Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida
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A relação entre ansiedade e paralisia do sono em estudantes universitários
Dissertação de Mestrado realizada
sob a orientação da Professora Doutora Diana
Frasquilho, apresentada no Ispa -
Instituto Universitário para
obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia Clínica.Introdução: A paralisia do sono é caracterizada pela incapacidade
temporária do movimento ou da fala durante o sono ou ao acordar e parece ter
uma relação com níveis de ansiedade. O presente estudo tem como objetivo
explorar a relação entre os sintomas de ansiedade e a paralisia do sono em
estudantes universitários.
Método: A amostra foi composta por 206 participantes. Foi aplicado um
questionário sociodemográfico, um questionário de paralisia do sono e o
Inventário de Ansiedade de Beck.
Resultados: Os resultados evidenciam uma relação significativa entre
ansiedade e paralisia do sono. Estudantes universitários com níveis mais
elevados de ansiedade demonstraram maior ocorrência de episódios de paralisia
do sono. A posição supina durante o sono foi associada a este fenómeno,
corroborando estudos anteriores. O período de lançamento das notas, de exames
e de entrega de trabalhados mostrou-se estar relacionado à ocorrência de
episódios de paralisia do sono, podendo refletir a ansiedade experienciada nessa
fase. Embora não tenham sido encontradas diferenças significativas entre
aqueles com mais ou menos de cinco episódios de paralisia do sono, a situação
profissional poderá influenciar esta relação, principalmente em trabalhadores estudantes. Observou-se uma relação maior entre ansiedade e paralisia do sono
no género feminino.
Conclusão: Os resultados deste estudo sugerem uma relação significativa
entre a ansiedade e a ocorrência de paralisia do sono em estudantes
universitários. A compreensão desta relação pode contribuir para uma melhor
intervenção nos casos de paralisia do sono, passando pela redução dos níveis de
ansiedade e pela promoção do bem-estar dos indivíduos afetados.ABSTRACT: Introduction: Sleep paralysis is characterized by a temporary inability to
move or speak during sleep or upon waking and appears to be related to levels
of anxiety. This present study aims to explore the relationship between anxiety
symptoms and sleep paralysis in university students.
Method: The sample consisted of 206 participants. A sociodemographic
questionnaire, a sleep paralysis questionnaire, and the Beck Anxiety Inventory
were administered.
Results: The findings highlight a significant relationship between anxiety
and sleep paralysis. University students with higher levels of anxiety
demonstrated a greater occurrence of sleep paralysis episodes. The supine
sleeping position was associated with this phenomenon, corroborating previous
studies. The period of grade release, exams, and assignment deadlines was found
to be related to the occurrence of sleep paralysis episodes, possibly reflecting the
anxiety experienced during this phase. Although no significant differences were
found between those with fewer than five episodes of sleep paralysis and those
with more, the individual's occupational situation might influence this
relationship, especially among working students. A stronger relationship
between anxiety and sleep paralysis was observed in the female gender.
Conclusion: The results of this study suggest a significant relationship
between anxiety and the occurrence of sleep paralysis in university students.
Understanding this relationship could contribute to better intervention in cases
of sleep paralysis, involving the reduction of anxiety levels and the promotion
of well-being among affected individuals
Quem corre por gosto não cansa? A relação entre a orientação para o trabalho e os riscos psicossociais
Dissertação de Mestrado realizada
sob a orientação do Professor
Doutor Filipe Loureiro,
apresentada no Ispa – Instituto
Universitário para obtenção de grau
de Mestre na especialidade de
Psicologia Social e das
Organizações.O emprego ocupa um grande espaço na vida das pessoas, fazendo com que se
procure, cada vez mais, que este seja uma resposta ao propósito de vida ao invés de apenas
uma atividade remunerada. Ainda assim, nem todos os empregos correspondem ao
propósito de vida idealizado, potenciando a exposição do trabalhador a maiores Riscos
Psicossociais (RPS). Neste sentido, com foco na Orientação para o Trabalho e nos RPS,
este estudo teve dois objetivos principais: 1) Perceber se a perceção de chamamento se
correlaciona com os RPS e suas consequências, nomeadamente na Saúde e Bem-estar e
2) Verificar qual o setor de atividade mais exposto aos RPS.
