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VONTADE DE POTÊNCIA POLITIZADA OU DO ETERNO RETORNO POLÍTICO
Partindo do conceito nietzscheano de “vontade de potência” e de uma problemática que o articula aos conceitos de direito(s) e violência, numa leitura político-filosófica, o trabalho aqui apresentado é um estudo sobre o(s) direito(s) achado(s) na violência e suas formas próprias de manifestação política que investiga qual seria a força plástica dos subalternos que permite afirmar seus direitos e desenvolver-se de maneira original e independente, curando suas feridas e sofrimentos
O Nietzsche de Agamben e sua crítica à política como fisiologia = Nietzsche’s Agamben and his critics of politics as physiology = Nietzsche de Agamben y su crítica de la política como fisiología
Neste artigo, analisamos algumas das peculiaridades da leitura que Agamben faz de Nietzsche, isto é, o uso que faz das ideias do pensador alemão para constituir a sua própria filosofia política. Assim, refletimos acerca do tensionamento e da polifonia entre a vontade de potência em sua configuração fisiopsicológica, e a grande política a partir da transvaloração dos valores. Indicamos essa tensão e polifonia tendo em vista o outro tipo de potência ao qual Agamben se inscreve, a aristotélica, para pensarmos sobre as aberturas políticas que se descortinam a partir da crítica nietzschiana à política e à democracia liberal. Convém atentar ao argumento de Piazzesi de que a vontade de potênciasintetiza os âmbitos mecanicista e valorativo que, em relação agonística, explicam a vontade de potência. O projeto Homo sacer começa e termina com uma crítica à biopolítica que Agamben compreende como sendo aquela nietzschiana. Esse é um tensionamento entre a concretização da transvaloração dos valores como possibilidade de superar o niilismo e criar o lastro para a grande política, pois insere no campo da fisiologia uma questão política, do paradigma da autonomia. Nietzsche e Agamben, com suas concepções divergentes de potência, apontam as possibilidades da política e os limites da democracia libera
Nietzsche no pensamento contemporâneo. O Nietzsche de Domenico Losurdo confrontando com o Nietzsche da pós-modernidade
Dissertação de Mestrado em Filosofia PolíticaEste trabalho foi suscitado pela enorme divulgação e variabilidade da receção das ideias de Nietzsche em distintos contextos sociais e culturais. Tal facto comporta um certo número de dificuldades, ironias e paradoxos. A imensa “popularidade” desta obra deve ser considerada irónica, face ao páthos aristocrático e “inatual” que o filósofo inquestionavelmente lhe pretendeu imprimir. A sua imensa atualidade é também inseparável duma ambivalência constitutiva relativamente ao tema da “doença”: Nietzsche considerou viver numa época “doente”, tendo entretanto o próprio sido assombrado por aquela em sentido estrito, o que sugere uma possível origem médica da sua atitude. Em que medida esta dificuldade na relação com a doença se mantém no atual acolhimento da sua obra? Este problema entronca noutro, relativo ao modo como os aspetos diretamente políticos, inegavelmente presentes na obra de Nietzsche, se imbricam e mutuamente condicionam com traços mais estritamente pessoais da sua vida.
Considerámos primeiramente a obra de Domenico Losurdo Nietzsche, il ribelle aristocratico – Biografia intellettuale e bilancio critico, de 2002, cujo lançamento foi marcado por várias polémicas, em parte ligadas à assunção explícita dum tratamento da obra de Nietzsche em chave de leitura eminentemente política; mas também pela discussão suscitada pelo mesmo quanto à tradição de traduções da obra nietzschiana, alegadamente marcada pelo que designa depreciativamente por “hermenêutica da inocência”. O Nietzsche de Losurdo é, por oposição ao que propõe esta hermenêutica, um filósofo totus politicus, mas ainda assim, ou precisamente por isso, autor duma obra dotada de inegável “excedente teórico”.
Procedemos depois à apresentação dum grupo de leituras “pós-modernas” da obra de Nietzsche, concretamente as correspondentes aos trabalhos de Gilles Deleuze, Michel Foucault e Gianni Vattimo. Este grupo de autores, sem embargo de inegáveis especificidades de cada um e de todos eles, evidencia tendências comuns para ler em Nietzsche um defensor do lúdico, da ligeireza e da criatividade, um proponente do caráter infindável da interpretação e da “morte do sujeito”, um adversário da reductio ad unum imposta ao pensamento pela tradição racionalista e dos bloqueios à vida instituídos pela própria filosofia da história. A leitura quer de Losurdo quer deste outro grupo de autores foi parcialmente mediada por intervenções, cronologicamente mais próximas de nós, de Jan Rehmann e Stefano Azzarà, entre outros.
