107 research outputs found

    DecliNação de espaços semânticos em As duas sombras do rio, de João Paulo Borges Coelho

    Get PDF
    The cultural heterogeneity of many African countries in post-colonial times makes it difficult to create a sense of national belonging. For this reason, the FRELIMO government in Mozambique focused on the devaluation of culture-specific traditions with the aim of homogenizing and “modernizing” the nation. Against this background, the novel As duas Sombras do Rio by João Paulo Borges Coelho deals with the loss of identity and the feeling of being uprooted. The aim of the present article is to examine the representation of nation building in the novel using Lotman’s concept of semantic spaces.A heterogeneidade cultural de muitos países africanos torna difícil criar um sentimento de pertença nacional nos tempos pós-coloniais. Por esta razão, o governo da FRELIMO em Moçambique apostou na desvalorização das tradições culturalmente específicas no intuito de homogeneizar e «modernizar» a nação. Neste contexto, o romance As duas sombras do rio, de João Paulo Borges Coelho, trata da perda da identidade e do sentimento de desenraizamento. O objetivo do presente artigo é examinar a representação da construção da nação no romance, usando o conceito de espaços semânticos de Lotman

    “A língua é a própria carne do pensamento”. Entrevista a João Paulo Borges Coelho

    Get PDF
    João Paulo Borges Coelho, nascido em 1955 no Porto, cresceu em Moçambique e tornou-se, na última década, um dos escritores mais produtivos e reconhecidos deste país. É também professor e investigador de História Contemporânea na Universidade Eduardo Mondlane. A seguinte entrevista a João Paulo Borges Coelho realizou-se em julho 2014, em Maputo. Os temas abordados são, entre outros, questões de identidade na época colonial e pós-independência, singularidades regionais da(s) cultura(s) moçambicana(s), a relação entre “modernidade europeia” e “tradição africana”, a articulação entre o espaço urbano e rural, a memória da luta de libertação da guerra civil, além de particularidades das diferentes obras do autor.João Paulo Borges Coelho, born in 1955 in Porto, grew up in Mozambique and became within the last decade one of the most productive and recognized writers of this country. He is also a professor and researcher of Contemporary History at the Eduardo Mondlane University. The following interview with João Paulo Borges Coelho was carried out in July 2014 in Maputo. The topics are, among others, issues of identity in colonial and post-independence era, regional peculiarities of Mozambican culture(s), the relationship between “European modernity” and “African tradition”, the link between urban and rural areas, the memory of the liberation struggle and of the civil war, as well as particularities of different literary works of the author.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Aculturação, “cafrealização” e identidade moçambicana em Choriro, de Ungulani Ba Ka Khosa

    Get PDF
    Neste artigo analisa-se o processo de aculturação de um desertor português à cultura africana, delineado no romance Choriro (2009), do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa. A história desenrola-se na segunda metade do século XIX no Vale do Zambeze no Centro de Moçambique. Concretamente demonstra-se como a aculturação (“cafrealização”) da personagem é lograda, quais as resistências e medos que provoca nos africanos, e qual a sua consequência no que diz respeito à coesão e identidade social dos achicunda (ex-escravos armados dos prazos). Estas questões discutem-se em estreita relação com as práticas sociais da época, esboçadas nos trabalhos historiográficos de Allen e Barbara Isaacman. Procura-se ainda confrontar a aculturação da personagem com os teoremas do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, e avaliar, a partir de ai, a sua importância para a construção da memória cultural e identidade nacional.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Eduardo Lourenço e Severino Elias Ngoenha em diálogo: uma leitura decolonial