Para tal foi obtida uma amostra de 303 trabalhadores, dos quais 199 mulheres e
104 homens, com média de idades de 39.8 anos (DP = 11.3), os quais responderam ao
Copenhagen Psychosocial Questionnaire III (COPSOQ-III), ao Questionário da
Orientação para o Trabalho e ainda a um questionário sociodemográfico.
Os resultados obtidos demonstraram que a dimensão de Chamamento (calling) se
associou a menos riscos psicossociais (e.g., problemas de sono, Burnout). Os resultados
obtidos evidenciaram ainda que, apesar de existirem poucas diferenças entre áreas
profissionais na grande maioria das dimensões dos Riscos psicossociais, o grupo Social
destaca-se por ter maiores riscos na dimensão Exigências emocionais, e o grupo
Empreendedores maiores riscos na dimensão Ritmo de trabalho.
Assim, este estudo é uma contribuição para a investigação na área dos riscos
psicossociais em todas as vertentes profissionais, realçando também a importância das
empresas terem trabalhadores que tenham um chamamento para a área de trabalho, devido
a tal estar correlacionado com melhores indicadores de performance e bem-estar.ABSTRACT: Employment occupies a significant place in people's lives, leading to an increasing
search for it to be a response to life's purpose rather than just a remunerated activity.
Nonetheless, not all jobs correspond to the idealized life purpose, which increases the
exposure of workers to greater Psychosocial Risks. In this sense, with a focus on Work
Orientation and Psychosocial Risks, this study had two main objectives: 1) To understand
if the perception of calling correlates with PSR and their consequences, namely Health
and Well-being, and 2) To determine which sector of activity is more exposed to
Psychosocial Risks.
To this end, a sample of 303 workers was obtained, of which 199 were women
and 104 were men, with an average age of 39.8 years (SD = 11.3), who responded to the
Copenhagen Psychosocial Questionnaire III (COPSOQ-III), the Work Orientation
Questionnaire, and a sociodemographic questionnaire.
The results obtained demonstrated that the calling dimension was associated with
fewer psychosocial risks (e.g., sleep problems, Burnout). The results also showed that,
despite few differences between professional areas in the majority of psychosocial risk
dimensions, the Social group stands out for having higher risks in the Emotional Demands
dimension, and the Entrepreneur group has higher risks in the Work Pace dimension.
Therefore, this study is a contribution to research in the field of psychosocial risks
in all professional aspects, highlighting the importance of companies having workers who
are called to their work area, as this is correlated with better performance and well-being
indicators
"Qualidade não é quantidade”, no entanto, “Quanto mais melhor"
Dissertação de Mestrado realizada
sob a orientação da Professora
Doutora Teresa Garcia-Marques,
apresentada no Ispa – Instituto
Universitário para obtenção de grau
de Mestre na especialidade de
Psicologia Social e das
Organizações.Regras heurísticas são atalhos que podem guiar o nosso pensamento e
comportamento em situações em que não existam recursos e/ou motivação suficientes para
processar detalhadamente a informação. Regras heurísticas como “Quanto mais melhor” ou
“Qualidade não é quantidade” são regras que aludem à relação entre quantidade e qualidade e
que estão frequentemente presentes no nosso dia-a-dia, no entanto, não podem estar presentes
em simultâneo pela diferença dos seus significados. Com qual destas regras concordamos
mais? Será que existe relação entre a concordância com estas regras e o comportamento? Será
possível condicionar participantes para utilizarem uma destas regras em detrimento da outra?
Em dois estudos experimentais testa-se, com recurso a medidas explícitas e implícitas, até que
ponto os participantes operam de acordo com estas regras. No estudo 1 recorre-se à avaliação
da força de associação entre quantidade e positivo através de um IAT, avalia-se a
concordância com as regras e investiga-se o possível impacto no comportamento. No estudo
2, prima-se uma associação positiva, negativa ou nula entre qualidade e quantidade e analisa se o impacto na concordância com as regras e no comportamento. Na generalidade, os
resultados demonstram uma tendência para a presença da regra heurística “quanto mais
melhor” ao nível implícito não sendo a mesma passível de alterar pela primação. No entanto,
os participantes afirmam sempre concordar mais com a regra “qualidade não é quantidade”.ABSTRACT: Heuristic rules are shortcuts that can guide our thinking and behavior in situations
where there are not enough resources and/or motivation to process information in detail.
