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    Tradição na épica grega arcaica

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    O que foi legado a Homero é fonte de um desacordo sempre crescente entre os estudiosos modernos, não apenas referente ao “o que” de sua herança mas até mesmo ao “como”. Dicotomias mais antigas estabeleceram uma forte distinção entre os elementos recorrentes na poesia homérica e os toques individuais, rotulando o primeiro de “tradição” e o segundo de “inovação”. Estudos mais recentes, entretanto, têm mostrado a inter-relação essencial e constante desses dois conceitos: há uma individualidade constante na formação e no desenvolvimento mesmo das características mais comuns, ao passo que os elementos aparentemente mais inovadores da poesia homérica mostram a influência da padronização e tipicidade que viemos a esperar. Em outras palavras, a tradição é sempre inovadora, e a inovação é sempre tradicional. Ainda assim, essa reciprocidade parece ter sido ignorada em dois ramos importantes da pesquisa homérica moderna, os quais podemos chamar de Neoanálise e de orientalismo: ambas essas escolas de pensamento compartilham pressuposições sobre o contexto textual e tradicional de Homero que são insustentáveis. Esse artigo remeterá a alguns exemplos famosos dessas duas abordagens, e sugere um contra-argumento “tradicional” a ambos.What was handed down to Homer is the source of ever-increasing disagreement amongst modern scholars, not only as to the “what” of his inheritance but even the “how”. Older dichotomies drew a sharp distinction between the repeated elements in Homeric poetry and the individual touches, labelling the former “tradition” and the latter “innovation”. More recent scholarship, however, has shown the essential and constant interrelation of these two concepts: there is constant individuality in the formation and deployment of even the most common of features, whilst the most apparentely  innovative elements of Homeric poetry show the influence of standardisation and typicality we have come to expect. In other words, tradition is always innovative, and innovation is always traditional

    Agamemnon in Greek Archaic Lyric

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    Pretende‐se, neste estudo, rastrear a figura de Agamémnon nos textos que constituem o corpus hoje conhecido da lírica arcaica grega, privilegiando os testemunhos mais ilustrativos de três poetas arcaicos: dois fragmentos da Oresteia, de Estesícoro, o fr. 282a PMGF Davies, de Íbico, e a Pítica XI, de Píndaro.In this article, we seek to trace down the figure of Agamemnon in the texts included in the corpus presently known as the archaic Greek lyric, by emphasizing the most illustrative testimonies by three archaic poets: two fragments from Stesichorus’s Oresteia, the 282a PMGF Davies by Ibycus, and the Pithian XI, by Pindar. Keywords: Agamemnon; Archaic Greek lyric; Stesichorus; Ibycus; Polycrates; Pindar; Pithian 11; Oresteia; The Choephori; Clytemnestra; Orestes.En este estudio se intenta rastrear la figura de Agamenón en los textos que constituyen el corpus actualmente conocido de la lírica arcaica griega, dando primacía a los testimonios más ilustrativos de los tres poetas arcaicos: dos fragmentos de la Orestía de Estesícoro, el fr. 282a PMGF Davies, de Íbico, y la Pítica XI, de Píndaro. Palabras clave: Agamenón; lírica arcaica griega; Estesícoro; Íbico; Polícrates; Píndaro; Pítica 11; Orestía; Coéforas; Clitemnestra; Orestes.Dans cette étude, on prétend suivre la trace de la figure d’Agamemnon dans les textes qui constituent le corpus, tel qu’on le connaît aujourd’hui, de la lyrique grecque, en privilégiant les témoignages les plus révélateurs de trois poétes archaïques : deux fragments d’Orestie, de Stésichore, le fr. 282a PMGF Davies, d’Ibycos, et la Pythique XI, de Pindare. Mots‐clés: Agamemnon; lyrique archaïque grecque; Stésichore; Ibycos; Polycrate; Pindare; Orestie; Choéphores; Clytemnestre; Oreste

