Induced abortion : the experience of men and women from Brazil

Abstract

Introdução: A interrupção voluntária da gravidez, proibida no Brasil, pode levar a situações de abortamento inseguro, que é reconhecidamente um grave problema de saúde pública. É necessário conhecer as circunstâncias envolvidas nesta situação para que seja possível compreender melhor o contexto em que as mulheres recorrem a um abortamento, bem como identificar subgrupos com necessidades especiais de atendimento pelos serviços de saúde. Objetivo: Avaliar alguns fatores sociodemográficos e epidemiológicos associados à interrupção voluntária da gestação. Sujeitos e métodos: Estudo descritivo analítico de corte transversal envolvendo o envio de um questionário estruturado e pré-testado a 15.800 funcionários de uma entidade pública do Estado de São Paulo. Os questionários preenchidos pelos participantes foram enviados de volta em envelope resposta pré-selado. Foram preenchidos 1660 questionários (11% de taxa de resposta), nos quais houve 296 gestações indesejadas e, destas, 165 terminaram em aborto induzido voluntário. Foram realizadas análises bivariada e multivariada por regressão de Poisson para estudar a associação entre a ocorrência de um aborto quando diante de uma gravidez indesejada com algumas características sociodemográficas selecionadas. Resultados: Um quinto dos participantes relatou vivenciar uma gravidez indesejada anterior, e 55,7% deles recorreram ao abortamento naquela ocasião. As maiores proporções de decisão e realização do abortamento foram encontradas entre os participantes do sexo masculino (62,1%), que tinham de 18 a 24 anos por ocasião da gravidez de sua parceira (62,3%), sem filhos (58,9%), não unidos (61,7%) e entre os respondentes com escolaridade superior (70,3%). A maioria das interrupções foi realizada por um médico e pouco mais de 10% dos participantes relataram ter feito uso do misoprostol. A maioria dos abortos (45%) realizou-se entre 1980 e 1989. Dentre os respondentes que referiram aborto realizado por médico, mais da metade (54%) ocorreram na mesma década (entre 1980 e 1989). Dentre aqueles que fizeram uso de misoprostol, 58% o fizeram entre 1990 e 1999. Os participantes relataram que 22,9% das mulheres que abortaram necessitaram de atendimento médico após o aborto e 16,6% foram internadas após recorrerem ao aborto. Conclusão: Na amostra estudada foi possível verificar que um de cada dois dos respondentes por ocasião de uma gravidez indesejada optou pelo abortamento. Chama atenção que as pessoas tiveram acesso a condições menos inseguras para interromper uma gestação indesejada, ainda que num contexto de ilegalidade dessa prática.Introduction: Unsafe abortion is a serious public health problem in Brazil and other countries where it is considered a crime. It's necessary to understand the context of these abortions to approach the issue . Objective: To evaluate some sociodemographic and epidemiological factors associated with induced abortion. Method: Cross-sectional study. A self-responded questionnaire was sent to 15.800 employees of a public organization. 1660 questionnaires were completed. There were 296 unintended pregnancies and 165 induced abortions. Bivariate and multivariate Poisson regression analyses were performed to explore the association between the occurrence of abortion when faced an unintended pregnancy with some sociodemographic characteristics. Findings: One fifth of respondents reported an unintended pregnancy and 55.7% of those respondents resorted to abortion. The highest rates of abortion were found among male participants (62.1%) who were between 18 and 24-years-old at the time of pregnancy (62.3%), childless (58.9%), not united (61.7%) and with a college education (70.3%). Most of the respondent´s abortions were performed by a doctor, and 17.8% of participants reported misoprostol use. Medical attention was necessary for 22.9% of these women after abortion and 16.6% were hospitalized. Most abortions (45%) took place between 1980 and 1989, and 54% of respondents who had abortions in this decade resorted to a doctor. Those who used misoprostol, 58% did between 1990 and 1999. Conclusion: In this sample we observed that half of respondents opted for abortion during an unintended pregnancy. It is noteworthy that people had access to fewer unsafe conditions for stopping an unintended pregnancy, even in the context of illegal practice

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Last time updated on 10/08/2016

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