    Get PDF
    Starting from therecent history of Portuguese decolonization and the silences within it, this essay puts indialoguetwo critics of thepolicy of their respective countries: the philosophers Eduardo Lourenço (Portugal) and Severino Elias Ngoenha (Mozambique). Both care deeply about the impact colonialism and neo-colonialism have on identity and try to adoptan ethical and responsible attitude. Theirproposals will be discussed starting froma decolonial perspective, followingWalter D. Mignolo, AníbalQuijano and Boaventura de Sousa Santos.Partindo da ainda recente história da descolonização portuguesa e dos silenciamentos em torno da mesma, este ensaio põe em diálogo dois críticos da política dos seus respectivos países: os filósofos Eduardo Lourenço (Portugal) e Severino Elias Ngoenha (Moçambique). Ambos se preocupam profundamente com o impacto identitáriodo colonialismo bem como do neocolonialismo e procuram tomar uma atitude ética e responsável. As suas propostas serão discutidas numa perspectiva decolonial, na linha de Walter D. Mignolo, Aníbal Quijano e Boaventura de Sousa Santos

    Discriminação racial e (re)construção nacional em Moçambique: O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane

    Get PDF
    In this essay, we analyzed the effects of colonial racial discrimination in Mozambique and its consequences in the post-independence era, in O alegre canto da perdiz (2008), by Paulina Chiziane. The analysis is based on the “semantic spaces” of Jurij Lotman and the “chronotopes” of Mikhail Bakhtin. Thus, it is identified a mythical space, a historical space (colonial and post-colonial) and a space of imagined future. Afterwards it is questioned the role of these spaces for the construction of a national identity.Neste ensaio analiso os efeitos da discriminação racial colonial em Moçambique e as suas consequências na época pós-independência, em O alegre canto da perdiz (2008), de Paulina Chiziane. A análise inspira-se nos “espaços semânticos” de Jurij Lotman e nos “cronotopos” de Mikhail Bakhtin. Identificam-se assim um espaço mítico, um espaço histórico (colonial e pós-colonial) e um espaço do futuro imaginado, e questiona-se o papel desses espaços para a construção de uma identidade nacional

    “O conceito de branco como branco não existe na cultura bantu”, entrevista a Ungulani Ba Ka Khosa

    Get PDF
    Interview with Ungulani Ba Ka Khosa.Summary biography of the interviewee:Ungulani Ba Ka Khosa (*1957, Inhaminga) is the current president of AEMO (Association of  Mozambican Writers). In the last two decades he became one of the most skilled intermediaries  between Bantu cultures and Portuguese language. His work is undoubtedly central to the  process of cultural awareness in Mozambique. Some of the core issues of his books are the  rediscovery of the pre-colonial and colonial past, the construction of an integrative historical  memory and the mediation between rural and urban space. This interview took place on July  17, 2014, in AEMO\u27s headquarters in Maputo. Entrevista con Ungulani Ba Ka Khosa.Breve biografía del entrevistado:Ungulani Ba Ka Khosa (* 1957 Inhaminga), actual presidente de AEMO (Asociación de Mozambique Escritores), se convirtió en las últimas dos décadas en el intermedio más capaz entre las culturas bantúes y portugués. Su trabajo es, sin duda, el centro para el proceso de la conciencia cultural de Mozambique, al redescubrimiento del pasado precolonial y colonial, la construcción de una memoria histórica integrador y para la mediación entre las zonas rurales y urbanas. Esta entrevista fue realizada el 17 de julio de 2014 a la sede AEMO en Maputo.Entrevista a Ungulani Ba Ka Khosa.Biografia resumida do entrevistado:Ungulani Ba Ka Khosa (*1957, Inhaminga), atual presidente da AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos), transformou-se nas últimas duas décadas num dos intermediários mais hábeis entre as culturas bantu e a língua portuguesa. Sua obra é indubitavelmente central para o processo de conscientização cultural de Moçambique, para a redescoberta do passado pré-colonial e colonial, a construção de uma memória histórica integrativa e para a mediação entre o espaço rural e urbano. Esta entrevista foi realizada a 17 de Julho de 2014 na sede da AEMO em Maputo
    corecore