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“Decifra-me ou te devoro!” - os desafios propostos pelas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de formação de professores e as licenciaturas em História (2002-2019)
The paper subject matter is the curricular guidelines approved by the National Council of Education, since the beginning of this century, prescribing the determinations proposed for teacher training. The three guidelines proposed in this century are confronted with the analysis of 75 curricular paths of training history teachers, through the analysis of egress profiles contained in the pedagogical projects. Throughout the following reflection, we argue that the guidelines promulgated in 2002 and 2015 point to the need for changes, but maintain the training matrix based on the domain of reference knowledge and educational sciences. The guidelines approved in 2019 subvert that matrix, when conceiving teacher training as the appropriation of procedures necessary for the implementation of the proposed curriculum for Basic Education. In the seventeen years that separate 2002 from 2019, History degree courses promoted formal changes that did not address the issues proposed by the guidelines. The article points out, then, the need for History teacher training degrees to pay attention to teacher training, standing up to the issues raised by that council, so as not to succumb to the principle underlying the last approved guidelines: the precariousness of licentiate degrees and teaching.
Keywords: teacher training; degrees in History; curriculum; History teaching; legislation.O artigo problematiza as diretrizes curriculares aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, desde o início deste século, perscrutando as determinações propostas para os percursos de formação docente. As diretrizes são confrontadas com a análise dos perfis de egressos de 75 percursos curriculares de formação de professores de História, contidos nos Projetos Pedagógicos de Curso oferecidos por instituições públicas de ensino superior. Argumentamos que as diretrizes promulgadas em 2002 e 2015 apontam a necessidade de mudanças na formação inicial, mas mantêm a matriz de formação pautada no domínio dos saberes de referência e das ciências da Educação. As diretrizes aprovadas em 2019 subvertem aquela matriz, ao conceber a formação docente como a apropriação de procedimentos necessários à implementação do currículo proposto para a Educação Básica. Nos 17 anos que separam 2002 de 2019, os cursos de licenciatura em História promoveram alterações formais que não enfrentaram as questões propostas pelas diretrizes. O artigo aponta, então, a necessidade de os cursos de formação de professores de História atentarem para a formação docente, enfrentando as questões situadas por aquele conselho, de modo a não sucumbirem ao princípio subjacente às últimas diretrizes aprovadas: a precarização das licenciaturas e da docência.
Palavras-chave: formação de professores; licenciaturas em história; currículo; ensino de história; legislação
O Diretório dos Índios e as Chefias Indígenas: Uma inflexão
This article deals with the transformation of the statute of indigenous chieftainships which occurred in the second
half of eighteenth century as a consequence of the introduction of the law of the Directory of the Indians. This
law had for objective the regulation of the freedom granted to the Indians in June 6th of 1755. It also intended to
constitute a project of civilization of the aboriginal populations of the Amazonian Valley. In this sense, the processes
of recruitment of those populations led to alterations in the nature of the indigenous chieftainships which from
being constituted in relation to traditional processes and values started to be constructed by means of the Indians
insertion in the colonial society of the Valley and also in its hierarchy.Este artigo trata da transformação ocorrida no estatuto das chefias indígenas, ao longo da segunda metade do século XVIII, em função da introdução da lei do Diretório dos Índios. Essa lei teve por objetivo a regulação da liberdade concedida aos índios em seis de junho de 1755 e pretendeu, também, constituir um projeto de civilização das populações indígenas do Vale Amazônico. Nesse sentido, os processos de arregimentação daquelas populações acabou por empreender uma alteração na natureza das chefias nativas antes constituídas em função de valores e processos tradicionais, elas passaram a se construir por meio da inserção na sociedade colonial do Vale e, conseqüentemente, na sua hierarquia
Prejudice and discrimination beyond the classroom: sociability and Youth culture in the school environment
