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RESUMOS DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DO CURSO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DE CUIDADO EM ENFERMAGEM OPÇÃO: DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS RESUMOS DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DO CURSOMinistério da Saúd
Percursos interprofissionais : formação em serviços no Programa Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde
XIII Semana de Enfermagem
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) conceituou o termo biossegurança como sendo “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”1.
A realização de práticas de biossegurança está intimamente relacionada com o conhecimento acerca desse assunto, fato que torna a formação e capacitação profissional estratégias eficazes para um exercício profissional seguro. Nesse sentindo, as instituições que são responsáveis pela formação de profissionais da saúde, têm o dever de promover a sensibilização dos indivíduos, enquanto discentes, sobre a importância de conhecer as boas práticas de biossegurança nos espaços de ensino, uma vez que é nesse ambiente que a realidade da práxis do profissional em Enfermagem pode ser transformada2.
 
1.ª Expogest: mostra nacional de vivências inovadoras de gestão no SUS: prêmio Eleutério Rodriguez Neto: eixo 2: gestão do cuidado em saúde
758 p.: il.Publicação dedicada à divulgação das experiências apresentadas e vivenciadas na 1ª EXPOGEST - Mostra Nacional de Vivências Inovadoras de Gestão do SUS, na qual foram definidos três eixos temáticos que orientaram a organização do evento, a inscrição dos trabalhos e a elaboração destas publicações. Cada eixo corresponde a uma revista. São eles: - Eixo 1: Organização da atenção integral em saúde; - Eixo 2: Gestão do cuidado em saúde; - Eixo 3: Condução do sistema de saúde
1.ª Expogest: mostra nacional de vivências inovadoras de gestão no SUS: prêmio Eleutério Rodriguez Neto: eixo 1: organização da atenção integral em saúde: resumos dos trabalhos e grandes conversas.
Publicação dedicada à
divulgação das experiências apresentadas e vivenciadas na 1ª
EXPOGEST - Mostra Nacional de Vivências Inovadoras de
Gestão do SUS, na qual foram definidos três eixos temáticos
que orientaram a organização do evento, a inscrição dos
trabalhos e a elaboração destas publicações. Cada eixo
corresponde a uma revista. São eles:
- Eixo 1: Organização da atenção integral em saúde;
- Eixo 2: Gestão do cuidado em saúde;
- Eixo 3: Condução do sistema de saúde
Processo de trabalho da enfermeira na atenção ao idoso no âmbito da Estratégia de Saúde da Família
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2011Estudo com objetivo de conhecer o processo de trabalho da enfermeira na atenção ao idoso no âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Tratou-se de um estudo exploratório/descritivo com abordagem qualitativa, cujo cenário foi a rede de atenção básica do município de Florianópolis/SC. Teve como sujeitos 16 enfermeiras e 1 enfermeiro, que desenvolvem atividades com o idoso na ESF, selecionados por interesse em contribuir com a pesquisa. A coleta de dados ocorreu nos locais de trabalho de cada informante em encontros agendados previamente, utilizando-se a técnica da entrevista narrativa orientada por tópicos abertos, sobre os quais os sujeitos discorreram com base em suas percepções e experiências cotidianas. As entrevistas foram gravadas e, após transcritas, encaminhadas para validação. O estudo cumpriu todas as recomendações da Resolução 196/1996. Os resultados foram submetidos à técnica de Análise de Conteúdo obedecendo aos estágios de pré-análise, constituição do corpus, seleção das unidades de significância e classificação e agregação em temas, dando origem a três categorias: A Configuração do trabalho da enfermeira na atenção ao idoso; O Desafio de lidar com a violência intrafamiliar contra o idoso e O ideário da enfermeira acerca da promoção da saúde do idoso. Os resultados demonstraram que o processo de trabalho da enfermeira na atenção ao idoso no âmbito da ESF vem conformando-se a partir de estruturas diferenciadas nas quais se observa uma adequação de papéis à medida que as demandas surgem, porquanto não se identificou um trabalho