Heuristic rules such as “More is better” or “Quality is not quantity” are rules that allude to the
relationship between quantity and quality and that are frequently present in our daily lives,
however, they cannot be present simultaneously due to the difference in their meanings.
Which of these rules do we most agree with? Is there a relationship between agreement with
these rules and behavior? Is it possible to condition participants to use one of these rules
instead of the other? Two experimental studies tests, using explicit and implicit measures, the
extent to which participants operate in accordance with these rules. In study 1, the strength of
association between quantity and positive is assessed using an IAT, compliance with the rules
is assessed and the possible impact on behavior is investigated. In study 2, a positive,
negative, or null association between quality and quantity is primed and the impact on the
agreement with rules and behavior is analyzed. In general, the results demonstrate a tendency
towards the presence of the heuristic rule “the more the merrier” at the implicit level, which is
not capable of being altered by priming. However, participants state they agree more with the
rule “quality is not quantity”
Antes de desportistas, são mulheres: O medo de engravidar em atletas femininas de alta competição no futebol
Dissertação de Mestrado apresentada no ISPA – Instituto
Universitário para obtenção de grau de
Mestre na especialidade de Psicologia
Clínica.Aos dias de hoje, a gravidez no meio desportivo, não é encarada com naturalidade
e as atletas não têm o devido apoio e suporte.
Dado tal facto, o presente estudo tem como objetivo estudar a perceção face à
gravidez em atletas femininas de alta competição em Portugal, especificamente, estudar
o medo face à gravidez e os níveis em que este se manifesta. Assim, foram recrutadas 29
atletas inscritas na 1ª e 2ª Divisões Nacionais de Futebol, com idades intervaladas entre
os 19 e 48 anos de idade, de diferentes níveis de competição: Amador, Semiprofissional
e Profissional.
Derivado da escassez de estudos sobre este tema, foi criado um instrumento
qualitativo para dar resposta aos objetivos propostos. O questionário criado consistiu em
duas secções, mais precisamente uma secção composta por 5 questões direcionadas para
atletas que já estivessem estado grávidas e outra, igualmente composta por 5 questões,
direcionada para atletas que nunca tivessem estado grávidas e o desejassem ou
equacionassem.
A análise temática das respostas permitiu perceber que poderão existir medos em
relação à gravidez no meio desportivo, nomeadamente, ao nível físico (alterações
corporais), psicológico (a falta de apoio psicológico), financeiro (a falta de medidas de
proteção) e interpessoal (impacto nas suas relações com o clube e equipa).
Por outro lado, através do manifesto das atletas, poderemos questionar-nos
relativamente à importância que é dada à gravidez no meio desportivo, juntamente com
a falta de conhecimento sobre a mesma e as falhas que existem a diversos níveis no meio
ao redor da atleta.ABSTRACT: Nowadays, pregnancy in sports is not seen as natural and athletes do not have the
necessary support.
Given this fact, the present study aims to study the perception of pregnancy in
high-level female athletes in Portugal, specifically, to study fear of pregnancy and the
levels at which it manifests itself. Thus, 29 athletes registered in the 1st and 2nd National
Football Divisions were recruited, aged between 19 and 48 years old, from different levels
of competition: Amateur, Semi-professional and Professional.
Derived from the scarcity of studies on this topic, a qualitative instrument was
created to meet the proposed objectives. The questionnaire created consisted of two
sections, more precisely a section composed of 5 questions aimed at athletes who were
already pregnant and another, also composed of 5 questions, aimed at athletes who had
never been pregnant and wanted or considered it.
The thematic analysis of the responses allowed us to understand that there may be
fears regarding pregnancy in the sporting world, namely, in physical (bodily changes),
psychological (lack of psychological support), financial (lack of protective measures) and
interpersonal terms. (impact on your relationships with the club and team).
