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ENTRE A FICÇÃO E A HISTÓRIA: IMAGENS DO BRASIL COLONIAL EM DESMUNDO
This article analyzes the novel Desmundo, by the author from Ceará, Ana Miranda, from its historical perspective, since this narrative reconstructs important aspects of Brazilian colonial society in the 16th century, as well as some of the aesthetic characteristics of its literary composition. Departing from letters sent by priest Manuel da Nóbrega from the King of Portugal, D. João, Miranda fictionally recounts the experience of seven orphans sent by the Crown to establish marriage with portuguese who lived here. To this end, the author uses the reconstruction of historical bias, heterodiscourse, pastiche and his own works as a draftsman to produce a novel that questions and parodies official speeches about the country's past.Este artigo analisa o romance Desmundo, da autora cearense Ana Miranda, a partir da sua perspectiva histórica, uma vez que esta narrativa reconstrói aspectos importantes da sociedade colonial brasileira no século XVI, bem como algumas das características estéticas de sua composição literária. Partindo de cartas enviadas pelo padre Manuel da Nóbrega do rei de Portugal, D. João, Miranda reconta ficcionalmente a vivência de sete órfãs mandadas pela Coroa para estabelecerem matrimônio com portugueses que aqui viviam. Para tanto, a autora utiliza da reconstrução de viés histórico, do heterodiscurso, do pastiche e dos seus próprios trabalhos como desenhista para produzir um romance que questiona e parodia os discursos oficiais sobre o passado do País
REFLEXOS DO COLONIALISMO NOS ROMANCES A ÁRVORE DAS PALAVRAS E DESMUNDO
Este trabalho analisa o impacto da experiência do colonialismo em personagens femininas dos romances A árvore das palavras (1997), da escritora portuguesa Teolinda Gersão, e Desmundo (1996), da brasileira Ana Miranda. Estas duas narrativas são entrecortadas por características em comum, como o protagonismo de narradoras femininas, a ambientação histórica em antigas colônias portuguesas, Moçambique e Brasil, respectivamente, e uma revisitação da história a partir de um paradigma pós-moderno de incredulidade, questionamento e reatualização do passado. Em Á árvore das palavras, Teolinda Gersão conta a história da protagonista Gita e sua vivência na cidade de Maputo ao lado dos pais, Laureano e Amélia, nos anos que antecedem a eclosão da Guerra colonial em prol da libertação de Moçambique do jugo português. Já em Desmundo, ambientado no Brasil colonial do século XVI, Miranda reconta ficcionalmente, através do olhar sensível da órfã Oribela, como se deu a chegada da primeira leva de órfãs enviadas pela Coroa Portuguesa para estabeleceram matrimônio com homens brancos que viviam no território, como é o caso de Francisco de Albuquerque, com a protagonista é obrigada a se casar. Nas duas obras, fica evidente, pelo modus operandi do poder colonial, as diversas foram de dominação e subjugação a que as personagens femininas são vítimas, considerando, entre outros aspectos, a força do patriarcalismo neste contexto específico
A mulher na História: uma análise do conto Colheita, de Nélida Piñon
O objetivo neste trabalho é apresentar uma leitura do conto Colheita, da escritora brasileira Nélida Piñon, na perspectiva da construção de uma vertente da história a partir do olhar feminino. Ao desconstruir essencialismos acerca das marcações do feminino e masculino, a narrativa do conto revela a possibilidade de uma abordagem das experiências sociais a partir de uma ótica desestabilizadora, subvertendo noções acerca do protagonismo feminino ao longo dos séculos. Por meio de uma linguagem lírica e conduzido por um narrador em 3ª pessoa, o leitor conhece as vivências da protagonista à espera do retorno do amado. Essa personagem feminina através de um mergulho íntimo consegue reconstruir uma identidade para si nesse processo de espera, e, consequentemente, uma nova visão sobre a sua ligação com o mundo que a circunda. Se à personagem masculina coube a possibilidade de construir uma história a partir das aventuras e experiências vividas ao longo dos anos em que passou distante de casa, à feminina foi dado o poder da inventividade de inscrever-se enquanto sujeito através das suas descobertas diárias e da solidificação de uma identidade forte e independente
A ESTÉTICA DA ANTROPOFAGIA: DEVORAÇÃO, CRÍTICA E CINEMA EM OSWALD DE ANDRADE, GLAUBER ROCHA E OLNEY SÃO PAULO
As escolhas de elementos do campo ético e estético aproximam o Modernismo brasileiro e o Cinema Novo, movimentos artísticos que agenciaram um reconhecimento dos valores da cultura popular, reelaborando as práticas estéticas e manifestações das culturas que estão no cerne de nossa formação, além de subsidiar as bases estruturais da nova obra de arte produzida, buscando constantemente dentro das produções artísticas destes períodos uma intertextualidade que pretendesse dialogar com o passado e o presente do país em cada um desses momentos históricos e artísticos. Nesse sentido, este trabalho analisa a posição crítica e intelectual de três importantes pensadores destes momentos estéticos brasileiros: inicialmente Oswald de Andrade e Glauber Rocha, intelectuais revolucionários, vanguardistas que propuseram em suas obras a descolonização da arte brasileira, o primeiro através da metáfora ritualística da antropofagia transformada numa elaboração teórica da cultura nacional que aliava barbárie e técnica e o segundo por meio da violência provocada pela fome teorizada na Estética da Fome, discutindo, por fim, como essas duas propostas que nortearam o Modernismo e o Cinema Novo no Brasil encontram-se presentes na produção fílmica e intelectual do cineasta baiano Olney São Paulo.
