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Existir sobre as águas: refletindo “territorialidade” amazônica a partir do viver estuarino da “aquabilidade”
As expertises de uma vida marajoara e de pesquisas implementadas na Ilha do Pará, Município de Afuá, no Marajó das Florestas, nos conduziram ao questionamento de determinados postulados teóricos responsáveis por alimentar os processos de interpretação/representação acerca da relação de ocupação humana amazônica. A esse respeito, nos referimos especificamente ao pressuposto cartesiano de que toda a existência humana está predisposta a se desenrolar sob o solo. Deste modo, partindo da crítica a respeito dos contextos e do prefixo que atribui sentido a tal forma de existir, assimilado pelos usos da categoria territorialidade, buscamos nos posicionar por intermédio do presente artigo em favor de uma alternativa aproximada ao que foi observado na vida estuarina, elaborada por homens e mulheres marajoaras, considerando as águas dos rios como lugares onde também ocorrem manifestações da vida antrópica amazônica, expressa na ideia de uma “aquabilidade”
Ecologia política da construção sócio-institucional das Reservas Extrativistas nos maretórios do Pará
As Reservas Extrativistas Marinhas (REMs) são Unidades de Conservação costeiras que têm entre seus objetivos a proteção dos modos de vida e cultura das comunidades tradicionais residentes e melhorias econômicas com o uso sustentável da sociobiodiversidade. Na região das REMs na Amazônia brasileira, caracterizada por estuários e manguezais, os atores locais resistem à noção terrestre de território, para, em vez disso, promoverem o maretório (derivado das palavras em português para mar e território) como conceito espacial e institucional. A institucionalização dessas REMs ocorreu a partir da mobilização das comunidades diante de conflitos socioambientais, tais como a violação de regras de costume. Este artigo busca identificar, i) as principais razões que levaram à criação e ampliação das REMs e, neste contexto, ii) as evidências de normas de Direito costumeiro das comunidades tradicionais. Foram analisados processos administrativos oficiais que contêm informações fornecidas por atores das comunidades apontando para a ocorrência de um conflito comum: a ameaça à pesca artesanal tradicional. Esse conflito envolve principalmente práticas de pescas predatórias que ameaçam o ecossistema do mangue e a pressão externa da pesca industrial. Por fim, evidenciou-se a relação direta da violação do Direito costumeiro, o surgimento de conflitos socioambientais e as demandas pela institucionalização do maretório
Condições de estabilização da agricultura familiar em Santo Antônio do Tauá-PA
Este trabalho discute quais relações se estabelecem entre agricultura familiar e sustentabilidade na Amazônia. Procura entender esta relação partindo da diferenciação entre a dinâmica do ciclo de fronteira e a complexificação dos agrossistemas como mecanismo de estabilização territorial. Para a análise, recorta-se da fronteira antiga do nordeste paraense, o município de Santo Antônio do Tauá em duas comunidades com trajetórias socioespaciais diferentes. Analisa-se ainda até que ponto as práticas agrícolas de estabelecimentos familiares, muitas vezes conceituadas como insustentáveis, respondem de fato pela degradação florestal e dos recursos hídricos nos territórios de desenvolvimento da agricultura familiar na região. Metodologicamente utiliza-se de visitas a campo e entrevistas semi-estruturadas com agricultores para compreender os processos de sustentabilidade dos agrossistemas além de mobilização teórica de trajetórias agrícolas na Amazônia e sujeitos no campo. Conclui-se que abordagens teórico e metodologicamente mais amplas são imprescindíveis para abstrair elementos do agrossistema familiar responsáveis pela manutenção da sustentabilidade, elementos que transcendem a análise técnica de plantios e práticas, que incorporam decisões socioeconômicas em momentos de crise, de auge produtivo, de emprego de mão de obra familiar e de escolhas sobre culturas e áreas
An insight from the sea: provenance studies on Roman lead artefacts from the Arade River, Portimão (Portugal)