On the other hand, through the athletes' manifesto, we can question ourselves
about the importance given to pregnancy in the sporting world, along with the lack of
knowledge about it and the flaws that exist at different levels in the environment around
the athlete
A existência escondida da violência filioparental
Apresentada no Ispa – Instituto
Universitário para obtenção de grau de Mestre
na especialidade de Psicologia ClínicaA violência filioparental em Portugal, está cada vez a aumentar mais. Verifica-se também que
este tipo de violência está a ter maior visibilidade pela comunidade científica e pelos
psicólogos. A origem da violência filioparental demonstra-se associada aos conflitos
interparentais que os filhos presenciam. Posto isto, este estudo focou-se principalmente em
perceber a correlação entre os conflitos interparentais e a violência filioparental.
Adicionalmente, foi relevante perceber o impacto de se percecionarem como culpabilizados e
triangulados (variáveis mediadoras) nos conflitos interparentais, medeia a relação entre os
conflitos interparentais e a violência filioparental. Além disso, pretendeu-se compreender se
existe uma relação entre os filhos sentirem vergonha interna e externa, e a violência
filioparental. Este estudo é composto por uma amostra de 176 jovens adultos portugueses com
idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos de idades. Esta é uma amostra aleatória e foi
recolhida de forma online, onde foram aplicadas a Escala de Perceção de Conflitos
Interparentais pelas Crianças, Adolescentes e Jovens Adultos, o Questionário de Agressão entre
Filhos e Pais e a Escala da Vergonha Externa e Interna. Os resultados comprovaram que existe
relação entre os filhos vivenciarem os conflitos interparentais e a realização de comportamentos
de violência filioparental. Verificou-se também que os filhos ao se percecionarem como
culpados e triangulados medeiam a relação entre os conflitos interparentais e a violência
filioparental. Estes resultados demonstram a importância deste tema da violência filioparental,
e porque é relevante existir mais literatura sobre este tema em Portugal.ABSTRACT: Child-to-parent violence in Portugal is on the rise. This type of violence is also gaining visibility
in the scientific community and among psychologists. The origin of child-to-parent violence is
associated with the inter-parental conflicts that sons witness. That said, this study focussed
mainly on understanding the correlation between interparental conflicts and child-to-parent
violence. In addition, it was important to understand how the impact of perceiving themselves
as guilty and triangulated (mediating variables) in interparental conflicts mediates the
relationship between interparental conflicts and child-to-parent violence. We also wanted to
understand whether there is a relationship between the fact that sons feel internal and external
shame and child-to-parent violence. This study consisted of a sample of 176 young Portuguese
adults aged between 18 and 30. This is a random sample and was collected online, where the
Scale of Perception of Interparental Conflicts by Children, Adolescents and Young Adults, the
Questionnaire of Aggression between Children and Parents and the Scale of External and
Internal Shame were applied. The results showed that there is a relationship between the fact
that children experience interparental conflicts and their behaviour of filioparental violence. It
was also found that the sons, by perceiving themselves as guilty and triangulated, mediate the
relationship between interparental conflicts and child-to-parent violence. These results
demonstrate the importance of this issue of filioparental violence, and why it is important to
have more literature on this topic in Portugal
Animais de estimação e a saúde mental de estudantes universitários
Dissertação de Mestrado realizada
sob a orientação da Professora Doutora Diana
Frasquilho, apresentada no Ispa –
Instituto Universitário para
obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia Clínica.Os estudantes universitários encontram-se num período de transição importante
com um grande impacto na sua saúde mental. Os benefícios comprovados de ter animais
de estimação no bem-estar psicológico podem ser relevantes para o estudo da saúde
mental desta população. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo estudar a
relação entre o nível de saúde mental dos estudantes universitários portugueses com e sem
animais de estimação, analisando fatores sociodemográficos relevantes. Foi aplicado um
questionário sociodemográfico, uma escala de vantagens e desvantagens de ter animais de
estimação, a escala MacArthur de estatuto social subjetivo e o Inventário de Saúde Mental
a uma amostra de 259 estudantes universitários portugueses. Os estudantes universitários
com animais de estimação apresentaram melhores níveis de saúde mental do que os seus
pares. Foram encontradas correlações positivas entre o bem-estar psicológico e a
promoção de atividade física pelos animais, relações sociais e rotinas diárias, e entre o
distresse psicológico e sentir-se distraído dos estudos pelo animal de estimação e a
ansiedade ao pensar na sua morte. Ter animais de estimação demonstrou ser um fator
preditivo significativo da saúde mental dos estudantes, parcialmente amplificado pelo
Estatuto Social Subjetivo, sugerindo que ter animais de estimação tem um efeito positivo
na saúde mental desta população, principalmente nos estudantes do género masculino. Em
contraste com estudos anteriores, não foram encontradas diferenças significativas no nível
de saúde mental entre os grupos com diferentes números e tipos de animais de estimação.