Em termos gerais colhemos a impressão de que a leitura de Losurdo é mais credível quanto à sua fundamentação interpretativa, ou à autenticidade da captação do sentido atribuído pelo próprio Nietzsche à sua obra. Isso obviamente não invalida a fecundidade das inspirações que esta última tenha suscitado nos seus leitores “pós-modernos”, mas recomenda muita prudência quanto à forma como elucubrações nela possivelmente inspiradas possam ser apresentadas enquanto “interpretações” da obra nietzschiana. A leitura de Losurdo, entretanto, apesar de muito sólida quanto à fidelidade textual e contextual da Verstehen, coloca ela própria vários problemas, de entre os quais se destacam as limitações associadas à estrita politização do quadro de leitura, o qual deveria ser alargado de modo a poder integrar com maior eficácia aspetos propriamente psicológicos ou pessoais da obra e da vida de Nietzsche
ITAMAR ASSUMPÇÃO: UM CANCIONISTA MINORITÁRIO ENTRE O VISÍVEL E O OBSCURO
O artigo tem como interesse propor uma leitura sobre a produção artística do cancionista Itamar Assumpção. Para tanto, serão consideradas canções que versam sobre o fenomeno da invisibilidade e da produção de uma arte minoritária. O repertório selecionado permite a discussão sobre o duplo movimento de aproximação e de distanciamento do artista em relação à “Indústria Cultural”. Ademais, ao longo do trabalho serão investigadas canções que tratam dos mecanismos de controle que acometem o homem comum
As forças demoníacas das pulsões no pensamento freudiano e suas marcas na filosofia da diferença
A Centralidade da vida em Nietzsche e Agamben frente a metafísica ocidental e a biopolítica contemporânea
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2010Esta tese é resultante do esforço de pesquisa teórico-bibliográfica em torno da questão da centralidade da vida no pensamento de Nietzsche e Agamben, a partir de seus posicionamentos frente à metafísica ocidental e as demandas biopoliticas que implicam sobre as formas-de-vida-que-vem. Nietzsche e Agamben questionam a estrutura metafísica que constitui o arcabouço cultural ocidental demonstrando que desde os instantes iniciais do Ocidente o que está em jogo é a apreensão, o controle, a disciplinarização, a normalização e a e normatização moral, política e jurídica sobre as possibilidades potenciais em que a vida se move. O niilismo denunciado e anunciado por Nietzsche se apresenta como superação do homem civilizado, domesticado, violentado pelo império dos meios em seu apequenamento vital, reduzido à mera condição biológica, de um corpo que não se concebe mais como grande razão, portador de uma grande saúde vital, potencializador da vida humana a tornar-se o que ela é em meio à multiplicidade de outras tantas forças vitais em jogo. Para Agamben, o humano ao se estabelecer na ruptura entre physis e phone, ao incluir a vida animal na polis por meio do desenvolvimento da linguagem, posiciona a vida numa zona de indeterminação, possibilitando à ação soberana a legitimação de seu poder, que se estabelece em constante estado exceção ao dispor da vida, ao produzir vida nua. Vida nua que já não é mais a vida animal, mas também não é a vida humana qualificada, mas sim uma vida matável e sacrificável de acordo com os interesses políticos, econômicos em jogo em determinado contexto. Para Agamben, a biopolítica esta na origem da estrutura metafísica e cultural ocidental e seu ápice paradigmático na contemporaneidade se materializou nos campos de concentração. Nietzsche e Agamben, salvaguardadas as diferenças temporais e conceituais, questionam corajosamente as formas-de-vida que se apresentaram no decorrer a dinâmica civilizatória e, que nos conduziram às formas-de-vida presentes na contemporaneidade. Nietzsche ao conceber a vida como vontade de poder, pretende superar a repressão das forças moralizantes que menosprezam e mantém a vida humana em sua condição massificada e mediocrizante presente em seu tempo. Agamben propõem a compreensão de como a potência do pensamento pode paralisar a máquina antropológica ocidental de produção de vida nua, de aprisionamento, uso e consumo da vida pela racionalidade político-administrativa estatal. Para os dois pensadores o que esta em jogo na contemporaneidade é o fato de não abdicarmos da potência da vida em sua dimensão trágica e como obra de arte.This thesis is a result of the effort of theoretical research and literature around the question of the centrality of life in Nietzsche and Agamben's thought from their positions ahead of Western metaphysics and the demands on the biopolitical that involving about life-forms to come it. Nietzsche, Agamben question the structure metaphysical that constitutes the backbone of Western culture, showing that since its initial instants of the West in which this game is the seizure, control, disciplining, and normalization moral, political and legal on the potential possibilities in that Life moves itself. Nihilism was reported and announced by Nietzsche, presents itself as an overcome man's civilized, domesticated, raped in the middle