sistematizado voltado para esse grupo no âmbito da ESF. O discurso das enfermeiras evidenciou que o lidar cotidiano com o envelhecimento populacional no locus do estudo vem ocorrendo de forma assimétrica, por meio de práticas por vezes contraditórias às propostas pela ESF. Os desafios que emergem nesse contexto encaminham a enfermeira para a busca de apoios disponíveis na rede de atenção básica, por carecer de ações que extrapolam sua competência profissional, embora muitas vezes ela precise desempenhar esse papel para resolver situações emergenciais. Entretanto, as informantes acreditam nas possibilidades de aperfeiçoamento e percebem que, mesmo timidamente, o trabalho da enfermeira com o idoso tem-se modificado em função das necessidades e exigências das demandas advindas desse grupo etário. Essa situação coloca a enfermeira frente ao desafio de rever sua prática, repensar os modos de operar o processo de trabalho e desenvolver metodologias e instrumentos com base em conhecimentos socialmente instituídos para manejar velhos e novos problemas relacionados à promoção da saúde do idoso. A existência de contradições na dinâmica do trabalho da enfermeira na ESF pode servir como um convite à reflexão acerca das possibilidades de conquistar e demarcar seu espaço no campo da saúde coletiva. Por constituir-se numa prática socialmente estabelecida, o trabalho da enfermeira deve incorporar, além das prescrições legais, os desafios sanitários e sociais que surgem cotidianamente nos espaços de materialização da ES
A inserção de práticas integrativas e complementares no contexto da atenção primária à saúde na perspectiva de terapeutas ocupacionais
Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Milene Zanoni da SilvaCoorientador: Prof. Dr. Derivan Brito da SilvaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Defesa : Curitiba, 30/09/2021Inclui referências: p. 106-115Área de concentração: Políticas PúblicasResumo: As Práticas Integrativas e Complementares (PIC) são reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde, como ferramenta de cuidado em saúde e têm se expandido mundialmente e no Brasil, especialmente na Atenção Primária. Neste nível de atenção está inserida a Terapia Ocupacional, sendo a profissão que possui o maior número de PIC regulamentadas pelo seu conselho de classe. O objetivo desta pesquisa foi compreender as relações entre a formação profissional, assistência e a gestão das PIC na Atenção Primária à Saúde (APS), sob a perspectiva de terapeutas ocupacionais e da gestão municipal. Esta pesquisa tem caráter qualitativo, exploratório e descritivo, e foi realizada através de pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Para a pesquisa de campo utilizou-se da observação participante e de entrevista. A pesquisa foi realizada em um município da Região Metropolitana de Curitiba, durante à pandemia da COVID-19, entre agosto de 2020 e agosto de 2021 e envolveu a participação de cinco terapeutas ocupacionais atuantes na APS e da coordenadora de atenção à saúde. Para análise dos dados, optou-se pela Proposta Operativa de Minayo, que inclui: a ordenação, classificação e análise. Como resultado do processo analítico, a discussão deste trabalho foi organizada em quatro categorias empíricas: (1) A Formação Profissional em Saúde: a inserção das PIC, da graduação à educação permanente em saúde; (2) As PIC na Atenção Primária à Saúde: uma perspectiva de terapeutas ocupacionais; (3) As PIC no enfrentamento da Pandemia Covid-19: entre a assistência, gestão e saúde do trabalhador; e (4) Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: desafios para Formação, Assistência, Gestão em PIC. Estas categorias estão apresentadas em forma de artigo. Assim, foi possível identificar que a oferta de disciplinas de PIC na graduação favoreceram a busca pela formação em PIC, como educação continuada por terapeutas ocupacionais; que a falta de insumos e estrutura fragilizam a busca pela formação; que as PIC são utilizadas como ferramenta de trabalho pelas terapeutas ocupacionais, de forma complementar aos recursos específicos da profissão, não havendo fluxo específico para assistência das PIC na APS. Compreendeu-se também pelas profissionais e gestora, que existe a necessidade de organização do processo de trabalho, sobre