O Brasil colonial pelo olhar de Ana Miranda: uma leitura do feminino em Desmundo
Este artigo analisa a representação da mulher dentro do contexto colonial brasileiro a partir do romance Desmundo (1996), da escritora Ana Miranda. Através do enredo desta obra mirandina é possível vislumbrar aspectos importantes da organização social da época, especialmente relacionados a conceitos como casamento, maternidade, família, temas caros ao projeto de colonização portuguesa nas terras americanas e à condição da mulher, visto as fortes bases patriarcais que caracterizam esta sociedade.Palavras-chave: Narrativa histórica. Brasil colonial. Representação feminina
OLNEY SÃO PAULO E A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1950/1960
O cinema brasileiro experimentou nas décadas de 1950-60 um dos seus momentos mais produtivos do ponto de vista estético, político e ideológico. Muitos cineastas participaram ativamente das discussões levantadas durante o período, discussões estas que giravam em torno quase sempre da modernização do país, bem como das contradições que esse processo de modernização explicitava para a nação. Entre os intelectuais que participaram ativamente desse debate está a figura do baiano Olney Alberto São Paulo, que utilizou sua produção cinematográfica para opinar em relação a temas reincidentemente em pauta na época. Desta forma, este artigo tem como objetivo apresentar um breve panorama político, estético e cultural do Brasil nos anos de 1950-60, dando ênfase ao momento em que surge no cenário da produção cinematográfica nacional o cineasta Olney São Paulo através de seu primeiro filme de caráter profissional, Grito da terra (1964), uma adaptação do romance homônimo do também baiano Ciro de Carvalho Leite. Para tanto, recorremos a alguns estudos e críticas sobre o Cinema Novo para situar as principais questões que pairavam sobre o cinema nacional do período em questão, buscando uma breve reflexão sobre filmes que foram produzidos dentro dos pressupostos desse movimento para questionar a maneira que Olney São Paulo dialoga com esses temas
A DESTERRITORIALIZAÇÃO DO SUJEITO PÓS-MODERNO NO ROMANCE "ESSA TERRA", DE ANTÔNIO TORRES
O presente trabalho tem a finalidade de argumentar sobre a desterritorialização e a fragmentação do sujeito pós-moderno, no romance Essa Terra, do autor baiano Antônio Torres. O objetivo consiste em identificar a fragmentação identitária e territorial desse sujeito, a partir da análise do personagem principal, Nelo. Diante disso, para obtenção dos resultados será adotado a pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico, ancorado nas perspectivas teóricas de Hall (2011), que traça uma discussão acerca da fragmentação identitária do sujeito na pós-modernidade, e Bhabha (1998), que discute sobre o conceito de “Terceiro Espaço”. Dessa forma, constata-se que o personagem Nelo sofre uma intensa crise identitária e territorial, traço que já é característico do sujeito na pós-modernidade, que se transforma diante de uma sociedade que sofre os efeitos da Globalização
A estética da antropofagia: Devoração, crítica e cinema em Oswald de Andrade, Glauber Rocha e Olney São Paulo
As escolhas de elementos do campo ético e estético aproximam o Modernismo brasileiro e o Cinema Novo, movimentos artísticos que agenciaram um reconhecimento dos valores da cultura popular, reelaborando as práticas estéticas e manifestações das culturas que estão no cerne de nossa formação, além de subsidiar as bases estruturais da nova obra de arte produzida, buscando constantemente dentro das produções artísticas destes períodos uma intertextualidade que pretendesse dialogar com o passado e o presente do país em cada um desses momentos históricos e artísticos. Nesse sentido, este trabalho analisa a posição crítica e intelectual de três importantes pensadores destes momentos estéticos brasileiros: inicialmente Oswald de Andrade e Glauber Rocha, intelectuais revolucionários, vanguardistas que propuseram em suas obras a descolonização da arte brasileira, o primeiro através da metáfora ritualística da antropofagia transformada numa elaboração teórica da cultura nacional que aliava barbárie e técnica e o segundo por meio da violência provocada pela fome teorizada na Estética da Fome, discutindo, por fim, como essas duas propostas que nortearam o Modernismo e o Cinema Novo no Brasil encontram-se presentes na produção fílmica e intelectual do cineasta baiano Olney São Paulo.