In the present study, 37 lead artefacts were characterised to identify possible lead sources allowing to establish trade fluxes concerning food and textile products during Roman times. These artefacts were uncovered by dredging works at the Arade River estuary (Portimão). The city of Portimão (Lusitania province) was an important harbour, where several fish-processing factories were installed, and Arade River provides major access to the hinterland, both displaying an important commercial activity during the Late Antiquity. The methodology includes the typological and chemical (elemental and Pb isotopes) characterisation of artefacts. Samples were divided into the following: (i) rectangular plaques with decorations in relief such as tridents, fishes, or palms leaf, an iconography known to be displayed in some African amphora handles; (ii) small plaques with one perforation and incised Roman numerals, probably related with textile products; and (iii) fishing net weights, smooth plaques of unknown functionality, and a small rectangular prismatic plaque, perhaps an ingot. Elemental analysis was performed by ICP-MS, and results were interpreted by multivariate statistical analysis, which suggested different processes to obtain raw materials, namely lead obtained by the reduction of litharge or smelting of silver-poor galena. Cluster analysis grouped most of samples with motif depictions, which were further analysed by MC-ICP-MS to determine Pb isotope ratios. The possible sources of lead were identified by combining archaeological data with the nearest Euclidean neighbours using a large database comprising the Iberian Peninsula and Mediterranean region. The Pb isotope signatures suggested lead sources located not only in the Iberian Peninsula but also in North Africa, evidencing a long-distance trade between those Roman provinces.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Paparâmetros químicos e físico-químicos da qualidade do café (Coffea arabica L.) submetido a cinco tempos de amontoa antes da secagem em terreiro
[POR] Vários fatores são responsáveis por modificações indesejáveis no café, principalmente fatores que atuam na fase de pós-colheita, o que compromete a composição química do grão e a qualidade da bebida. Os processos fermentativos que ocorrem principalmente durante o preparo e secagem dos frutos constitui um dos principais responsáveis pelo detrimento da qualidade dos grãos. A amontoa dos frutos na lavoura ou no terreiro em sacos à espera de secagem é prática comum em função das dificuldades encontradas no transporte para o terreiro, falta de espaço no terreiro, chuva na colheita, dentre outros fatores, é um procedimento não recomendado. Porém, a falta de embasamento científico relacionado com as modificações que possam ocorrer na composição química e físico-química dos grãos em decorrência de tal prática objetivou o presente trabalho. A derriça dos frutos foi realizada na fazenda Estância da Lagoa no município de Perdões-MG tilizando-se a cultivar Mundo Novo, variedade Acaiá. Após a derriça, os frutos foram transportados para a Fazenda Experimental da EPAMIG/CTSM onde ficaram acondicionados em sacos de polietileno trançado dispostos em terreiro de cimento e foram submetidos a cinco tempos de amontoa para secagem no terreiro (T0, T1, T2, T3 e T4) sendo respectivamente, 0, 1, 2, 3 e 4 dias de amontoa. A secagem após cada período de amontoa foi realizada de forma adequada , sendo os frutos revolvidos várias vezes ao dia. As análises de Condutividade Elétrica, Lixiviação de Potássio, Atividade da Polifenoloxidase (PFO), pH, Acidez Titulável, Sólidos Solúveis e Escurecimento nos grãos beneficiados foram realizadas no Laboratório de Produtos Vegetais do DCA/UFLA e no Laboratório Dr. Alcides de Carvalho na EPAMIG/EcoCentro/CTSM. Os teores médios para Condutividade Elétrica, Lixiviação de Potássio e Acidez Titulável sofreram aumentos ao longo do tempo de amontoa. A Atividade da enzima Polifenoloxidase (PFO), o pH e a porcentagem de Sólidos Solúveis não sofreram variações significativas em enhum dos tempos de amontoa estudados. O índice de coloração diminuiu com o aumento do tempo de amontoa. De maneira geral, o processo de amontoa comprometeu de forma significativa a qualidade dos grãos
Exploiting Leishmania—Primed Dendritic Cells as Potential Immunomodulators of Canine Immune Response
Funding Information: This research was funded by the FCT-Foundation for Science and Technology, I.P., through research grants PTDC/CVT-CVT/28908/2017 (http://doi.org/10.54499/PTDC/CVT-CVT/28908/2017) and PTDC/CVT-CVT/0228/2020 (http://doi.org/10.54499/PTDC/CVT-CVT/0228/2020) and by national funds within the scope of Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA, UIDB/00276/2020), AL4AnimalS—LA/P/0059/2020, Global Health and Tropical Medicine (GHTM, UID/04413/2020), and LA-REAL—LA/P/0117/2020. Publisher Copyright: © 2024 by the authors.Dendritic cells (DCs) capture pathogens and process antigens, playing a crucial role in activating naïve T cells, bridging the gap between innate and acquired immunity. However, little is known about DC activation when facing Leishmania parasites. Thus, this study investigates in vitro activity of canine peripheral blood-derived DCs (moDCs) exposed to L. infantum and L. amazonensis parasites and their extracellular vesicles (EVs). L. infantum increased toll-like receptor 4 gene expression in synergy with nuclear factor κB activation and the generation of pro-inflammatory cytokines. This parasite also induced the