a importância da educação permanente e da educação popular em saúde para o fortalecimento das PIC no âmbito da APS.Abstract: Traditional Complementary and Integrative Medicine (TICM) are recognized by the World Health Organization as a tool for health care and have expanded worldwide and in Brazil, especially in Primary Care. Occupational Therapy is inserted in this level of care, being the profession that has the largest number of TICM regulated by its class council. The aim of this research was to understand the relationships between professional training, assistance and management of TICM in Primary Health Care (PHC), from the perspective of occupational therapists and municipal management. This research is qualitative, exploratory and descriptive, and was carried out through bibliographic, documentary and field research. For the field research we used participant observation and interviews. The research was carried out in a city in the Metropolitan Region of Curitiba, during the pandemic of the COVID-19, between August 2020 and August 2021 and involved the participation of five occupational therapists working in PHC and the health care coordinator. For data analysis, we opted for Minayo's Operative Proposal, which includes: sorting, classification and analysis. As a result of the analytical process, the discussion of this work was organized in four empirical categories: (1) Professional Training in Health: the insertion of TICM, from graduation to permanent health education; (2) TICM in Primary Health Care: a perspective of occupational therapists; (3) TICM in facing the Covid-19 Pandemic: between assistance, management and worker's health; and (4) National Politics of TICM: challenges for Training, Assistance, Management in TICM. These categories are presented in the form of an article. Thus, it was possible to identify that the offer of TICM subjects in undergraduate courses favored the search for TICM training as continuing education by occupational therapists; that the lack of inputs and structure weaken the search for training; that TICM are used as a work tool by occupational therapists, in a complementary way to the specific resources of the profession, and that there is no specific flow for TICM assistance in PHC. It was also understood by the professionals and manager that there is a need to organize the work process, on the importance of continuing education and popular education in health to strengthen the TICM in PHC
Narrativas da pandemia de Covid-19: Experiências em saúde coletiva
E-bookEm dezembro de 2019, na China, foi detectada a COVID-19, uma doença infecciosa, altamente transmissível, causada por um novo coronavírus (SARS CoV-2). A Organização Mundial da Saúde, em março de 2020, decretou estado de emergência vindo a se configurar numa pandemia, que levou o planeta a uma crise sanitária (WHO, 2020).
Nos anos de 2020 e 2021, em atenção às orientações sanitárias, foi instituída uma série de medidas priorizando o distanciamento e/ou o isolamento social. Com isso, muitas mudanças se fizeram necessárias em atividades diárias e cotidianas, nos nossos modos de se relacionar com nós mesmos e com os outros e, também, nas estratégias de educação e formação em saúde.
A obra “Narrativas da Pandemia de COVID-19: Experiências em Saúde Coletiva” resulta de uma parceria entre o Grupo de Estudos em Saúde Coletiva dos Ecossistemas Costeiros e Marítimos (GESCEM-FURG), o Grupo de Estudos Rotas Críticas: Desigualdades Sociais, Generificadas e Racializadas (UFRGS) e o Núcleo de Estudos do Trabalho e Constituição do Sujeito (NETCOS FURG). E emerge da necessidade de registrar e de compartilhar as narrativas das experiências de professores, estudantes e trabalhadores, durante a pandemia de COVID-19.
Poderíamos nos perguntar com Benjamin (1994a) como transmitir uma experiência diante do empobrecimento das possibilidades de sua transmissão na contemporaneidade? Talvez algumas pistas sejam encontradas no próprio autor quando nos fala da importância de narrar o vivido, refletir sobre o que se passou, compartilhar os efeitos de nossas experiências (BENJAMIN, 1994b). Aqui, tomamos a experiência como produção coletiva (SCOTT, 1998) em sua construção discursiva, histórica e socialmente situada (HARAWAY, 1995).