This article analyzes the engendered and lived youth sociabilities in the school environment. Through them, we question the way in which youth culture is related to the school and also how they deal with prejudice and discrimination. We argue that the school is an important space for sociability in youth culture. It is where significant part of social relations takes place. Nevertheless, this important dimension of the formation process is not an object of pedagogical intervention. The perceived sociabilities incorporate a meaningful discriminatory constituent based on color, race, gender and religious affiliation prejudice. Practiced in classrooms, hallways, courtyards and school courts, they are not object of educational action but in borderline cases, subject to punishment.O presente artigo analisa as sociabilidades juvenis engendradas e vividas no ambiente escolar. Por meio delas, problematizamos o modo pelo qual a cultura juvenil se relaciona com a Escola e, também, como elas lidam com o preconceito e a discriminação. Argumentamos, nesse sentido, que a Escola constitui um importante espaço de sociabilidade na cultura juvenil. É nela que parte significativa das relações sociais se efetiva. Não obstante, essa dimensão importantíssima do processo de formação não é objeto de intervenção pedagógica. As sociabilidades observadas incorporam um significativo componente discriminatório, sustentado em preconceitos de cor, raça, gênero e confissão religiosa. Exercidas nas salas de aula, nos corredores, pátios e quadras escolares, elas não constituem objeto de ação educativa, senão em casos limites, sujeitos à punição
Os conteúdos étnico-raciais na educação brasileira: práticas em curso
A Lei 10.639/2003, desde que foi promulgada, engendrou uma nova dinâmica nas escolas. Instados pelas determinações legais, gestores e professores formularam alternativas para fazer frente aos dispositivos que introduziram as temáticas da História da África e da Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares do Ensino Fundamental. A análise sobre essas iniciativas evidencia mais do que a visão que esses agentes escolares cultivam sobre as temáticas propostas. Ela viabiliza um quadro singular do ambiente escolar, de suas virtudes e vícios. A partir da análise de seis escolas, de quatro Estados da Região Norte, o artigo demonstra que o improviso e a “boa intenção” superam, em muito, o investimento em pesquisa e formação continuada, para o enfrentamento da questão étnico-racial. Os resultados positivos, importantíssimos para os alunos, não escondem a fragilidade das iniciativas
NOTAS SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE O SABER HISTÓRICO ESCOLAR NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HIST
O artigo aborda a formação docente, tendo em vista o espaço destinado ao saber escolar nos cursos de formação de professores de História. Para tanto, analisa os saberes que concorrem para a docência, cujo objetivo é demarcar as três competências que o professor deve compreender: o saber de referência, o saber sobre os processos de ensino-aprendizagem e o saber sobre os sujeitos com os quais interage. Nesse sentido, os autores consideram a legislação que reformula a perspectiva nos currículos da Educação Básica e os processos de formação de professores de História, de modo a perceber o lugar ocupado pelas discussões acerca das questões que interessam à Escola, seus agentes e o saber ali operado. Concluem que o saber docente não apenas cumpre função periférica nos processos de formação, como assumem um sentido meramente instrumental, o que denota uma fragilidade na formação docente em história na dimensão pedagógica
A história de um passado “injusto”: povos indígenas, livro didático e formação para cidadania
O trabalho propõe a reflexão sobre a relação entre ensino de História e formação para a Cidadania, a partir das narrativas sobre os povos indígenas nos livros didáti-cos de História para o Ensino Fundamental, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático e utilizados no município de Belém, no estado do Pará. Argumenta-mos que a representação do Índio na narrativa didática possui determinada função pedagógica que inviabiliza o seu protagonismo nos eventos históricos
Nem heróis, nem vilões: o lugar dos diretores de povoações nas dinâmicas de transgressão à lei do Diretório dos Índios (1757-1798)
Este trabalho tem por objetivo melhor compreender a atuação dos diretores de povoações – agentes responsáveis pela tutela dos indígenas aldeados durante a vigência do Diretório dos Índios. Destacaremos duas questões. Primeira: o universo socioeconômico dos diretores em seus locais de trabalho, as povoações de índios. Segunda: o caráter histórico, e não moral, das transgressões cometidas por esses sujeitos. Tal objetivo se deve ao fato de considerarmos limitada a única visão formulada pela historiografia em relação aos diretores: agentes que, em razão de suas ações, foram decisivos para o fracasso do Diretório.This paper aims to understanding better the actions of villages’ administrators - agents responsible for settled Indians’ tutelage during the term of the Indians’ Directory. We will highlight two issues. First, the socioeconomic universe of administrators in their workplaces, the indians’ villages. Second, the historical character, and not moral, of transgressions committed by these subjects. This goal is because we consider limited the only vision formulated by historiography in relation to administrators: agents, because of their actions, that were decisive for the failure of the directory.
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