expression of class II molecules of major histocompatibility complex (MHC) and upregulated co-stimulatory molecule CD86, which, together with the release of chemokine CXCL16, can attract and help in T lymphocyte activation. In contrast, L. amazonensis induced moDCs to generate a mix of pro- and anti-inflammatory cytokines, indicating that this parasite can establish a different immune relationship with DCs. EVs promoted moDCs to express class I MHC associated with the upregulation of co-stimulatory molecules and the release of CXCL16, suggesting that EVs can modulate moDCs to attract cytotoxic CD8+ T cells. Thus, these parasites and their EVs can shape DC activation. A detailed understanding of DC activation may open new avenues for the development of advanced leishmaniasis control strategies.publishersversionpublishe
Pectinases produzidas pelo agente biológico g088: Extração e purificação
[POR] As pectinases são responsáveis pela degradação de uma molécula complexa de pectina, as quais estão presentes em todos os tecidos vegetais jovens. A produção de pectinases em microorganismos é influenciada pelo tempo de cultivo e escolha de linhagens apropriadas. Considerando-se a crescente utilização de enzimas provenientes de microorganismos no mercado atual, diferentes procedimentos para isolamento e purificação estão sendo estudados. Este trabalho objetivou definir o tempo ideal de cultivo de um agente biológico para um melhor desenvolvimento e produção enzimática, além de purificar parcialmente as pectinases produzidas. Para tal, foi utilizado o arroz como fonte de carbono e energia, os quais são necessários ao crescimento microbiano como à produção de pectinases. A atividade de pectinametilesterase e poligalacturonase foi avaliada após o período de 10, 15 e 20 dias de inoculação do agente biológico no substrato, como também em cada etapa de purificação enzimática, segundo a metodologia de Jen e Robinson (1984) e Pressey e Avants (1973). A extração do complexo enzimático foi obtida por homogeneização em soluções tampão em diferentes ph (4, 5 e 6), seguida de centrifugação e precipitação com sulfato de amônio em diferentes concentrações (20,40 e 60%). De acordo com os resultados obtidos pode-se estimar que para se obter uma atividade ótima das enzimas em estudo, o agente biológico deve permanecer no substrato por 10 dias, apresentando uma média de atividade igual a 105,52 (U/g min) para poligalacturonase e 1480 (U/g min) para pectinametilesterase. Os resultados também evidenciaram que o tampão benzoato pH 4,0 apresentou melhores condições para a extração de ambas as enzimas em estudo. A enzima presente no extrato bruto foi então precipitada através de uma saturação com sulfato de amônio à 60%, com um rendimento final de 108,74% para PME e 10,55% para PG e com um índice de purificação de 14,24 e 1,39, respectivamente. Portanto conclui-se que até 10 dias de cultivo do agente biológico, tem-se uma produção enzimática crescente, após esse período inicia-se um declíneo no crescimento do agente biológico, como também na sua atividade enzimática. A purificação parcial obtida foi bastante significativa, pois comparando-se os resultados obtidos com outros processos de purificação enzimática, nota-se que o rendimento e índice de purificação, encontram-se dentro da média observada
Utilização de resíduos agroindustriais como substratos para produção de enzimas pectinolíticas pelo agente biológico “G088
[POR] Recentemente, um grande número de microrganismos, isolado de diferentes materiais tem sido selecionado, por sua habilidade de degradar os polissacarídeos presentes em biomassa vegetal produzindo pectinases (enzimas pectinolíticas) em substratos sólidos. As enzimas pectinolíticas têm grande importância comercial para diversas aplicações industriais, como melhorar os rendimentos de suco e clarificação na indústria de alimentos, cervejaria e indústria farmacêutica e têxtil. Objetivou-se com este trabalho avaliar o potencial de produção de enzimas pectinolíticas pelo agente biológico “G088” em resíduos vegetais utilizados como substratos. A primeira etapa foi inocular o agente biológico nos diferentes substratos: bagaço de laranja, bagaço de cana de açúcar, casca de uva, casca de maracujá, casca de café e arroz. As atividades enzimáticas de poligalacturonase (PG) e pectina metil esterase (PME) dos substratos foram avaliadas em função do tempo de cultivo e do tipo de substrato. Foram feitas análises de quantificação de pectina, pH, umidade e acidez titulável dos substratos com inóculo e da composição centesimal dos substratos sem inóculo. Os diferentes substratos apresentaram atividades da PG e PME, com destaque para a casca de uva e arroz. Porém o melhor substrato para produção de PG (117,35 U/g) e PME (1760 U/g) aos 14 dias foi à casca de uva. A composição do substrato tem influência direta na produção de PG e PME