O ato de narrar, por sua vez, produz um posicionamento político, enlace de um viver que se faz na relação com os outros. O “Registrar para não esquecer, narrar para compartilhar as experiências do viver”, sinaliza um esforço coletivo de dar visibilidade, refletir e
problematizar o que se tem vivido. Narrar para compartilhar as experiências do viver nos auxilia a produzir um rasgo na linearidade e naturalização da vida. Instaura a possibilidade de juntos refletirmos e nos inquietarmos com o que tem se passado. A potencialidade do narrar, já diria Benjamin, está na possibilidade de transmissão da experiência.
Nesse sentido, experiência e narração articulam modos outros de falar, escutar, compartilhar, visibilizar, reverberar saberes periféricos, negligenciados pela história oficial (MACIAZEKI-GOMES e ORTUÑO, 2020). Experiência e narração tomam contornos políticos ao encarnar os fragmentos de uma história que se-faz-sendo, não linear, mas recortada e (re)inventada na arte de narrar e dela fazer arte(sanato) (MACIAZEKI-GOMES, 2017). A contribuição dos textos, apresentados neste livro, constrói-se a partir de fragmentos do cotidiano, num descompasso entre o escrever, o sentir e o viver uma história viva, que se faz a cada dia. Histórias que se compõem em meio aos efeitos da pandemia de COVID 19. O conjunto de textos (re)afirma uma política da narratividade que se faz com os saberes situados (HARAWAY, 2014). A narrativa traz visibilidade a uma gama de experiências em Saúde Coletiva produzida em espaços de atenção e de formação, atravessados pela pandemia. Narrativas que compartilham desassossegos, dúvidas, medos e incertezas, como também, estratégias de reinvenção frente ao distanciamento social ou à ausência da presença física. O uso de tecnologias passou a ser acionado, em larga escala. Os encontros, conversas, grupos de acolhidas e trocas passaram a ser mediados pelas telas dos computadores e celulares. Muitas vezes, evocavam questionamentos como: Seria possível se produzir afeto, contato e proximidade com o outro através das telas? Seria possível a produção de cuidado mediada pelo uso das tecnologias digitais? Como (se) reinventar em meio a uma pandemia?
A construção de estratégias de comunicação, muitas delas inéditas até então, demonstraram a capacidade de trabalhadores, acadêmicos e professores de se reconstruírem a si mesmos e a seus processos de trabalho, frente aos impactos e efeitos devastadores da pandemia de COVID-19, no sistema sanitário brasileiro. Inúmeros fatores precisaram ser levados em consideração nos processos de adaptação e ajustes necessários às novas exigências. A proposta de um grupo online, por exemplo, foi atravessada por requisitos mínimos para sua realização, como o acesso à internet. A questão do acesso, mais uma vez, desnudou nossas fragilidades diante das desigualdades sociais e econômicas históricas em nosso país. Assim, promover mudanças nos modos de cuidar, na gestão e formação em saúde exigiu que fossem levadas em conta, além das questões técnicas, as especificidades socioculturais e econômicas, locais e regionais, na proposição de soluções para os problemas apresentados.
Neste registro, a política de localização das narrativas demarca o fio condutor dos capítulos, aqui apresentados. Registra e compartilha os fragmentos de experiências, em contextos de formação, gestão e atenção em saúde, desde a região sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As escritas se passam em diferentes dispositivos das políticas públicas de saúde, educação, assistência social e, até mesmo, dentro de nossas próprias casas. Nesse contexto, o público e o privado se diluem, ao passo que as distâncias geográficas, no meio virtual, também. As experiências registradas, ainda em movimento, dizem de um momento presente, que pede passagem para serem compartilhadas e processadas de modo coletivo. Demarcam um compromisso social ao buscar pensar estratégias de como se (re)inventar, contam de movimentos em prol de um esperançar, da busca por possibilidades em um tempo com tantas limitações e restrições. Dizem da produção de estratégias de cuidado consigo e com o outro que encadeiam um cuidado em rede, de modo coletivo.