Sugere-se a futuros investigadores a elaboração de estudos longitudinais para explorar
estes resultados.ABSTRACT: University students are undergoing a crucial transitional phase that significantly
impacts their mental health. The documented advantages of pet ownership on mental well being could be particularly beneficial for better understanding of this population’s mental
health. Thus, the current study aimed to study the relation between the mental health levels
of Portuguese university students with and without pets, while analyzing relevant
sociodemographic factors. A sociodemographic questionnaire, a scale of pros and cons of
pet ownership, the MacArthur Scale of Subjective Social Status, and the Mental Health
Inventory were administered to a sample of 259 Portuguese university students. Results
indicated that university students with pets exhibited better mental health levels compared
to their counterparts, and positive correlations were found between psychological well being and the promotion of physical activity by pets, social relationships, and daily
routines, and between distress and feeling distracted from studies by the pet and anxiety
when thinking about its death. Pet ownership was found to be a significant predictive
factor of students' mental health, with the impact being partially amplified by Subjective
Social Status. These findings suggest that pet ownership has a positive effect on the mental
health of this population, particularly among male students. However, contrary to previous
studies, no significant differences were found in the levels of mental health among groups
with different numbers and types of pets. Future researchers may wish to conduct
longitudinal studies to further delve into these results
Evolutionary and developmental perspectives on accommodation: a comparative study of the early communicative gestures in humans and chimpanzees
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor em Biologia
do Comportamento
apresentada no Ispa - Instituto Universitário no ano de
2023.À medida que começamos a interagir no nosso meio social, torna-se fulcral aprendermos as
regras vigentes e as capacidades necessárias para prosperar, sendo a capacidade de ajustar a
forma como comunicamos uma capacidade chave. Ajustamos a nossa comunicação, consciente
ou subconscientemente, a diferentes níveis, podendo usar vários tipos de sinais ou ajustando
uma ampla variedade de características na forma como os produzimos. Mas se a capacidade de
acomodar é totalmente ou parcialmente derivada da linguagem levanta questões importantes
sobre quais elementos e quando é que estes são ajustados durante o nosso desenvolvimento
individual e na nossa trajetória evolutiva como espécie. Nesta tese, focamo-nos em gestos
devido à sua importância na ontogenia humana e na evolução da linguagem: as crianças
pequenas produzem gestos espontaneamente antes de começarem a usar a linguagem, e outros
grandes primatas usam um vasto repertório de gestos de forma flexível e intencional. Ao
compararmos as interações comunicativas em humanos e em chimpanzés, procuramos perceber
que características e capacidades comunicativas estariam presentes no nosso ancestral comum,
ajudando a elucidar as bases sociocognitivas da linguagem. Até ao momento, poucos estudos
incluem primatas humanos e não humanos, e por este motivo, fazer comparações implica
contrastarmos resultados de estudos diferentes que seguem abordagens distintas, tornando as
comparações desafiantes. Recorremos a uma metodologia semelhante para explorar como os
gestos são acomodados em duas comunidades de chimpanzés e quatro grupos de seres humanos
(crianças pequenas). Dentro deste quadro evolutivo, exploramos quer a capacidade de
acomodar a comunicação de uma perspetiva ampla, observando como os chimpanzés
comunicam em diferentes relacionamentos durante encontros e partidas, assim como em mais
detalhe exploramos os gestos das mães chimpanzés com os seus filhos e outros membros da
comunidade. Descobrimos que aspetos sociais dos relacionamentos, como parentesco e posição
hierárquica, influenciam a probabilidade de comunicação, e que o parentesco molda
características mais subtis dos gestos produzidos, como proeminência e padrões temporais.