CORPOS QUE TRANSGRIDEM: representações do corpo feminino em romances históricos coloniais
This work presents a reading of the representation of the female body in two historical novels, set in a colonial context, Desmundo (1996), by Brazilian author Ana Miranda, and A árvore das palavras (2004), by Portuguese Teolinda Gersão. The two narratives, located respectively in Colonial Brazil in the 16th century and in Mozambique in the 20th century, focus on female characters to fictionally recount the experiences lived by women during the colonization process. To this end, the political and social reality to which these women were subjected is put on the scene, showing the restriction and impositions common to the female subject. It is in this context that issues such as marriage and motherhood become central in the process of representing the bodies of the protagonist characters, proving that the colonial condition cannot be seen in the novels as a mere historical peculiarity, but as an element that duplicates the situation of domination and subordination of women. Therefore, it is interesting to know, in this work, how such a historical condition cuts and influences the construction of these female representations, including analyzing the State's historical interference on the relationship of women and their own bodies.Neste trabalho apresenta-se uma leitura da representação do corpo feminino em dois romances históricos, ambientados em um contexto colonial, Desmundo (1996), da autora brasileira Ana Miranda, e A árvore das palavras (2004), da portuguesa Teolinda Gersão. As duas narrativas, situadas respectivamente no Brasil Colônia do século XVI e em Moçambique no século XX, centram-se em personagens femininas para recontar, ficcionalmente, as experiências vividas por mulheres durante o processo de colonização. Para tanto, são postas em cena a realidade político-social a qual essas mulheres estavam submetidas, evidenciando o cerceamento e as imposições comuns ao sujeito feminino. É neste contexto que questões como o casamento e a maternidade tornam-se centrais no processo de representação dos corpos das personagens protagonistas, comprovando que a condição colonial não pode ser vista nos romances como uma mera peculiaridade histórica, mas como um elemento que duplifica a situação de dominação e subalternidade da mulher. Por isso, interessa saber, neste trabalho, de que forma tal condição histórica entrecorta e influencia na construção dessas representações femininas, analisando, inclusive, a interferência histórica do Estado sobre a relação da mulher e o seu próprio corpo.
CORPOS QUE TRANSGRIDEM: REPRESENTAÇÕES DO CORPO FEMININO EM ROMANCES HISTÓRICOS COLONIAIS
Neste trabalho apresenta-se uma leitura da representação do corpo feminino em dois romances históricos, ambientados em um contexto colonial, Desmundo (1996), da autora brasileira Ana Miranda, e A árvore das palavras (2004), da portuguesa Teolinda Gersão. As duas narrativas, situadas respectivamente no Brasil Colônia do século XVI e em Moçambique no século XX, centram-se em personagens femininas para recontar, ficcionalmente, as experiências vividas por mulheres durante o processo de colonização. Para tanto, são postas em cena a realidade político-social a qual essas mulheres estavam submetidas, evidenciando o cerceamento e as imposições comuns ao sujeito feminino. É neste contexto que questões como o casamento e a maternidade tornam-se centrais no processo de representação dos corpos das personagens protagonistas, comprovando que a condição colonial não pode ser vista nos romances como uma mera peculiaridade histórica, mas como um elemento que duplifica a situação de dominação e subalternidade da mulher. Por isso, interessa saber, neste trabalho, de que forma tal condição histórica entrecorta e influencia na construção dessas representações femininas, analisando, inclusive, a interferência histórica do Estado sobre a relação da mulher e o seu próprio corpo.