Para apresentação das produções, os textos que compõem o livro foram agrupados em duas seções temáticas: “Falando sobre experiências em serviços de saúde em tempos de COVID-19” e
“Compartilhando experiências poético-expressivas em tempos de COVID-19”.
Na seção I “Falando sobre experiências em serviços de saúde em tempos de COVID-19” são apresentados textos escritos por estudantes da graduação, residentes em programas de saúde da família e professores de cursos do campo da saúde. Esses textos autorais mostram o desejo de enfrentar os medos, as angústias e as inseguranças produzidas pela pandemia e agudizadas pela sua má gestão, no Brasil. A seguir, traremos uma breve apresentação de cada um dos textos, contextualizando os cenários onde ocorreram e os aspectos singulares de cada um deles.
O primeiro capítulo, intitulado A saída sempre será coletiva: narrativas de um estágio em Psicologia Social junto ao dispositivo clínico Espaço de Expressão, aborda as transformações nos processos educativos e de formação em Psicologia. As autoras e os autores, Gabriela Viana de Oliveira, Fernanda Pereira Morais, Leonardo Roman Ultramari, Diogo Dias Ramis, Rita de Cássia Maciazeki-Gomes e Jackson Cardoso compartilham um registro das experiências vivenciadas no estágio, durante a pandemia de COVID-19, no ano de 2021. Registra a reorganização das práticas de estágio em Psicologia Social, realizadas, de modo remoto, junto ao dispositivo clínico Espaço de Expressão (EE), vinculado ao laboratório do Grupo de Estudos em Saúde Coletiva dos Ecossistemas Costeiros e Marítimos (GESCEM). Entre as questões levantadas pelo grupo, estão: Que território é esse que se constitui com a ausência da presencialidade? Que tipo de presença existe no modelo virtual e que corpo é esse que se constitui através das telas? E ainda, será possível que esses corpos se afetem?
A fragilização da Estratégia Saúde da Família na Atenção Básica à Saúde e a pandemia de COVID-19: uma narrativa sobre a experiência de estágio em Psicologia Social no Município do Rio Grande/RS compõe o segundo capítulo, de autoria de Fernanda Camilotto Bortoluzzi, Letícia Ferreira Coutinho, Estephani de Almeida Vargas, Bruna Rosa Farias e Ceres Braga Arejano. O registro traz reflexões sobre as experiências de estágio em Psicologia Social, no acompanhamento das Equipes Multiprofissionais, antigo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), durante o período de outubro de 2020 a abril de 2021. O relato enfatiza que o estágio foi atravessado por duas grandes crises: uma ligada à expansão do pensamento neoliberal na gestão das políticas públicas em saúde, expressa na elaboração de um novo financiamento da Atenção Básica no Brasil (Portaria 2.979, DE 12 de novembro de 2019), provocando o desmonte dos princípios e diretrizes do SUS (PAULINO et al, 2021); e outra vinculada à maior crise sanitária deste século: a pandemia da COVID-19.
O texto Percursos de uma (ou mais) escuta(s): relato de bordo apresenta narrativas sobre as experiências de estágio remoto em psicologia clínica. Compartilha um registro sensível sobre os muitos desafios em produzir-se terapeuta, mediado pelas telas e seus temores. Segundo, Ana Paula Moreira Ferreira, Andreli Dalbosco, Flavia de Moraes, Jéssica Aguirre da Silva, Josiane Flores Pinheiro, Juliano Barros Dalmas, Mariana Schuh, Pedro Alves Fagundes, Renata Cecconello Mônego, Renata de Lima Corrêa e Analice de Lima Palombini: “o encontro terapêutico mesmo sendo também um encontro, ele não pode ser despretensioso. A escuta tem propósito. É um esperar, um temer e muitos outros verbos que qualificam a experiência de ser terapeuta”. Entre os desafios “do encontro terapêutico” sobressaem os sentimentos de medo, imprevisibilidade e incerteza a todas as mudanças que a pandemia acarretou.