Examinamos características detalhadas da comunicação gestual tanto em chimpanzés quanto
em humanos à luz do trabalho realizado na área da Comunicação Dirigida às Crianças (CDC).
As mães chimpanzés ajustaram a sua comunicação em relação aos indivíduos imaturos, mas de
maneiras que diferem dos ajustes que adultos humanos fazem na sua CDC: direcionaram
unidades gestuais mais curtas a indivíduos imaturos e usaram mais repetições quando
comunicaram com filhos mais velhos. Numa perspetiva de desenvolvimento, descobrimos que
a CDC surgiu precocemente antes da linguagem, com as crianças usando um vocabulário
gestual mais simples e fazendo gestos a um ritmo mais lento quando interagindo com colegas
mais novos. Mostramos que a capacidade de acomodar a nossa comunicação, inclusive em
relação a crianças pequenas, está presente na comunicação gestual de chimpanzés e crianças
pré-verbais, sugerindo que esta capacidade não é uma mera consequência da linguagem, mas
representa uma das capacidades fundamentais sobre as quais a linguagem é construída.
Partilhamos esta capacidade de acomodar a nossa comunicação com os chimpanzés, e é
provável que esta estivesse presente no nosso ancestral comum, mas diferentes pressões
seletivas podem ter moldado a expressão desta capacidade nas duas espécies.ABSTRACT: As we begin to interact within our social environment, it becomes crucial to learn the rules and
skills to thrive, and accommodating the way we communicate is a key ability. Humans adjust
their communication, consciously or subconsciously, at different levels by using different types
of signals or adjusting a wide range of features in how they produce them. But whether the
ability to accommodate is fully or partially derived from language raises important questions
about which elements of communication are adjusted, and when different adjustments emerge
during our individual developmental and in our evolutionary trajectory as a species. In this
thesis we focus on gestures because of its importance in human ontogeny and in language
evolution: young children spontaneously gesture before they start using language, and other
great apes use a vast repertoire of gestures flexibly and intentionally. Comparing
communicative interactions in humans and in our modern relatives, chimpanzees, can provide
insight into shared features, and the communicative abilities of our last common ancestor,
helping to elucidate the socio-cognitive foundations of language. To date, very few studies
include both human and nonhuman primates: consequently, making comparisons often relies
on comparing findings from different studies. However, we show that human and nonhuman
gestural research has followed different approaches, making comparisons challenging. We
describe and employ a similar methodology to explore how gestures are accommodated in two
chimpanzee communities and four groups of humans (toddlers). Within this evolutionary
framework we explore both the ability to accommodate communication from a broad
perspective by looking at how chimpanzees communicate across different relationships during
greetings and leave-takings, and the in-depth exploration of the gestural communication of
chimpanzee mothers with their infants and other community members. We found that social
aspects of relationships, such as kinship and rank, influence the likelihood of communication,
and that kinship shapes more subtle features of the gestures produced, such as prominence and
temporal patterns. We examined nuanced features of gestural communication in both
chimpanzees and humans in the light of work on Child-Directed Communication (CDC) in
language. Chimpanzee mothers accommodated their communication towards young
individuals, but in different ways to CDC accommodation in adult use of language: they used
shorter gesture units towards immature individuals and used more repetition towards older
offspring. Taking a developmental perspective, we found that CDC emerged early in ontogeny,
before language, with toddlers using a simpler gestural vocabulary and gesturing at a slower
pace towards younger peers. We show that the ability to accommodate our communication,
including to young individuals, is present in gestural communication of chimpanzees and preverbal children, suggesting that this ability is not a mere consequence of language but instead
represents one of the foundational capacities on which language use is built. We share this
ability to accommodating our communication with chimpanzees, and it was likely present in
our last common ancestor, but different selective pressures may have shaped the expression of
this ability in the two species.Fundação para a Ciência e Tecnologia - FC