    Homoerotismo feminino na lírica grega arcaica: a poesia de Safo

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    Desde a Época Helenística até aos nossos dias, a singularidade da poesia de Safo revelou-se um tema controverso, não apenas pelo carácter fragmentário dos textos ou devido à escassa informação sobre a sua praxis no contexto da lírica arcaica grega, mas também por nela aparecer configurada a primeira expressão literária de homoerotismo feminino, que as línguas modernas designam por “lesbianismo” ou “amor sáfico. Se bem que inquestionavelmente anacrónicos e imprecisos, esses termos dominam, hoje, a linguagem sobre a homossexualidade feminina, convertendo a poetisa de Lesbos num ícone singular da moderna conceptualização do amor entre mulheres

    Retomadas criativas de Kléos no início da filosofia grega : Xenófanes e Heráclito na crítica a Hesíodo

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    Orientador: Prof. Dr. Alessandro Rolim de MouraCoorientadora: Prof(a). Dr(a) Maria Cristina Figueiredo SilvaTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa : Curitiba, 08/06/2018Inclui referências: p.235-248Resumo: O principal objetivo desta tese é demonstrar um espaço de contato, ainda pouco estudado na transição da poesia épica para os argumentos dos primeiros filósofos, entre diferentes concepções do ????? (glória-fama-renome). Tanto alguns poetas quanto alguns pensadores buscaram essa fama que primeiramente parece ter eclodido na cultura grega através dos personagens homéricos, mas que se propagou como objeto conceitual de alguns autores antigos. Nesta demonstração que a tese procura desvendar, Hesíodo é um componente crucial, pois este poeta é colocado como uma voz autoral a ser teoricamente superada por Xenófanes e Heráclito, estes que também utilizarão essa crítica a Hesíodo para construir seu próprio ?????. Para demonstrar tais aspectos esta tese iniciará o estudo do ????? presente na poesia homérica, demonstrará a necessidade do poeta de buscar a fama e a necessidade de Hesíodo também fazê-lo. Finalmente, na repetição e crítica teórica de Hesíodo por Xenófanes e Heráclito, de observarmos duas retomadas criativas do ????? feitas por esses filósofos. Palavras-Chave: ?????, Hesíodo, Heráclito, Xenófanes pré-socráticos, repetição.Abstract: The main objective of this thesis is to demonstrate a space of contact, still barely studied, in the transition from epic poetry to the arguments of the first philosophers, between different conceptions of ????? (glory-fame-renown). Both some poets and some thinkers sought this fame that seems to have hatched first in Greek culture through the Homeric characters, but which also spread as a conceptual object of some ancient authors. In this demonstration that the thesis undertakes to unveil, Hesiod is a crucial component, for this poet is placed as an voice to be theoretically surpassed by Xenophanes and Heraclitus, who will also use this criticism of authorial Hesiod to construct their own ?????. To demonstrate such aspects, this thesis will begin the study of ????? present in Homeric poetry, demonstrate the poet's need to seek fame and the need for Hesiod to do so too. Finally, in the repetition and theoretical criticism of Hesiod by Xenophanes and Heraclitus we will observe two creative revivals of ????? on the part of these philosophers. Keyword: ?????, Hesíod, Heraclitus, Xenophanes, presocratic, repetition

    As quatro Helenas de Estesícoro: A representação da heroína nos fragmentos de Helena, Palinódia(s), Saque de Troia e Retornos

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    This article aims at understanding the representation of Helen in the four poems by Stesichorus from which fragments were preserved, that mention or it relate to the heroine. Since archaic Greek poetry was a “tradition poetry”, we will seek to trace possible dialogues with works prior to the poet’s, in order to perceive innovations and continuities, and we will also bend our ears to echoes of Stesichorus’ poetry in later productions. In such effort, we will condense old testimonial information about the songs, paying attention to the episodes related to the character, and we will analyze each fragment considering the context of the “song culture”, that is, of a performance context in which the poem is always destined to a certain public, to be delivered in a certain manner, in a defined occasion. And we will explore, whenever possible, the connection of the fragment with the rest of the work, and the motivations for the use of Helen’s image.O presente artigo busca compreender a representação de Helena nos quatro poemas de Estesícoro de que nos restaram fragmentos e que mencionam ou se relacionam com a heroína. Uma vez que a poesia grega arcaica era uma “poesia de tradição”, tentaremos traçar diálogos plausíveis com obras anteriores ao poeta, procurando perceber possíveis inovações e continuidades, bem como captar prováveis ecos da poética estesicoreia em produções posteriores. Para isso, condensaremos informações testemunhais antigas sobre as canções, atentando aos episódios relacionados à personagem, e analisaremos cada fragmento à luz do contexto da “cultura da canção”, i.e., de um contexto performático em que o poema se destina sempre a um público e em dadas ocasião e maneira de apresentação. E buscaremos, quando possível, entender a ligação do fragmento com o restante da obra e as motivações do uso da imagem de Helena