O quarto capítulo, Entre a Casa e o Estágio: experiências, afetos e narrativas pandêmicas em meio à
prática de estágio na assistência social, traz a perspectiva de estagiárias de Psicologia Social junto aos dispositivos do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – Medidas Socioeducativas (CREAS-MS), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – Medidas Protetivas (CREAS-MP) e do Programa Família Acolhedora (PFA), no período 2020 e 2021. As autoras Gabriela Del-Ponte, Sophia Souza e Carine Ortiz Fortes trazem as repercussões cotidianas acionadas pelas experiências do fazer-se estagiária na política de Assistência Social, durante a pandemia de COVID-19. O texto salienta as dificuldades de viabilizar as atividades planejadas, o medo do contágio e de contagiar familiares, as contradições e, por vezes, a vontade de desistir. Mas também assinala as potências, as aprendizagens significativas, os enfrentamentos e o afeto presente em toda a caminhada.
Em Vigilância em Saúde do Trabalhador: relato de estágio em psicologia em meio à pandemia do novo coronavírus, Mattheus Pessano narra o registro da realização do primeiro estágio em Psicologia Social, junto à Vigilância da Saúde do Trabalhador (VISAT). Relata as muitas dificuldades ocorridas durante a realização do estágio, com a passagem do estágio presencial para o remoto. Porém, mesmo com os entraves sofridos, nos mostra a abertura de novos campos de atuação, a importância do olhar e da escuta da psicologia nos ambientes relacionados à vigilância em saúde, no caso a saúde do trabalhador. As discussões atentam para a importância das notificações dos agravos a saúde do trabalhador, que denunciam o mal-estar, o sofrimento físico e psicológico, responsável pelos efeitos deletérios à saúde mental dos trabalhadores, que vão do Burnout ao suicídio. E, ainda, traz visibilidade para o fato de que, na pandemia de COVID-19, os trabalhadores da saúde foram um dos grupos mais afetados, tanto em termos de adoecimento, quanto de mortes.
O Acompanhamento terapêutico como meio de (re)inventar o cuidado em saúde mental em tempos de pandemia: uma análise cartográfica é a temática abordada por Amilton Gonçalves Schir e Douglas Casarotto de Oliveira. O texto apresenta as reflexões das experiências de um acadêmico de psicologia como Acompanhante Terapêutico (AT), junto a um projeto de extensão em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-II), no interior do Rio Grande do Sul. O texto registra a eclosão de sentimentos como medo, angústia, solidão, insegurança e pânico social, que tomaram conta da comunidade acadêmica, no início da epidemia. Registra, também, o sofrimento psíquico decorrente das situações de desemprego, doença e morte em familiares, a superlotação de hospitais e a escassez de suprimentos. Compartilha reflexões sobre as atividades de cuidado do AT no SUS, como a realização de rodas de conversa, oficinas de rádio, relato de caso, retomada da horta comunitária no CAPS. As narrativas dessas experiências explicitam o cuidado em rede, em sua dimensão coletiva.
O texto seguinte traz reflexões sobre o Sobrevoo, Pouso e Linhas de Fumaça: registros de um diagnóstico comunitário produzido por residentes multiprofissionais em saúde da família (RMSF/FURG). No registro, Aline das Neves Cordeiro, Daniela dos Santos, Lara Irene Leite da Costa e Juliana Cotting Teixeira compartilham reflexões dos resultados advindos do diagnóstico comunitário realizado no território de atuação em saúde, junto à atenção básica. Jovens “desejantes”, como elas mesmas se denominam, produzem mapas, itinerários, cuidados e afetos. Nesse percurso, criaram exercícios de decolagem e sobrevoo e, no trajeto, identificaram questões de gênero e de saúde mental, inventaram estratégias usando “linhas de fumaça”, fazendo uso e abuso da linguagem literária, poética, metafórica. O relato está ancorado no território vivo, geográfico, econômico, cultural e humano, como havia descortinado Milton Santos. Sem medo de ser feliz, o texto encerra acenando com linhas de fumaça, ou estratégias inventadas pelas residentes para driblar a epidemia.