O poder da escrita expressiva e da criatividade numa amostra de adolescentes em contexto psicoterapêutico
Dissertação de Mestrado
apresentada no Ispa – Instituto Universitário
para obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia da ClínicaNos últimos anos, a investigação sobre a Escrita Expressiva tem aumentado
exponencialmente, tornando-se uma área em desenvolvimento. No entanto, embora haja
evidência de que a Escrita Expressiva ofereça inúmeros benefícios à população
adolescente, poucos são os estudos que englobam esta em contexto psicoterapêutico,
bem como a vivência dos terapeutas e a importância que esta ferramenta, juntamente
com a Criatividade, pode ter num processo psicoterapêutico. Nesse sentido, o presente
estudo tem como objetivos principais: 1) perceber de que forma a Escrita Expressiva e a
Criatividade podem contribuir para o processo psicoterapêutico de adolescentes e préadolescentes e, 2) refletir sob que condições e patologias a Escrita Expressiva pode
apresentar melhores resultados. A amostra foi constituída por 8 adolescentes e 6
terapeutas. Através da realização das entrevistas aos terapeutas bem como da recolha
dos textos escritos pelos adolescentes, verificou-se que, de acordo com as experiências
narradas, o uso da Escrita Expressiva e da Criatividade produz mudanças significativas
na aliança terapêutica, na condução do processo psicoterapêutico e, consequentemente,
no desenvolvimento cognitivo e emocional do adolescente. Para além disso, a
investigação sugere que a Escrita Expressiva apresenta melhores resultados quando o
adolescente manifesta um quadro depressivo, tenha escrito o texto fora do contexto
psicoterapêutico e este contenha um certo grau de criatividade. De uma forma geral, o
presente estudo oferece um melhor entendimento aos profissionais sobre o uso da
ferramenta da Escrita e da Criatividade bem como a possibilidade dos adolescentes as
utilizarem como estratégias de coping para pensar, elaborar, ressignificar e solucionar
os seus conflitos internos, sendo capazes de se autorregularem fora do contexto
psicoterapêutico
A qualidade de vida nos transtornos de humor: o papel da flexibilidade psicológica
Dissertação de Mestrado realizada
sob a orientação do Professor Doutor
Pedro Almeida, apresentada no Ispa
– Instituto Universitário para
obtenção de grau de Mestre na
especialidade de Psicologia Clínica.Este estudo teve como objetivo investigar a relação entre transtornos de humor e
qualidade de vida, focando a importância da flexibilidade psicológica nesta relação.
Especificamente, foi proposto investigar o papel moderador da flexibilidade psicológica na
relação entre a prevalência de transtornos de humor e qualidade de vida, examinando se altos
níveis de flexibilidade psicológica podem atenuar o impacto negativo dos transtornos de humor
na percepção da qualidade de vida.
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário online aplicado a uma
amostra não clínica de 176 participantes (80.7% sexo feminino), com idade média de 36.01
anos (DP = 16.02). Os instrumentos usados incluíram o Questionário de Autoavaliação de
Hipomania (HCL-32), o Patient Health Questionnaire (PHQ-9), o Psy-Flex (medindo a
flexibilidade psicológica), e a Avaliação Abreviada da Qualidade de Vida da Organização
Mundial da Saúde (WHOQOL-BREF).
Os resultados revelaram uma associação negativa entre transtornos de humor e
qualidade de vida, especialmente qualidade de vida psicológica. Além disso, observou-se uma
associação positiva entre flexibilidade psicológica e qualidade de vida. Adicionalmente, a
flexibilidade psicológica moderou a relação entre transtornos de humor e qualidade de vida,
evidenciando que, para indivíduos com alta flexibilidade psicológica, o impacto dos transtornos
de humor na qualidade de vida foi atenuado.
Os resultados deste estudo destacam a importância da flexibilidade psicológica na
promoção da qualidade de vida e na mitigação dos efeitos negativos dos transtornos de humor.
Isso sugere que intervenções focadas no desenvolvimento da flexibilidade psicológica podem
ser relevantes na melhoria da qualidade de vida em indivíduos com transtornos de humor.ABSTRACT: This study aimed to investigate the relationship between mood disorders and quality of
life, with a focus on the importance of psychological flexibility in this connection. Specifically,
the study sought to explore the moderating role of psychological flexibility in the relationship
between the prevalence of mood disorders and quality of life, examining whether high levels
of psychological flexibility can mitigate the negative impact of mood disorders on perceived
quality of life.
