.
Fierce competition and the need to keep a competitive edge boosted the
development of this technology. The healthcare industry was not, unfortunately,
one of the industries with relevant developments. While this may be true, it is
the industry richest in standards and protocols supporting multiple areas like
Radiology, for example. All of those standards and protocols have contributed to
more accurate and strict diagnosis in healthcare, ultimately leading to the cure
of all kinds of pathologies.
There are many products that implement these standards. Organizations
progressively acquired some of those products without relevant consideration on
any integration requirements. Radiology is exactly one of those healthcare disciplines
where it’s easy to find a multitude of instruments and information systems,
all of them with considerate challenges when it comes to integration. Those challenges
triggered this research, whose findings are presented in this thesis
Agant corpora coelestia in sublunarem mundum an non? ciência, astrologia e sociedade em Portugal (1593-1755)
"Sem resumo feito pelo autor" A historiografia da Ciência em Portugal, estudando a realidade dos séculos XVII e XVIII, tem-se centrado no debate sobre o "atraso cientifico" português. Do seu ponto de vista, Portugal mantivera-se isolado face à eclosão da "Revolução Científica" que marcara a Europa desse período. Não haviam aqui nascido nem desenvolvido suas teses determinantes nenhum Galileu, Descartes ou Newton... Diferentes foram, contudo, as formas de gerir esta "realidade". Se uns autores esforçadamente procuraram encontrar nos pensadores portugueses os percursores que, de alguma forma, antiveram essa revolução intelectual, outros atenuaram o isolamento português em relação à Europa e outros ainda, mais desesperados, não deixaram de apontar a estranheza total do "espírito nacional" - como gostaram de afirmar - a esse dinamismo cultural e científico que vivificou a maioria dos europeus dessa época.
Há, todavia, várias razões que explicam esta posição. Uma delas prende-se directamente com os cultores desta área de conhecimento em Portugal. A História da Ciência entre nós tem sido desenvolvida maioritariamente quer por investigadores
provenientes da área das Ciências Exactas e das Ciências Naturais quer
por autores que se situam no campo da História da Cultura, sem que
tenha existido entre ambas as partes um verdadeiro esforço por operar
a interdisciplinaridade que caracteriza esta disciplina. Daqui
resulta que não obstante os estudos muito meritórios e fundadores que
desenvolveram, a perspectiva seguida foi frequentemente marcada pelo
anacronismo.
Contudo, ao contrário do que transparece das suas obras, a
Europa do século XVII foi atravessada por um debate riquíssimo
envolvendo temáticas muito diversas, onde se cruzaram correntes
culturais tão distintas como o Neo-Platonismo, o Atomismo e o
Aristotelismo. É certo que aquilo que veio a resultar no que hoje
designamos de "Revolução Científica" foi apenas uma das mais felizes
sínteses desse século, mas foi também apenas um dos compromissos à
partida possíveis. O nascimento da Ciência Moderna não foi, portanto,
um processo linear, uma caminhada de teoria em teoria até à tese certa.
No presente trabalho ao invés de perspectivar a ciência como
um progresso da racionalidade, pretendemos ilustrar como
frequentemente sobre questões determinadas mas determinantes no
debate filosófico, coexistiam posições muito modernas ao lado de
outras bem mais antigas. A questão historiográfica não se deve,
portanto, reduzir à constatação da defesa da tese X e da posição Y.
Mais do que um levantamento da (in)existência de "teses modernas",
há que estudar os compromissos culturais e científicos, perceber
a sua razão e traçar os seus limites. Tal é o que pretendemos fazer
com o trabalho que agora se inicia.
articulam as posições nucleares do Aristotelismo característico da Segunda Escolástica vigente no Portugal seiscentista, inicia-se com a I parte a análise da teoria da influência dos corpos celestes na região terrestre. No primeiro capitulo examinar-se-á esta tese em pormenor, no segundo traçar-se-ão os seus limites, discutindo a hipótese do conhecimento astrológico no contexto da intensa polémica renascentista e contra-reformista em torno deste saber, e, no capítulo 3, a análise recairá sobre o recurso licito às influências astrais, nomeadamente no que se refere à medicina, à meteorologia e outros aspectos com esta relacionados.
Se a primeira parte se deteve nos aspectos mais teóricos, a segunda em contrapartida procurará analisar o impacto da teoria da influência planetária na sociedade da época. Assim, o capítulo 4 focar-se-á na parenética e na utilização retórica desta posição e o capítulo seguinte na relação entre esta teoria e as crenças messiânicas que marcaram a sociedade da época. Esta II parte termina com um estudo sobre os almanaques astrológicos, peças responsáveis em grande parte pela vivência social da teoria da influência astral.
Na terceira parte analisar-se-ão os aspectos dinâmicos, o que equivale a dizer o processo complexo que conduziu a uma desacreditação desta teoria no campo da filosofia natural. O capitulo 7 centrar-se-á nos fenómenos cósmicos surgidos em finais do século XVII e inícios do seguinte. Estes fenómenos conduziram à defesa de novas teses e, em princípio, questionariam a presente teoria da influência celeste. No capitulo 8 estudar-se-ão as alterações sugidas ao nível dos critérios de constituição e validação do saber cientifico e, por, fim o capítulo 4 traçará o perfil da critica de cariz iluminista a que, a partir do século XVIII, a astrologia se viu submetida.