of empire in belittling his life reduced to mere biological conditions of a body that is not conceived more as a big reason, carrying a large vital health, a potentiator of human being's life to become who it is in the midst of multiplicity of so many other vital forces in play. For Agamben the human to be established in a split between physis and phone, to include animal life in the polis through the development of language stands in an area of life indetermination allowing the legitimation of their sovereign power that acts in a constant state exception, have of life, producing bare life. Bare life that is no longer animal life but human life is not qualified, but a matavele life and expendable according to the political, economic stake in a given context. For Agamben, biopolitics is at the origin of Western cultural and metaphysical structure and its apex in the contemporary paradigm is materialized in concentration camps. Nietzsche, Agamben, subject to the temporary differences and conceptual question boldly life forms that were presented during the dynamics of civilization and that led us to the contemporary forms of life. Nietzsche to conceive the life as will to power that intends to overcome the repressive forces that despise moralizing and maintain human life in its present condition mass and mediocre in his time. Agamben to propose an understanding it gives as the power of thought propose the halting of the machine anthropological western production of bare life, of life imprisonment and rape by rationality political-administrative state. For both thinkers in who this game nowadays is that we must abandon not the power of life in its tragic dimension and as a work of art
Marcados e as fotografias de Claudia Andujar: o trauma colonial do Brasil e os testemunhos do etnocídio
Esse estudo analisa a série fotográfica Marcados da artista Claudia Andujar, publicizada no formato de fotolivro em 2009, e constituída por 82 fotografias de retrato tiradas entre os Yanomami da Amazônia entre 1981 e 1984, no contexto de um projeto de saúde e vacinação contra a epidemia de sarampo que abalava a região. Após concluído o trabalho de saúde e conquistada a demarcação das terras Yanomami, Andujar recuperou as fotografias, montou-as em novas narrativas (no formato de exposições, de fotofilme, de fotolivro), e decidiu publicizá-las, dando uma nova camada de significado (e visibilidade) para as imagens. Em nossa leitura, Andujar quis, pela via da imagem, fazer um esforço de simbolização do processo colonial que acometeu o Brasil desde 1500 e que continua se manifestando no presente através de novas formas. Seu trabalho foi uma tentativa ético-política de dar sentido e de resistir a esse trauma, de testemunhá-lo, entendido tanto no sentido histórico como no psicanalítico do termo. Assim, investigamos, a partir da dimensão anacrônica das imagens de Marcados, a hipótese que a obra acaba por evocar as noções de trauma e testemunho como instrumentos heurísticos para pensarmos a constituição histórica e cultural do Brasil através de seus esquecimentos, recalques e vazios. A noção de trauma será lida em relação com o conceito de etnocídio e também com os escritos de testemunho dos indígenas Davi Kopenawa e Ailton Krenak, realizando um exercício de descolonizar, para o contexto brasileiro, a discussão em torno da teoria do trauma. A noção de testemunho será trabalhada enquanto uma elaboração de memória e enquanto um tipo de arte (arte de testemunho), servindo como baliza para pensarmos em uma historiografia testemunhal como um exercício de politização do tempo
Alegrias, esperas e outras críticas do sujeito cancional censurado
Este ensaio apresenta uma leitura comparatista de duas canções emblemáticas: “Alegria, alegria” de Caetano Veloso (1967) e “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré (1968). Ambas apresentam o espírito do tempo (zeitgeist), são crônicas de um momento singularmente duro para a justiça social e a liberdade de expressão individual no Brasil. Opero com uma concepção mais ampla de crônica, que permite entender a atuação dos cancionistas como críticos dos variados e complexos aspectos da vida: do engajamento ao desbunde, do político ao banal. A crônica desliza dos jornais para o corpo, para a voz desses cantores intelectuais críticos da situação do estado de coisas no Brasil. Palavras-chave: Canção popular. Crônica. Censura
Work in progress: processo e desenho nos trabalhos de vídeoarte de Anna Bella Geiger e Regina Silveira
Esta pesquisa apresenta uma investigação da ordem processual artística, em destaque do ato de desenhar nos trabalhos de vídeoarte Passagens nº1 e A arte de Desenhar das artistas brasileiras Anna Bella Geiger e Regina Silveira, respectivamente. Ao definir processo artístico contemporâneo, investigamos brevemente o processo por definição, desenho, tempo e mídia como linguagem na produção artística. O propósito desta pesquisa é visibilizar o processo, as linguagens e seus desdobramentos, dando ênfase à linguagem do desenho e definindo-o como extensão do pensamento, segundo o teórico Luís Filipe S.P. Rodrigues. Possibilita-se assim o entendimento dos processos artísticos como facilitadores do ato de criação e de compreensão do objeto de arte contemporâneo ao assimilar o processo como objeto de arte por si só, não somente em seu estado final