Em Da Graduação à Pós-Graduação: O processo de formação durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 pelo olhar de uma residente e uma estagiária de psicologia, as autoras Mariana de Oliveira Garcia, Mariana da Cunha Aires e Mariana Gauterio Tavares apresentam os desafios e potencialidades do processo de formação em nível de graduação e de especialização. A partir de diferentes posições, como residente, estagiária de psicologia social e supervisora e preceptora, compartilham reflexões sobre as mudanças e (im)possibilidades na formação e atuação em saúde, em um hospital universitário, no extremo sul do país. Destacam entre os desafios: a formação deficitária em Psicologia para intervenções nas situações de emergências e desastres, a adaptação aos protocolos, o uso de Equipamentos de Proteção individual (EPI’s), o distanciamento físico de pacientes, equipe e a dificuldade de acesso à internet. Entre as potencialidades ressaltam a flexibilidade da equipe, a adaptação das atividades para o modo remoto, o uso de tecnologias no cuidado e aproximação de pacientes e familiares.
No último capítulo desta seção, Ana Cristina Holszchuh Machado e Tarcis Murilo Sartor compartilham as Intervenções psicológicas em uma Unidade de Terapia Intensiva no contexto da COVID-19: estudo de caso sobre a importância da participação da família no processo saúde doença. O texto contempla reflexões sobre a atuação da Psicologia no cenário de internações hospitalares, em situações de adoecimento grave, de despedida e morte, durante a pandemia da COVID-19. No registro, os autores compartilham as experiências de visitas virtuais a uma paciente internada na Unidade de Terapia Intensiva, que veio a falecer. Na impossibilidade da realização de visitas presenciais, a estratégia adotada contribuiu para a vivência dos rituais de despedidas, auxiliando na elaboração dos processos de luto, trazendo conforto possível para o paciente, sua família e equipe de saúde.
Já na seção II, “Compartilhando experiências poético-expressivas em tempos de COVID-19”, são apresentados textos de autoria de artistas, poetas, estudantes da graduação, pós-graduação e professores. Os textos compartilham experimentações clínicas e educativas, ao mesmo tempo em que registram as reflexões acerca das (im)possibilidades de escuta, encontros e linhas de fuga que dão (an)coragem para seguir adiante, reinventando modos outros de cuidar de si e dos outros, em tempos de pandemia. A seguir, traremos uma breve apresentação de cada um dos textos, contextualizando os cenários onde ocorreram e os aspectos singulares de cada um deles.
O texto de Lilian Ney: 2020, o ano em que reinventamos o contato, constrói um percurso narrativo singular, que evoca cenas, cenários, fragmentos, lembranças das mudanças, transformações e ressignificações ocasionadas pelo advento da COVID-19. O registro aponta a escrita como elo, possibilidade de suspiro e elaboração do vivido: “escrevo memórias, lembranças, desejos, sonhos, vontades, reais e inventadas”. A escrita, por vezes intimista, compartilha sentimentos, memórias, mudanças nas rotinas diárias, transições e adaptações cotidianas na vida pessoal e, também, no mundo do trabalho. Encontramos, aqui, com a escrita como um arquivo vivo, um rasgo no tempo, na
história, deixando marcas para os que virão. Em Portas e janelas, música, trabalho e fotografia: narrativas de um professor em pandemia, Alan Goularte Knuth compartilha seus registros, tendo como eixo transversal a Saúde Coletiva. O texto salienta as mudanças no mundo do trabalho docente, que passou a ser realizado dentro de casa. O registro encadeia as dimensões ético-políticas, ao dar corpo à narrativa de um “professor remoto”, atravessado pelas questões do seu tempo, como dos “links, câmeras e microfones, do desejo de sobrevivência, da lamentação pelas perdas, da repulsa pelo negacionismo como estratégia política até o reconhecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) como um marco de proteção aos brasileiros e o advento da vacina como estratégia para retomadas”. Enfatiza a dimensão coletiva, ao compor estratégias imagéticas, expressivas e sonoras que, de algum modo, entrelaçam as relações de proximidade e de cuidado consigo mesmo e com os outros.