    As vozes da letra na fonosfera grega: um estudo sobre os cantares da Antiguidade

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    A historiografia da Antiguidade grega apresenta música e linguagem intimamente associadas. As fórmulas métricas pressupõem artifícios mnemônicos e indicam a preponderância da dimensão aural das performances sobre a escrita. Haveria características intrínsecas da língua grega que amoldariam as possibilidades melódicas? Ao ser colocada a questão do elo música-palavra, a seguinte rede temática será evidenciada: como se forma a ressonância melódico-textual? De que modo se dá, no canto, a convergência de elementos rítmico-melódicos, semânticos e performáticos? Ora propomos um estudo do elo canto-palavra desde os vestígios de canções gregas notadas com a escrita musical antiga. A problematização das relações entre o ritmo musical, a melodia e a métrica poética põe à mostra possíveis características das inflexões vocálicas como arquétipos específicos de performances e composições. Pela perspectiva da filosofia humanista da música (LIPPMAN, 2006), entende-se a vocalidade grega como um rito. A partir desse prisma, é possível interpretar as práticas composicionais e os vestígios de performances nas canções, considerando os valores antrópicos – mitopoéticos e catárticos – que se expressam nos gêneros lítero-musicais

    Arquíloco em quatro versões

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    Este estudo focalizará o fragmento 13 de Arquíloco (adota-seaqui a numeração de West) e diversas traduções que dele se fiseram, abordando-se analiticamente alguns de seus aspectos; para tanto, serão estabelecidas relações entre a criação do autor e a tradição da poesia oral grega, incluindo-se a análise de um elemento formular presente no fragmento elegíaco, especialmente considerado na observação das diferentes soluções tradutórias do poema

    Enargeia and Early Greek Elegy

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    This text has two objectives: first, aims to show how the notion of enargeia, founded and developed in the Greek rhetorical tradition of fifth century, occurs in Greek poetry since the Homeric poems. Then, it tries to understand this notion in sympotic archaic Greek elegy, especially in the work of the spartan poet Tyrtaeus.Este texto apresenta dois objetivos: primeiro, visa demonstrar como a noção de Enárgeia, fundada e elaborada na tradição retórica grega do séc. V, está presente na poesia grega desde os poemas homéricos. Em seguida, visa compreendê-la no âmbito da elegia grega arcaica simposial, sobretudo na produção do poeta espartano Tirteu

    REMÉDIOS DE HELENA | HELEN'S MEDICINES

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    Este artigo nota, na cena no canto IV da Odisseia em que Helena administra um pharmakon para Telêmaco, Menelau e outros, as relações fraseológicas entre, por um lado, o papel do remédio e o de Helena com, por outro, o papel da Musa e do aedo. Após verificar esse paralelismo em outras passagens de Helena na Ilíada chegamos à conclusão de que, ao longo dos poemas Homéricos, Helena é apresentada analogamente ao aedo, na medida em que ela é também "responsável" pelo canto. Por fim, notamos que esse paralelismo com o aedo não se circunscreve exclusivamente a Helena e pode ser visto também com os personagens principais tanto da Odisseia quanto da Ilíada. Abstract: This article investigates the scene in Book IV of the Odyssey when Helen administers a medicine to Telemachus, Menelaus and others. It discusses the phraseological similarities between the medicine and Helen and between the Muse and the singer (aoidós). After verifying this analogy in other passages featuring Helen in the Iliad, the conclusion is reached that in both Homeric epics Helen is analogized to the singer in that she is one of the reasons for the existence of the song. This analogy to the singer is not restricted to Helen, but it can also be seen in relation to Odysseus in the Odyssey and in regard to Achilles in the Iliad
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