A perda do mundo, a emergência da vida e a exceção permanente: elementos para uma análise jurídico-política á luz de Giorgio Agamben
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito, Florianópolis, 2013.O presente trabalho teve como objetivo apontar as relações entre vida e direito, isto é, analisa os mecanismos jurídico-institucionais através dos quais os poderes políticos conseguem se rearticular e se impor perante a população. A hipótese levantada para a pesquisa foi a de que pensar o dever ser do direito em nosso tempo, de algum modo, remete à concretização da democracia. No entanto, não apenas a democracia em seus aspectos institucionais, mas a democracia enquanto um paradigma que visa consubstanciar um efetivo espaço público, que hoje se encontra, contudo, aparentemente eclipsado. Por essa perspectiva, o mesmo poderia ser dizer em relação aos direitos humanos, que enquanto conseqüentes de conquistas históricas importantes da humanidade, não obstante, não podem ficar estagnados em um âmbito formalista caso visem se sobrepor efetivamente às contradições políticas que nosso tempo impõe e que estão sempre se transformando conforme as contingências históricas. Ou seja, os direitos humanos dependem, para a sua efetivação, de um constante exercício de cidadania, de modo que também estão vinculados ao resgate da política. Além disso, como parte da hipótese levantada, partiu-se ainda do pressuposto de que o eclipse da política parece ter como contraparte a submissão da população a políticas governamentais que podem, de modo concomitante, repercutir de forma inclusiva e excludente, promovendo tanto a vida quanto a morte. Isso parece tanto mais evidente em nosso país, em que as contradições de todas as ordens adquirem dimensões profundas. Nesse contexto, então, é que se questionou: por que a política está eclipsada em nossa sociedade? E, além disso, por que os mecanismos jurídico-institucionais - diga-se a democracia representativa e os direitos fundamentais - afiguram-se incapazes de fazer cessar a iminência de morte que hoje milhões de pessoas estão expostas? Tais questionamentos, contudo, remetem àquele ponto inicial: quais as relações entre vida e direito? Este trabalho busca pensar essas relações à luz de Giorgio Agamben, retomando as suas análises e interlocuções a respeito das temáticas biopolítica e Estado de exceção, que parecem justamente fazer evidenciar as relações entre vida e direito, sobretudo no sentido de pensar como a biopolítica consegue se rearranjar de forma jurídico-institucional, nomeadamente através do Estado de exceção. Abstract : The main goal of this essay was to investigate the relationship between life and law, that is, to analyze the legal and institutional mechanisms which the political powers manage to organize and to be imposed on the population. The hypothesis raised for research was that thinking the ought of law somehow depends on the realization of democracy; however, not only the institutional aspects of democracy, but democracy as a paradigm which aims to create an effective public space, which is now, however, apparently eclipsed. By this perspective, the same could be said about human rights, which belong to important historical achievements of humanity, however, cannot stay stagnant case designed to overlap effectively to the political contradictions of our times and who are always turning as historical conditions. In other words, human rights depend on their putting a constant exercise of citizenship, so that also is linked to the rescue of the politics. In addition, as part of the hypothesis raised, broke even on the assumption that the eclipse of politics seems to have as counterpart to the submission of the population to certain government policies, which can at the same time pass so including and excluding way, promoting the life and death of concurrent mode. That seems clearer in our country, where the contradictions of all orders get deep dimensions. In this context, then, is that it raised the question: why is politics eclipsed in our society? And besides, why do the legal-institutional mechanisms- it means the representative democracy and the fundamental rights - seem unable to make the imminence of death that today million people are exposed? Such questions, however, refer to that starting point: what are the relationships between life and law? This essay seeks to think these questions through Giorgio Agamben, resuming their analyses and hold dialogue regarding the themes of biopolitics and the State of exception, witch seem to just do highlight the relationship between life and law, especially in the sense of thinking such as biopolitics can rearrange legal-intitutional form, in particular through the State of exception
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