Aline Machado Dorneles escreve Cartas da formação docente em tempos pandêmicos. As cartas são um convite a continuar tecendo reflexões sobre o cotidiano, a vida e o trabalho de professores e professoras, em tempos de pandemia. As cartas acionam um convite para um encontro com a escrita narrativa. As cartas escritas no presente emergem entre os desafios da (con)vivência com o imprevisível, o inesperado e como estratégia de reinvenção. A escrita narrativa torna-se uma estratégia para expressar sentimentos e aprendizagens. A escrita de cartas instiga o registro e o testemunho do vivido no endereçamento da mensagem narrada. A escrita narrativa traz à tona uma escrita sensível, reflexiva, de modo a levar em conta as muitas singularidades e produzir conexões no tempo, no espaço e na relação com os outros. Na docência, a narrativa se associa ao caráter formativo, como potencialidade para produzir práticas investigativas sobre fazer e os efeitos das experiências educativas.
No próximo capítulo, Gicelda Mara F. Silva traz o poema O hospital na pandemia, numa inspiração do poema “A escola” de Paulo Freire. A escrita poética produz um olhar humanizado para o hospital, de modo a integrar todos aqueles atores que, no seu processo de trabalho, estabelecem laços de convivência no dia a dia da instituição hospitalar. A escrita acolhe, estabelece laços e produz visibilidade a todos aqueles que cuidam e que dão de si na linha de frente de uma pandemia. Abre, assim, espaço também para um cuidado daqueles que cuidam.
A proposta de uma conversa-escrita é trazida por Débora Medeiros do Amaral e Aline Dornelles em A importância de dizer a palavra e narrar sobre dias pandêmicos – A escrita como possibilidade de encontro e conversa. As autoras propõem uma escrita ampliada, trazendo possibilidades de encontros em outros tempos, pausas e alentos. A escrita conversa-leitura, com textos escritos por outros, que são encontrados, em outros tempos, por cada um de nós. O texto registra as cenas do cotidiano, as demandas e sobrecargas na vida e no trabalho impostas pelo trabalho remoto. As cartas refletem sobre as experiências acionadas com o(s) tempo(s) e a docência na educação infantil. As cartas evocam memórias de um vivido e movimentos de um vir a ser. As cartas registram memórias e acionam práticas permeadas pelo compromisso social “da memória e a necessidade de dizer a palavra”. As narrativas deixam em aberto uma conversa-escrita inacabada e o convite para continuidade da conversa.
Em seu ensaio poético Realidades Descontinuadas, Andrew Oliveira de Oliveira apresenta as primeiras impressões frente à vivência pandêmica da COVID-19. Acompanhamos com ele um mundo que pára, à medida que os processos inconscientes passam a tomar conta do cenário, da realidade. Existe um sentimento de estranhamento frente à velocidade dos acontecimentos, entre eles, o contágio, o adoecimento que se instala e acomete a população. O texto produz uma sensação onírica de vertigem. Mas, antes do final, surge renovada a esperança da oportunidade do despertar e a possibilidade de capturar novas memórias, novos segredos. O texto aciona imagens e nos convida à imaginação.
No capítulo final, o artista plástico Leandro Machado dos Santos compartilha os registros de sua exposição: “Vilões vilões violam viole