Data collection was conducted through an online questionnaire administered to a non clinical sample of 176 participants (80.7% female), with an average age of 36.01 years (SD =
16.02). The instruments used included the Hypomania Checklist-32 (HCL-32), the Patient
Health Questionnaire (PHQ-9), Psy-Flex (measuring psychological flexibility), and the World
Health Organization's Abbreviated Quality of Life Assessment (WHOQOL-BREF).
The results revealed a negative association between mood disorders and quality of life,
especially psychological quality of life. Additionally, a positive association was observed
between psychological flexibility and quality of life. Furthermore, psychological flexibility
moderated the relationship between mood disorders and quality of life, indicating that, for
individuals with high psychological flexibility, the impact of mood disorders on quality of life
was attenuated.
The findings of this study underscore the importance of psychological flexibility in
promoting quality of life and mitigating the negative effects of mood disorders. This suggests
that interventions focused on developing psychological flexibility may be relevant in improving
the quality of life in individuals with mood disorders
Emoções à flor da pele: O papel das dificuldades de regulação emocional na relação empatia-agressão na população reclusa portuguesa feminina e masculina
Dissertação de Mestrado
apresentada no Ispa – Instituto Universitário para obtenção
de grau de Mestre na especialidade de Psicologia ForenseO presente estudo procurou dar resposta às questões “Existem diferenças entre reclusos/as
portugueses/as nos níveis de agressão, empatia e dificuldades de regulação emocional?” e
“Como se relacionam a agressão, empatia e dificuldades de regulação emocional numa
amostra de reclusos/as portugueses/as?”.
Recorrendo a uma amostra de 281 homens e 88 mulheres, utilizaram-se medidas de
autorrelato para avaliar os construtos de empatia, dificuldades de regulação emocional e
agressão.
Os resultados revelaram diferenças significativas entre reclusos e reclusas somente nos
níveis de empatia global, empatia cognitiva e agressão física. Mulheres pontuaram de modo
significativamente superior nestas medidas de empatia, enquanto os homens evidenciaram
níveis significativamente mais elevados de agressão física.
Foi detetada uma correlação direta significativa entre a empatia e a agressão na
subamostra masculina, efeito inexistente ao nível da amostra total e da subamostra feminina.
De modo geral, detetaram-se correlações significativas entre agressão e dificuldades de
regulação emocional e entre esta última e empatia, incluindo as várias facetas de cada
construto. As dificuldades de regulação emocional mediaram positiva e significativamente a
relação entre empatia e agressão. Este efeito estendeu-se às dimensões afetiva e cognitiva
(esta apenas na amostra total) da empatia.
Estas evidências sugerem que a empatia representa, na verdade, um fator de risco para a
agressão, através do efeito das dificuldades de regulação emocional, o que tem implicações
relevantes perante a intervenção realizada junto desta população, que até agora via a empatia
enquanto fator de proteção, salientando-se a necessidade de uma personalização deste
trabalho, maximizando o potencial de cada indivíduoABSTRACT: This study sought to answer the following research questions: "Are there differences
between Portuguese male and female inmates in their levels of aggression, empathy and
difficulties in emotion regulation?" and "How are aggression, empathy and difficulties in
emotion regulation related in a Portuguese sample of male and female inmates?".
Using a sample of 281 men and 88 women, self-report measures were used to assess
empathy, difficulties in emotion regulation and aggression.
The results revealed significant differences between male and female inmates only in
their levels of global empathy, cognitive empathy and physical aggression. Women scored
significantly higher on these empathy measures, while men showed significantly higher
levels of physical aggression.
A direct significant correlation was detected between empathy and aggression in the male
sub-sample, an effect that did not exist in the total sample and the female sub-sample. In
general, significant correlations were found between aggression and emotion regulation
difficulties and between the latter and empathy, including the various facets of each construct.
Difficulties in emotion regulation mediated positively and significantly the relationship
between empathy and aggression. This effect extended to the affective and cognitive
dimensions (the latter only in the total sample) of empathy.
This evidence suggests that empathy actually represents a risk factor for aggression,
through the effect of emotion regulation difficulties, which has relevant implications for the
intervention carried out with this population, which until now has seen empathy as a
protective factor, thus highlighting the need to personalise this work, maximising the
potential of each individual